O dia 28 de Abril ficou marcado pelo “apagão” geral! Sim, falhou a energia eléctrica na Rede nacional praticamente entre as 11 horas e 30 e as 19 horas e por mais tempo ainda em certas regiões do nosso País. Ao mesmo tempo, registou-se idêntico “apagão” em Espanha e também em várias regiões de França. Até agora, nunca antes aconteceu um “fenómeno” como este, em escala tão tamanha, geral e (in)visível!
Cá entre nós, também ficámos horas a fio em “desligão” insólito que não houve informações oficiais céleres e mais orientadoras. Uma inadmissível vergonha nacional, diga-se! Enfim, como é costume dizermos, “podia ser ainda pior”, por exemplo, caso a energia eléctrica tivesse faltado 24 horas…30 horas…etc…como chegou a ser anunciado por informadores “espontâneos” que de hoje em dia são aos milhares nas redes sociais…
Aliás, sim, tivemos sorte em o “apagão” não durar mais 24 horas que fosse pois o caos ia generalizar-se com as Pessoas a entrar em pânico social e individual, a competirem entre elas, nas ruas e lojas comerciais, por alimentos, água, transportes, combustíveis, serviços médicos, alguma segurança mais, em suma. Ainda bem que o “apagão” acabou antes de chegarmos a isso…
Pessoalmente, do ponto de vista individual, preocupou-me, vejam bem, ficar sem bateria no telemóvel – tive presente o vazio brutal, quase angustiante, que me provocou a falta de comunicações durante o Fogo Grande de 2017 – e não ter água quente a curto prazo que tenho esquentador eléctrico. “Miudezas” que há 30 anos atrás não me lembrariam como é óbvio…
Mas, ao mesmo tempo, ia reflectindo, muito admirado, acerca da vulnerabilidade, ali posta a nu, dos sistemas de fornecimento de energia eléctrica, afinal uma matéria tão sensível, importante e realmente estratégica. E ela estava a falhar-nos clamorosamente e sem justificações oficiais.
Governo e União Europeia informem-nos sobre o que se passou e sobre que medidas concretas para evitar que a crise se repita!! Sim que aconteceu e que fazer desde já??
Primeiro-Ministro e vários Ministros vieram (tarde) à comunicação social dar uns “palpites” alguns deles não-convergentes. Reuniu até um Conselho de Ministros extraordinário (dia 29 Abril, à tarde) expressamente convocado para discutir a situação.
Entretanto, não ouvi o Presidente da República falar no assunto, quer dizer parece-me que o PR esteve, também ele, em “apagão” o que é inacreditável!…
Ouvi e vi o Primeiro-Ministro de Espanha na televisão (13 horas de dia 29 Abril) esse sim, a dar algumas informações como a de ter acontecido sem aviso prévio uma grandíssima e súbita queda da “alta tensão” na Rede de Distribuição em Espanha que provocou “efeito de dominó” até provocar o “apagão” lá e cá. E assim me esclareceu ele em parte com a confirmação da extrema dependência do fornecimento/trânsito de energia eléctrica vinda de Espanha o que até é insólito dada a imensa propaganda dos sucessivos (des)governos Portugueses em torno da produção hidroeléctrica e eólica e fotovoltaica e dos milhares de milhões de euros que isso tem custado aos Orçamentos do Estado, pelos vistos sem nos garantir a soberania e a segurança nacionais, energéticas, aliás muito longe disso, o que também põe em causa, por aí sim, a segurança nacional e a nossa qualidade de vida !
Nesse contexto, chegam a ser patéticas, embora pretensamente propagandísticas, as “conclusões” do tal Conselho de Ministros divulgadas após este ter terminado, a meio da tarde de 29 de Abril. A “montanha pariu um rato” quando a principal dessas conclusões é a criação, a prazo, de uma “comissão independente” para ir avaliar as causas, mais evidentes diremos nós, do desligar dos sistemas que deu início ao “apagão”.
Mas aquilo que se exige saber – sem mais tretas e desvios de atenção – é afinal o que é que aconteceu no terreno, onde, como e porquê???
Afinal, que medidas concretas é que o Governo e a União Europeia vão tomar para se evitar que venha a acontecer uma situação do género ou ainda pior? Como assegurar a soberania e a segurança nacionais numa matéria tão sensível e tão estratégica como esta da energia, eis a principal questão a esclarecer! Aliás, França e Alemanha já antes disto estavam a tomar medidas para evitar situações como esta que nos aconteceu. Premonitórias…
Entretanto, vi notícias televisivas (20 horas, dia 29 Abril) num dos canais privados onde apenas passaram declarações do Primeiro-Ministro e do líder do PS assim tipo debate eleitoral a dois… Mas nada passaram, por exemplo, sobre o PCP que propôs um debate de urgência sobre o assunto, na Assembleia da República. E assim as televisões fazem o trabalhinho sub-reptício (e democraticamente sujo) de condicionar (“entalar”) as opções eleitorais das Pessoas…
Já agora, o factor fundamental na tomada de decisões públicas não pode continuar a ser o valor dos “negócios” que os grandes interesses económicos exploram à ganância em prejuízo do interesse realmente público e estratégico ! Sim, é preciso alterar a desastrosa prática política de sucessivos (des)governos e da própria União Europeia!!
Faça-se luz!
Autor: João Dinis, Jano