E que me desculpem alguma coisinha.
Sendo já uma tradição do nosso Município, aí temos aprovadas na última sessão da Assembleia Municipal de Oliveira do Hospital (dia 27 de Setembro) e sob proposta da Câmara, as Condecorações de personalidades Oliveirenses que, é suposto pelo menos, se distinguiram pela positiva das demais e que vão ser homenageadas a 7 de Outubro, na cerimónia evocativa do «Dia do Município de Oliveira do Hospital».
Em geral, não se trata daqueles maiores que «por obras valerosas se vão da lei da morte libertando» mas quase… Quer dizer, não se deve encarar o processo de ânimo leve o que implica não deixar que estas Condecorações Municipais se banalizem o que não sendo fácil que todos os anos há Condecorações para atribuir, todavia é possível e desejável não as banalizar.
O processo conducente à selecção e aprovação, para o efeito, de «nomes» de pessoas e instituições, um tal processo requer cuidados e conhecimento detalhado dos méritos a considerar, caso a caso. Também por isso, é aconselhável recolher vários contributos, de outros cidadãos em representação também de outros partidos para além do PS, inclusive ao nível da proposta inicial e também de avaliação dos «candidatos» medalháveis no «Dia do Município». Os assim «eleitos» devem pois recolher o mais amplo consenso, político e social.
Ora, não terá sido o que aconteceu da parte da maioria PS na Câmara, embora até já antes tenham feito isso, disseram-nos. Entretanto, deixou de haver essa prática democrática. Apesar de tudo, disseram-nos ainda, admitiram umas sugestões (dois «nomes») avançadas por alguém que se intrometeu no assunto e as «forçou»… Enfim.
E dizia-me um conhecido meu: «amor com amor se paga»…
Pois então, da lista dos «medalháveis» constaram dois outros «nomes» que suscitam alguma controvérsia. Trata-se de dois ex-vereadores em anteriores Executivos Municipais de maioria PSD e que alinhavam publicamente neste partido até 2009, sendo que um deles até foi mesmo presidente da comissão política concelhia do PSD e até foi vice-presidente da Câmara por este partido.
Porém, nas eleições autárquicas de 2009, posicionaram-se ambos (cada um à sua maneira) contra a candidatura oficial do PSD à Câmara Municipal de Oliveira do Hospital e não mais voltaram a dar indicações, pelo menos públicas, de terem regressado, em Oliveira do Hospital, ao seu partido de origem, o PSD. Aliás, um deles tem até participado ativamente em várias e posteriores campanhas eleitorais do PS com apoio incondicional e empenhado às candidaturas à Câmara do atual presidente da Assembleia Municipal, o qual também é suposto ter agora dado opinião, quiçá feito proposta, para a seleção dos «medalháveis – 2024»…
Quer dizer, as pessoas em causa têm os seus méritos pessoais. Mas para efeitos de condecoração municipal e como o processo se desenrolou de forma pouco transparente e participada, mais parece recolherem também uma espécie de agradecimento público do PS em Oliveira do Hospital por, ambos, afinal terem dado importante contribuição para a derrota eleitoral do PSD nas autárquicas de 2009 e para a correspondente vitória do PS em Oliveira do Hospital e do seu principal candidato à Câmara, aliás uma situação que se repercute ainda hoje e vamos a ver o que acontecerá para o ano nas próximas eleições autárquicas… Tem razão o meu conhecido : é mesmo como aquela máxima do «amor com amor se paga»…
Pois pelo menos tão mau ou ainda pior que banalizar as Condecorações Municipais, será querer partidarizá-las e obter disso benefícios eleitorais através de actos tão singulares em que o mais amplo consenso deve ser preparado, obtido e respeitado, o que, devo enfatizar, não aconteceu devido à posição setária e oportunista do PS em Oliveira do Hospital.
Indicam uma indesejável falta de consenso as votações nome a nome das duas personalidades em causa.
As votações obtidas, em voto secreto e nome a nome dos «candidatos», deram um resultado semelhante. Pois, segundo me informaram via comunicação social, em 30 votos possíveis, só recolheram 22 votos a favor o que implicou não obterem mais os 8 votos possíveis com estes divididos entre votos contra e abstenções em cada um dos dois casos em análise. Isto significa que houve 26% dos votantes, na sessão da Assembleia Municipal, e nota-se nisto a falta de consenso, que não quiseram dar o seu voto a favor aos dois agora «medalháveis» no 7 de Outubro.
Uma questão se põe agora à consciência deles, dos dois «medalháveis» : perante a manifesta falta de consenso que, por este ou por aquele motivos, revelou a votação dos seus nomes em Assembleia Municipal, perante isso, será que aceitam mesmo a sua condecoração municipal a 7 de Outubro ? Com toda a franqueza, nós não a aceitaríamos e desculpem lá alguma coisinha.
Autor: Carlos Martelo