A infra-estruturas de Portugal (IP) falha primeiro semestre de 2024 para reabertura da linha da Beira Alta. A Linha deveria ter reaberto em Janeiro de 2023, mas fica fechada, pelo menos, até Janeiro de 2025, por causa de dois túneis. Em Trezói (Concelho de Mortágua) e em Mourilhe (Concelho de Mangualde) foram detectados problemas inesperados durante as obras de modernização da linha. Havia, no entanto, a possibilidade de construir duas variantes nos locais, implicando o fecho desses túneis.
As propostas constaram de um estudo preliminar de 2014, elaborado pela Refer, antiga gestora ferroviária. Os comboios deixariam de passar no Túnel de Trezói com a construção de uma variante de 18,8 quilómetros entre o Luso e Mortágua. A obra, então orçada em 110,7 milhões de euros (130,9 milhões aos preços de 2024), iria contribuir para um traçado mais suave, permitindo a circulação de comboios com mais passageiros e carga, baixando os custos por viagem. A opção também implicava o fecho de apeadeiros e a mudança de localização da Estação de Mortágua, servida por comboios Intercidades, avança o DN/Dinheiro Vivo, duas publicações que explicam que a solução ficou para trás e o Túnel de Trezói, de 542 metros de extensão, manteve-se em funcionamento, depois de obras de mais de três milhões de euros em 2017. No entanto, no ano passado, verificou-se que diminuiu a distância entre as paredes do túnel e a altura baixou ligeiramente, denunciou o jornal Público. Agora, serão necessárias novas obras no mesmo local.
Também problemático é o antigo Túnel de Mourilhe, que seria encerrado com a construção de uma variante de 13,3 quilómetros, entre Mangualde e Abrunhosa, no valor de 56,3 milhões de euros (66,6 milhões de euros ao preço actual). Como na outra variante, seria possível aumentar a carga dos comboios de passageiros e de mercadorias. Optou-se pela renovação da via – para baixar os custos de manutenção futuros – e, em Mourilhe, o túnel foi demolido e transformado numa trincheira. Durante a obra, destruiu-se uma rede de canalizações, que escoava a água dos lençóis freáticos. A situação provocou instabilidade na zona e será necessária uma nova intervenção.
A IP, segundo o DN/Dinheiro Vivo, não respondeu às questões que lhe foram colocadas sobre ter deixado de fora a construção destas variantes, a favor das correcções de curva ao longo da linha.
Aos problemas com os túneis junta-se ainda um contrato de 15 de Abril deste ano relativo ao sistema de sinalização de toda a linha, a executar em 11 meses. Há, por isso, novo atraso na reabertura da Linha da Beira Alta: os comboios só devem voltar no primeiro trimestre do próximo ano, cinco anos após o prazo inicialmente previsto no Ferrovia 2020 e mais de dois anos depois da data fixada em Abril de 2022, quando a ligação ferroviária foi suspensa. Esta linha é a principal ligação ferroviária à Europa e está a ser alvo de obras de modernização desde 2019. A reabertura da via esteve prevista para 12 de Novembro de 2023, mas em Setembro último foi anunciado um novo adiamento.