Home - Opinião - “Centro de Celebração do Pastoreio e do Queijo da Serra Tradicionais” em Vila Franca da Beira, Oliveira do Hospital. Autor João Dinis, Jano

“Centro de Celebração do Pastoreio e do Queijo da Serra Tradicionais” em Vila Franca da Beira, Oliveira do Hospital. Autor João Dinis, Jano

É uma proposta e também uma nossa reclamação instalar este “Centro de Celebração do Pastoreio e do Queijo da Serra Tradicionais”. Será esta uma designação um pouco extensa, quiçá pretensiosa mas também assim mais elucidativa acerca dos objectivos principais a atingir com o  projecto a elaborar e a operacionalizar. De qualquer forma, a designação a adoptar não é o essencial.

No contexto, mais que “interpretar” estas actividades, pretende-se celebrá-las mantendo sempre estreita comunhão com a Natureza embora sem deixar de recorrer às modernas tecnologias.

Trata-se pois de defender e promover o nosso património gastronómico, cultural, ambiental e paisagístico, também enquanto património interdependente e identitário.  E o nosso Mundo Rural, a Região  e as suas Gentes também muito perdem com o seu desaparecimento e, por isso, também só podem ganhar com o seu desenvolvimento sustentado.

 “Centro de Celebração” a instalar em Vila Franca da Beira. Zona da Cordinha – Oliveira do Hospital.

A aldeia de Vila Franca da Beira é ancestral e tradicionalmente um Lugar de Pastores e Produtores(as) de Queijo da Serra em especial na sua variante de “queijo de ovelha curado “, a que podemos acrescentar “tipo Serra” (da Estrela).  Ainda hoje lá há sete rebanhos, com um total na ordem das 600 cabeças distribuídas por pequenas e médias explorações pecuárias de tipo tradicional/familiar. Há duas queijarias tradicionais a produzir Queijo de Ovelha Curado, uma destas certifica o “Serra da Estrela”, e a produzir Requeijão, com rebanho próprio (e pastoreio) e uma outra Queijaria também familiar que compra leite aos Pastores da zona para o processar.

A influência cultural destas actividades sócio-económicas é de tal força que a Santa Padroeira de Vila Franca da Beira é a Santa Margarida, aliás a Santa de devoção dos Pastores, também por isso erigida a Padroeira desta Povoação. É uma Santa Mártir que terá sido pastora em vida. Aliás, segundo uma lenda local, Ela terá mesmo aparecido, em figura, num outeiro sobranceiro à Povoação e que o povo chama de “Outeiro da Santa Margarida”.

Portanto, as raízes antropológicas desta Aldeia, mergulham fundo na Pastorícia e na produção de Queijo e Requeijão de Ovelha. Até há algumas décadas atrás, também se produzia da (boa) Manteiga de Ovelha.  Como actividade associada e complementar continua a da produção de Borrego e mesmo de alguns Cabritos que, por aqui, é hábito manter algumas Cabras (e Bodes) nos rebanhos de Ovelhas.

Ao mesmo tempo a zona da Cordinha, a Norte do concelho de Oliveira do Hospital e que, para este efeito, se pode estender a algumas Freguesias de Concelhos vizinhos, é uma mini-região onde continua a haver uma concentração ainda significativa de Pastores, de Rebanhos de Ovelhas Bordaleiras e respectivas pastagens que o “maneio” dos efectivos é parte determinante para o seu aproveitamento em qualidade.

Ou seja, instalar este “Centro de Celebração do Pastoreio e do Queijo da Serra Tradicionais” em Vila Franca da Beira, começa por ser obviamente justo e segue uma lógica de descentralização.  Afinal, dentro da Cidade não há Pastores, Rebanhos e pastos…

Edifício da (ex) Escola Primária local tem boas condições para acolher este “Centro de Celebração”.

Este é um bom edifício devoluto, público, a cargo da Câmara Municipal de Oliveira do Hospital. É também um Edifício muito característico na sua traça e na sua sólida estrutura.  Aliás, é mesmo emblemático.  Por isso, também merece uma utilização com acesso público, digna e mesmo formativa, integrada na prossecução dos objectivos deste projecto.

O Edifício tem área suficiente – 4 grandes Salões – bem separados e até tem anexos e um Parque de Recreio e Lazer contíguo.

Com algumas adaptações e a instalação de equipamentos específicos, pode de facto acolher, em permanência, exposições físicas e informatizadas, incluindo de tipo interactivo, bem como acolher e assinalar demonstrações pertinentes e apropriadas, embora de circunstância, das actividades e produções já aqui descritas e a celebrar e promover a partir da tradição, dos saberes e sabores em causa e dos seus protagonistas directos.  Uns e outros disponíveis no presente, rumo ao futuro.  Em complemento, também poderá enquadrar uma recolha de utensílios tradicionais de uso agrícola e rural

Então, cabe à Câmara Municipal de Oliveira do Hospital, mesmo à CIM, Comunidade Intermunicipal da Região de Coimbra, abalançarem-se a um projecto como este e buscar os apoios públicos (e até privados) necessários para o aperfeiçoar e concretizar.  Há seguramente hipóteses de candidaturas a programas institucionais desde logo para se obter  fundos comunitários, de entre outros.

Sim, há que celebrar para melhor partilhar, preservar e promover o que temos de melhor e mais genuíno !

 

 

 

 

Autor: João Dinis, Jano

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