Celorico da Beira, Guarda, Manteigas e Sabugal avançam para criação de empresa intermunicipal de gestão da água…
Celorico da Beira e Manteigas garantiram o financiamento de 150 mil euros para projectos a implementar na zona do Parque da Serra da Estrela que prometem dinamizar o turismo na região. Ao mesmo tempo, Celorico da Beira, Guarda e Gouveia assinaram um protocolo para a construção de uma “estrada verde” de acesso à serra da Estrela. O presidente da CM de Celorico da Beira, Carlos Ascensão, considera, em entrevista ao CBS, fundamentais os acordos intermunicipais. “Queremos criar atractividades em quantidade e qualidade e oferecer facilidades de mobilidade e acessibilidades a quem nos visita”, conta o autarca. “É importante a cooperação entre os vários concelhos para que os turistas permaneçam mais tempo na região”, sublinha Carlos Ascensão que vai no seu segundo mandato eleito pelo PSD. “Os acordos intermunicipais são fundamentais em todas as áreas, desde o turismo, passando pela gestão da água, que irá acontecer com a criação de uma empresa municipal que engloba Celorico da Beira, Manteigas, Sabugal e Guarda”, conta. “Só assim poderemos remodelar as infra-estruturas, como a as condutas que se encontram obsoletas”.
CBS – Qual a importância dos projectos recentemente aprovados para o concelho de Celorico da Beira, Manteigas e Geopark?
Carlos Ascensão – São projectos completares. Aqui, em termos do Fundo Ambiental, tivemos aprovadas as candidaturas de Celorico da Beira, Manteigas e do Geopark. Em Celorico da Beira conseguimos o máximo de fundos, 150 mil euros, que nos vão permitir melhorias, como transformação da escola primária da Rapa em albergue, uma intervenção na pista de descolagem de parapente em Linhares da Beira e a criação e recuperação de trilhos pedestres e cicláveis que vão ligar as nossas aldeias de montanha. O objectivo, no fundo, é criar condições de atractividade para que as pessoas visitem a região. O mesmo será feito pelo município de Manteigas com outro tipo de projecto.
E o protocolo com a Gouveia e Guarda para a criação de uma “estrada verde” de acesso à Serra da Estrela…
É também complementar a estes projectos. Visa as acessibilidades à Serra e a criação de melhores vias e acessibilidades pela entrada zona Norte e Nordeste que tem estado esquecida. O objectivo é atrair as pessoas para esta zona, sendo que uma das acessibilidades será por Linhares da Beira, uma aldeia histórica cada vez com mais visitantes. No fundo o objectivo é criar uma via verde no planalto da Serra que ligue os concelhos de Celorico, Gouveia e Guarda, via Linhares da Beira, Folgosinho e Videmonte. Convém salientar que este projecto será também importante para ajudar no combate aos incêndios.
Estes projectos podem alavancar o turismo nesta região?
Esse é o objectivo. Queremos oferecer mais facilidades de mobilidade e acessibilidades a quem nos visita. Queremos tirar partido da riqueza que existe por aqui. Temos os passadiços do Mondego que têm tido uma afluência bastante de visitantes bastante elevada. Em Celorico já se faz sentir positivamente, principalmente ao nível do alojamento e restauração. A pousada do Inatel, em Linhares da Beira, por exemplo, tem estado cheia todos os fins-de-semana. Com esta melhoria de condições mais visitantes vamos ter. O turismo será, já é, um dos factores de desenvolvimento do território.
É uma das apostas do seu executivo?
Obviamente. É algo que não podemos descurar de forma nenhuma. O turismo de natureza, segurança, tranquilidade e paz, é cada vez mais procurado. O Algarve tem as praias, nós temos um turismo de natureza de excelência que é cada vez mais procurado. Temos paisagens, património histórico-cultural, tradições, gastronomia…. Temos muito para oferecer e o investimento nesta área é fundamental.
Os passadiços do Mondego têm feito a diferença?
Tanto quanto sei neste pouco tempo de existência já tiveram a visita de cerca de 90 mil pessoas. Estando Celorico da Beira aqui ao lado somos beneficiados. Aliás, sou um defensor que nestas coisas deve existir uma política intermunicipal e que devemos regozijarmos com aquilo que os nossos vizinhos fazem, porque aquilo que de bom eles fizerem é bom para nós também. E o importante é criar um conjunto de atractividades entre os vários concelhos. O objectivo é que os turistas venham e que, entre todos, tenhamos uma oferta que os leve a ficar mais tempo. Se ficarem uma noite é bom, duas é óptimo e três é melhor ainda. Temos de ter uma perspectiva de território.
Fala muito no trabalho em rede entre os municípios. É assim tão importante?
Esse é um aspecto importantíssimo, até para ganharmos sinergias. Já o fizemos com o canil e gatil municipal em conjunto com Gouveia. Estamos a fazê-lo ao nível do Turismo e agora estamos a trabalhar num projecto que vai permitir criar um consórcio de gestão da água, envolvendo Celorico da Beira, Guarda, Manteigas e Sabugal. É decisivo para se conseguirem financiamentos e apoios, para obras que implicam investimentos avultados, aos quais só teremos acesso se tivermos escala. Temos de ganhar força. Três ou quatro municípios no mesmo projecto têm uma capacidade reivindicativa muito superior àquela que tem um concelho isolado.
Como será esse projecto?
É algo de muito importante. No fundo será uma empresa intermunicipal que, entre outros aspectos, tratará de gerir o fornecimento de água e do tratamento das águas residuais. Há aqui um grande trabalho a fazer.
Será um projecto semelhante Águas Públicas da Serra da Estrela?
Exactamente. Estivemos envolvidos com Seia, Gouveia e Oliveira do Hospital nesse plano de criação das Águas Públicas da Serra da Estrela, mas na altura não nos era favorável. Agora tivemos de dar este passo. Aqui também o que vai nascer é uma empresa intermunicipal para dar as respostas necessárias para aquilo que são investimentos avultados como a renovação de condutas e recuperação de infra-estruturas que se encontram aboletas.
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É um trabalho absolutamente necessário, particularmente numa altura em que existe cada vez menos água. Mas implica um investimento de milhões e só poderemos conseguir financiamento e apoios apresentando um projecto conjunto. Sabemos que neste momento temos perdas de água na ordem de 50 por cento, em grande parte devido às condutas que não conseguem dar uma resposta eficaz. Temos também de implementar novas tecnologias para ver fugas, desvios, roubos. Há aqui um enorme trabalho também a fazer-se em termos das águas pluviais. E, repito, só com consórcios de vários municípios conseguimos candidatar-nos e conseguir os fundos necessários. Há aqui um grande trabalho a fazer que só é possível unindo esforços.