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Alvoco por inteiro: o futuro que se quer. Autor: João Miguel Pais

Há terras que nos ficam debaixo da pele. Não pelo que são no mapa, mas pelo que nos dão. Pelas memórias, pelas pessoas, pela identidade. Alvoco das Várzeas é, para mim, essa terra. Não apenas o lugar onde cresci politicamente, mas o lugar onde continuo inteiro. Quatro anos depois de ter assumido funções na Junta de Freguesia, continuo aqui. Ao lado da terra e das suas gentes. Com a mesma entrega com que comecei ou talvez com mais.

Muitos, demasiadas vezes, perguntam: com um percurso distrital e nacional, porquê manter esta ligação tão visceral à freguesia? A resposta é simples: foi aqui que tudo começou e porque é aqui que quero continuar a servir, com o mesmo compromisso. Até porque, em cada lugar a que fui, levei Alvoco comigo. Não apenas por sentido de dever, mas porque um lugar nunca saiu do meu horizonte, nem do meu coração.

A política local tem uma força que nenhuma outra consegue igualar. É por aqui que personifico esta missão. É no contacto directo com as pessoas, nos pequenos gestos do quotidiano, que se constrói o verdadeiro serviço público. Foi isso que procurei viver. Recordo tantas conversas, tantos dias de trabalho em equipa com as nossas associações, tantos momentos em que uma palavra ou um gesto valeram mais do que qualquer regulamento ou processo administrativo. Afinal, servir localmente é, acima de tudo, estar presente, escutar e resolver.

Servir localmente é também compreender que uma nova geração pode — e deve — trazer uma nova forma de estar na política: com autenticidade, com proximidade, mas acima de tudo com visão estratégica. Uma visão que já procurámos afirmar e que ainda tem tanto para construir.

É com essa característica que acredito que Alvoco deve afirmar-se nos próximos anos. Não apenas como uma comunidade de aldeia postal, mas como uma freguesia com vida, com identidade, com um projecto claro para o futuro. Essa visão assenta em prioridades que considero fundamentais e que devemos assumir colectivamente como vectores estratégicos para o desenvolvimento da freguesia.

A Cultura deve ser um dos grandes motores da nossa identidade e da nossa projecção. Porque uma terra que conhece e valoriza a sua história é uma terra que sabe afirmar-se no presente e no futuro. Urge que a cultura continue a viver no centro da freguesia: nas exposições, nos debates, nos ciclos de conferências, nos momentos de criação colectiva.

O Associativismo é o coração vivo da comunidade. É nas associações que se cultiva a proximidade, a entreajuda, a memória viva de Alvoco. Respeitando o seu trabalho e ajudando a reforçar o seu papel insubstituível. É aqui que o trabalho em rede, com verdadeira sinergia, pode e deve acrescentar valor, não apenas físico, mas também intelectual e cívico à vida da freguesia.

A Saúde, com respostas adequadas e acessíveis, é uma das chaves da qualidade de vida de todos. A defesa de serviços de saúde de proximidade, o combate ao isolamento, o envelhecimento activo e o reforço da prevenção têm de ser prioridades.

A Literacia, em todas as suas formas — cultural, digital, social e cívica — é uma aposta de futuro. Uma freguesia onde o conhecimento circula, onde se promove o pensamento crítico e onde todos, de todas as idades, tenham acesso a mais oportunidades de aprender e crescer.

Os Serviços essenciais — na educação, no apoio social, na mobilidade, no espaço público — devem ser garantidos com qualidade, com proximidade e com respeito pela dignidade de quem cá vive.

Os Eventos devem continuar a ser momentos de encontro, de celebração e de orgulho colectivo. São eles que tecem os laços entre gerações e que mantêm a comunidade viva, aberta e cooperativa.

As Marcas de Alvoco — o nosso nome, o nosso património, as nossas tradições e a nossa capacidade de fazer bem — devem ser afirmadas com orgulho dentro e fora do nosso território. Alvoco pode e deve ser reconhecida não apenas como um território bonito, mas como uma terra com alma, com história e com voz própria. Uma terra onde a Natureza e a Tradição se enraízam e a partir das quais se constrói um futuro com a sua especificidade.

É esta a visão que me move. Porque Alvoco tem tudo para ser uma freguesia com identidade forte, com vida e com orgulho, mas antes de continuar a sonhar, importa recordar o caminho que já percorremos. Juntos, sempre juntos.

No próximo artigo, partilharei como — ao longo destes quatro anos — procurámos dar mais alma, mais voz e mais presença à nossa terra.

 

 

Autor: João Miguel Pais

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