Em declarações ao Diário de Coimbra, António Lopes mostra-se convicto de que “será possível um entendimento com os independentes” com vista a que “a governabilidade da Câmara e da Assembleia não fique posta em causa”.
O candidato do PS, que saiu vitorioso na noite de 11 de Outubro, sabe que terá de negociar politicamente a sua eleição para a presidência da Assembleia Municipal (AM), uma vez que os socialistas não têm maioria naquele órgão político.
Com oito deputados eleitos e seis presidentes de Junta que terão assento na AM, por inerência do cargo, o PS está em desvantagem relativamente ao PSD, que também elegeu oito deputados, mas fica em maioria com os 11 presidentes de Junta que elegeu.
Neste cenário, os independentes surgem na AM como uma espécie de fiel da balança, já que detêm seis deputados e um presidente de Junta.
Uma palavra a dizer terão também a CDU, com dois elementos, e o presidente da Junta de Freguesia da Lajeosa, que foi eleito pelo movimento independente “Lajeosa Unida”.
Na Câmara Municipal, o PS – com três eleitos – também está em minoria e estará sempre muito dependente do sentido de voto dos independentes que, tal como o PSD, elegeram dois vereadores.
“Estamos numa luta comum”
É em consequência deste contexto político que António Lopes, entrevistado pelo Diário de Coimbra, defende a existência de “acordos pontuais” em nome da estabilidade, até porque o líder do movimento de independentes “Oliveira do Hospital, Sempre”, José Carlos Mendes, já se mostrou indisponível para uma coligação com o PS. “As pessoas não querem, certamente, ficar como odioso da instabilidade (…) tem de haver alguma maleabilidade”, refere Lopes àquele jornal, relevando também o facto de manter uma “relação amistosa” com José Carlos Mendes.
“Estamos numa luta comum”, frisa ainda o cabeça de cartaz do PS, alegando não saber “como é que a CDU se vai posicionar”. Lopes considera que os comunistas estão “mais numa posição de exigir do que de dar”, mas não deixa de frisar que os votos dos autarcas de Vila Franca da Beira e Meruge “podem assumir alguma importância”.
Empresário paga antigas promessas a instituições
Entretanto – e em mais um gesto de benemerência –, António Lopes acaba de entregar um “presente” de 110 mil euros a duas prestigiadas instituições do concelho.
A promessa já era antiga, mas Lopes disse, na altura, que suspendia os apoios que vinha prestando a algumas colectividades do concelho de Oliveira do Hospital, em virtude de, alegadamente, o então presidente da Câmara, Mário Alves, ter afirmado que Lopes “andava a comprar votos”.
Há cerca de 15 dias, o benemérito pegou no livro de cheques e pagou a promessa com um cheque pré-datado para o dia seguinte às eleições autárquicas. O Futebol Clube de Oliveira do Hospital “encaixou” 50 mil euros, enquanto que os Bombeiros Voluntários de Oliveira receberam 60 mil.
Na região onde o conhecido empresário está actualmente sedeado – a Covilhã –, quatro instituições desportivas também foram contempladas.
“É preciso procurar muito, em qualquer sítio do país, para se encontrar alguém com o altruísmo de António Lopes”, escreveu o Jornal do Fundão (JF), na sua edição de 8 de Outubro, dando conta de que “o empresário (do outro lado da serra) mostrou mais uma vez toda a sua generosidade, entregando subsídios a quatro clubes da região durante um jantar realizado em Boidobra”, num montante de 100 mil euros.
“A crise que se abateu sobre todo o planeta também me afectou. Levei uma ripada forte. Felizmente não foi mortal. Nos últimos dias consegui uns negócios novos e estou aqui para entregar não só aquilo que prometi, mas mais dez por cento. Eu logo disse que pagava com juros”, afirmou Lopes, citado pelo JF.