“Lado a lado”. É desta forma que a Escola Superior de Tecnologia e Gestão de Oliveira do Hospital (ESTGOH) e a BLC3 – Plataforma para o Desenvolvimento da Região Interior Centro se vão passar a posicionar.
As duas entidades consideradas de referência no concelho de Oliveira do Hospital procederam, ao início da tarde de hoje, à assinatura de dois protocolos de cooperação para criação e desenvolvimento de unidades de investigação e um terceiro protocolo para o desenvolvimento de atividades de formação especializada e avançada.
Para João Nunes, presidente do Conselho de Administração da BLC3, a formalização dos protocolos reforça a estratégia de desenvolvimento do concelho e da região, que já vinha sendo seguida pela estrutura e configura também o “reconhecimento das qualidades da ESTGOH” para a prossecução daquele objetivo.
Recém empossado na presidência da ESTGOH, Carlos Veiga, encarou a assinatura de protocolos como um passo no “sentido de reestruturar e tentar afirmar a escola como projeto regional, alicerçado nas condições de Oliveira do Hospital e condicionantes do interior”. Para o responsável da escola, em quem há três meses foi “colocado um menino nas mãos” a ligação entre a ESTGOH e a BLC3 “ é o que de melhor se poderá fazer na região”, tomando por base o objetivo maior de “qualificar recursos, produzir conhecimento e criar emprego”.
“É este o nosso projeto”, constata esperançoso o presidente da ESTGOH, notando a mais valia dos dois interlocutores neste processo, a Câmara Municipal e o Instituto Politécnico de Coimbra (IPC). Carlos Veiga fala de uma “proximidade” a nível interno e externo e que vai possibilitar à escola “começar a trabalhar e a fazer mais”. O responsável referiu em concreto a candidatura a dois novos cursos para a ESTGOH, um dos quais, ajustado à realidade da BLC3. O objetivo, clarifica o responsável pela escola, é de que a ESTGOH e a BLC3 passem a ser vistas como uma única entidade que “qualifica, produz conhecimento e o transfere para as empresas”.
“É a esperança de que isto é um virar de página na vida da ESTGOH”
Em Oliveira do Hospital para falar do “futuro” da ESTGOH, o presidente do Instituto Politécnico de Coimbra reconheceu a importância dos protocolos assinados com a BLC3. “A viabilidade da escola faz-se pela integração na comunidade e pelo interesse que a comunidade vê nesta escola”, começou por comentar Rui Antunes, que tendo em conta o interesse até aqui manifestado pela Câmara Municipal e a importância que a BLC3 tem no concelho e na região, não tem dúvidas de que hoje foi dado um “passo decisivo”, a somar a outros que “terão que ser dados”.
Sanado que está o diferendo entre presidente do IPC e autarquia local, Antunes realçou, hoje, a política do IPC em conferir maior autonomia às escolas que lhe estão afetas, e que é entendida como “positiva”, tendo até dado alguns resultados, como os protocolos hoje firmados. Neste domínio, Rui Antunes, apreciou o trabalho que tem vindo a ser desenvolvido pelo atual presidente da ESTGOH numa postura de “garantir a estabilidade e sustentabilidade da escola”.
“O senhor presidente sabe o que está a fazer”, notou, confiante de que apesar dos cortes nas dotações orçamentais – o IPC sofreu corte de 1,2 por cento – a ESTGOH, bem como a Escola Superior Agrária, terão condições para passar a ser notícia, não pelos problemas que enfrentam , mas pelo “emprego que geram”.
Otimista, Rui Antunes encarou a união hoje estabelecida entre a ESTGOH e a BLC3 como a “esperança de que isto é um virar de página na vida ESTGOH”, na certeza de que a escola iniciará “um período de crescimento”.
“Hoje dá-se aqui o pontapé de saída”, considerou, entretanto, o presidente da Câmara Municipal de Oliveira do Hospital que certo das potencialidades da BLC3 – “alguns politiqueiros e corriqueiros não percebem o que isto é”, lamentou – acredita que a ligação à ESTGOH vai potenciar um “ciclo de crescimento que, no futuro, terá pouco a ver com atual tecido empresarial”, numa linha mais vocacionada para a “investigação”.
“A ESTGOH e a BLC3 serão irmanadas e terão relações muitos fortes”, registou José Carlos Alexandrino que, no propósito de desenvolvimento de um projeto estratégico para a região, desafia as estruturas ligadas ao conhecimento e à investigação a realizarem um trabalho de “motivação”. “É preciso ter cursos que criem motivação”, concretizou o presidente que quer chamar a massa jovem ao concelho, numa clara intenção de “combate à desertificação”, tal como já é propósito da BLC3.
Neste trabalho de afirmação da ESTGOH, José Carlos Alexandrino realçou o trabalho do novo presidente da escola que, com a equipa que o acompanha, “trouxe estabilidade que não existia anteriormente”, conseguindo retirar a escola da comunicação social. “Quero que a escola seja notícia por boas práticas e não por lutas”, referiu o autarca, dando como sanados os conflitos com o presidente do IPC. “Não há aqui pedras no sapato, espero que seja um aliado e um parceiro”, frisou José Carlos Alexandrino.
Elemento integrante da equipa da BLC3, a título de “voluntariado”, António Campos considerou estar em causa a oportunidade de desenvolvimento do interior, onde “está tudo por fazer”. “Os jovens têm aqui oportunidades fantásticas”, registou António Campos que, apostado que está em “trazer jovens e massa cinzenta” para o interior, pretende inverter o atual cenário a que se assiste no concelho e na região, onde “as maiores instituições são os lares de 3ª idade”. “Não podemos aceitar”, frisou.