Quem diria que nesta altura o ex-ministro do anterior Governo e actual líder do Partido Socialista vinha manifestar a sua preocupação sobre o problema da saúde do nosso país? Não deixa de ser surpreendente esta atitude de Pedro Nuno Santos que esteve a governar Portugal ao longo de quase toda a última década. Parece ter-se esquecido rapidamente do estado calamitoso em que o seu Governo deixou, não só a saúde, mas também, como é do conhecimento de todos, a educação, a justiça e a confusão nas forças de segurança. Apetece perguntar: quem colocou os hospitais públicos neste estado caótico? Não foi certamente quem há poucos meses chegou ao poder, como pretende fazer crer Pedro Nuno Santos.
Os políticos deveriam ter mais respeito por milhões de portugueses. Há uns anos a esta parte, muita gente tem recorrido ao sector privado da saúde, mitigando o problema e evitando o caos total, depois do legado de António Costa como Primeiro-ministro. Pedro Nuno Santos parece já ter esquecido tudo isso e exige responsabilidades a quem está no poder há alguns meses. Os responsáveis políticos têm memória curta. Prometem quase tudo, esquecendo-se desse discurso mal chegam ao poder, relembrando-o novamente quando o povo os coloca novamente na oposição. Portugal precisa de pessoas que cumpram os seus deveres e obrigações. Todos somos portugueses. Com deveres e direitos. Não pode existir uma elite dotada apenas de direitos e sem deveres para com quem os elegeu.
Esta ausência de memória também se faz notar cá por Oliveira do Hospital. No caso dos ICs 6,7 37, Pedro Nuno Santos e outros ministros que passaram pela tutela das infra-estruturas na última década não fizeram um metro dessas vias. Fico, por isso, espantado que o presidente da Comissão Política concelhia de Oliveira do Hospital do PS venha dizer que esta organização local socialista continuará a reivindicar construção do IC6/7, tal como, diz ele, o tem feito também a Câmara Municipal. Até parece que as pessoas que dizem reivindicar essas infra-estruturas não foram as que estiveram de forma contínua 15 anos no poder autárquico e coincidindo um Governo PS cerca de 12 anos.
É, por isso, ainda com mais espanto que li as palavras de Daniel Dinis Costa a dizer que o anterior Governo deixou dinheiro para executar o IC6/7 e que se não forem realizadas é porque o Governo de Luís Montenegro não quer. Há aqui coisas que não se entendem: se existia dinheiro no Governo anterior, porque é que não foram construídas, sendo a Câmara da mesma cor política de quem liderava o país? Além disso, os ex-ministros Pedro Marques, Pedro Nuno Santos e Ana Abrunhosa vieram cá prometer a realização dessas obras. A verdade é que os ICs não avançaram um metro. Teriam estas pessoas prazer de faltar à palavra dada? Terá sido a CM de Oliveira do Hospital que não soube fazer o trabalho? O discurso do líder do PS de Oliveira do Hospital parece orientado para o dia 1 de Abril.
Temos de lhes lembrar que não devem atirar pedras aos outros quando o trabalho que desenvolveram foi catastrófico para a nossa região. É que, por mais que procure, não vislumbro a execução da maioria das promessas que nos foram feitas quando andavam a pedir o voto. Isto não é democracia. Isto é brincar com o povo. Como podemos acreditar nas pessoas e no futuro. E, sobretudo, é feio, muito feio, atirar o peso das nossas responsabilidades para os ombros dos outros…
Autor: Fernando Tavares Pereira