Preservar a sua «memória» também é manter livre aquele espaço
e por aí soltar a nossa vista…e uma terna recordação !…
A sensação é de perda física e afetiva. Aquela velha Tileira – aquela «Catedral em Verde» como já foi chamada – desabou por ela abaixo. O chão aparou-a mas também logo a remeteu para o seu destino «post mortem». A Natureza assumiu a sua força (vento e chuva fortes) e a sua fragilidade (as fibras fragilizadas daquela Árvore). Aquela velha Tileira morreu de pé mas acabou destroçada e sumida. É a vida.
E agora ?
Agora, a vida continua. Agora, ao olharmos para aquele espaço, não vemos lá a velha Tileira mas ela mantém-se nítida na nossa lembrança que a conhecíamos bem, há tantos anos. Sim, nós que a conhecemos, que experimentámos a sua sombra, nós não nos vamos esquecer dela. Mas quem nunca a viu ali não lhe vai notar a falta, mesmo no calor do Verão. É assim.
E, depois, aquela velha Tileira, simplesmente, é insubstituível !
Poderá haver quem ache que, ali mesmo, deve ser plantada uma ou duas árvores novas, preferencialmente uma nova Tileira. É natural pensar assim.
Porém, eu acho que, agora, o melhor mesmo é deixar aquele espaço livre para por aí soltarmos as nossas vistas. Sobre aquele bonito conjunto arquitéctónico formado pelos edifícios da Igreja Matriz e da Câmara Municipal. Afinal, continua a haver por ali outras árvores capazes, designadamente, de produzir sombra, no Verão.
Enfim, aquele espaço urbano, agora, «respira» melhor em perspetiva agora mais liberta.
Até sempre, velha Tileira !
Autor: Carlos Martelo