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O PS finalmente decidiu abolir as portagens. Uma medida que, em qualquer outra circunstância, teríamos de louvar, dada a sua justiça. Mas não é o caso. Esta atitude de Pedro Nuno Santos é de uma enorme hipocrisia. Porquê só agora retirar as portagens, quando teve oito anos para o fazer na qualidade de governante? Enfim, nada de novo nos “nossos políticos de carreira” …. Pelo que se vê, ao Interior apenas é feita alguma justiça quando os políticos podem retirar dividendos desse acto. O resto são promessas, das quais já estamos fartos.
Vejamos, não sei se alguém se recorda quando, em 2018, na Assembleia da República foi aprovado, por todos os deputados dos partidos com assento parlamentar, a reabertura das candidaturas do pedido do apoio para ajudar a colmatar os prejuízos relativos aos incêndios de 2017. Nesse momento, o Governo do PS “marimbou-se” para a aprovação que até tinha colhido o apoio dos seus deputados.
Lamentável e vergonhosa atitude do anterior Governo. Ainda hoje, os lesados dos incêndios, não sabem para onde foram os cerca de 200 milhões que o Governo de António Costa tinha destinado para combater os efeitos negativos daquela catástrofe (ainda hoje decorrem processos em tribunal). Assim como também não aprovaram a isenção de portagens tão prometidas pela senhora ministra da Coesão Territorial. Foram tantas as promessas que quase não passaram de mentiras, umas atrás das outras. De “Coesão”, no Interior, só ficou a desertificação, o desprezo florestal e agrícola, entre outros. Aumentaram, isso sim, os cemitérios, assim como as placas a dizer “vende-se”. Ficámos sem justiça, sem serviço de saúde, sem acessibilidades e outras valências.
Lamento que o responsável pelo maior partido da oposição diga que fez tudo o que prometeu quando foi ministro. São pessoas que esqueceram rapidamente o passado. Só nesta região, por onde andam os investimentos nos ICs, IP3, entre outras promessas? Qual a razão, quando se faz um investimento avultado, para que a linha da Beira Alta não tenha bitola europeia e sim a ibérica (a Espanha, por exemplo, já tem largos quilómetros em bitola europeia para alta velocidade)? Não sabemos o que estiveram a fazer os elementos do anterior executivo. Como é que se gastam milhões para ficarmos quase na mesma? Mais. Por onde andam as medidas para mitigar os problemas que se começaram a fazer sentir há já alguns anos nas empresas e famílias, quer pelo aumento brutal dos juros ou falta de acessibilidades? Lamento ter tido razão quando chamei, por várias vezes, nestas páginas, a atenção do poder Central e Local para a necessidade de se tomarem medidas para amenizar as dificuldades que já se anteviam. Pouco ou nada foi feito.
Resta-nos manter a esperança. Aguardar que alguém se lembre que nós… também somos portugueses. Pois é, o vento levou tudo para Espanha. Lá nunca se pagaram as autopistas (só as primeiras que foram construídas). Onde estamos e para onde vamos? As vítimas somos nós. Esperemos que o actual Governo dê sinais concretos de que pretende devolver vida ao interior. É que muitos políticos esqueceram-se do povo, mas não se esqueceram deles próprios.
Autor: Fernando Tavares Pereira
