A Câmara Municipal de Celorico da Beira vai aplicar a totalidade dos 500 mil euros do subsídio reembolsável do Programa de Eficiência Energética da Administração Pública (ENE2020) na substituição de metade das tradicionais luminárias públicas do concelho por modernos sistemas LED. Esta intervenção irá permitir uma poupança 154 mil euros por ano na factura da luz do município. Mais de um milhão de euros na próxima década. A autarquia optou mesmo por incluir os 250 mil euros desta verba, que o executivo anterior pretendia alocar à eficiência energética das piscinas municipais, no projecto da rede de iluminação pública. Ao mesmo tempo deixou a garantia de que o estudo de requalificação das piscinas municipais vai avançar de imediato e poderá beneficiar das verbas libertadas pela poupança gerada por esta obra que tem apenas um custo directo de 25 mil euros para os cofres da autarquia.
A decisão de ampliar a rede LED das luminárias públicas, em detrimento de investir metade da verba na eficiência energética das piscinas, foi tomada depois de o executivo verificar que não existiam garantias de que este investimento fosse suficiente para resolver em definitivo os problemas daquela infra-estrutura que se arrastam há mais de uma dúzia de anos. O presidente da autarquia, Carlos Ascensão, entende que a solução daquelas instalações terá de ser definitivo e carece de estudos sérios que não podem ser feitos em meia dúzia de dias. Já o projecto de eficiência energética para aceder aos 500 mil euros terá de dar entrada no POSEUR – Centro 2020 até ao final de Abril. A parte económica, porém, mostrou-se fundamental na opção, uma vez que esta intervenção, segundo os dados do executivo, permitirá uma poupança anual duas vezes superior à energia necessária para manter no futuro as piscinas em funcionamento (a autarquia irá poupar 154 mil euros anualmente e o consumo das piscinas renovadas rondará os 70 mil).
“O espaço das piscinas vai remodelado o mais rapidamente possível. Vamos dar de imediato andamento a esse processo. Mas os dados que temos neste momento não nos ofereciam garantias que, depois do investimento dos 250 mil euros, as piscinas não tivessem de encerrar novamente ao fim de dois meses ou meio ano”, explica Carlos Ascensão, para quem o importante não é o dia de amanhã, mas sim o futuro. “A intervenção a realizar nas piscinas terá de ser a melhor. Com um estudo sério, cuidado, eficaz e que requalifique todo o espaço. Temos de aprender com os erros do passado”, frisa, numa alusão às intervenções feitas nos últimos 12 anos, [“provavelmente com a melhor das intenções”, refere], que consumiram recursos públicos e que nunca permitiram a reabertura daquela infra-estrutura.
O autarca afirma ainda que as piscinas são um equipamento social absolutamente necessário ao concelho, apesar de reconhecer que existem opiniões avulsas divergentes. “Para o executivo, e para o seu presidente em particular, este é um equipamento fundamental. Quanto à decisão, tinha de se tomar uma opção e foi tomada. Prefiro ser criticado se eventualmente demorar mais algum tempo, nem que seja um ano ou ano e meio, do que despejar lá dinheiro de todos nós e não resolver o problema”, enfatiza.
Novas tecnologias em nome do futuro
Os 500 mil euros do projecto de gestão de eficiência energética vão permitir à Câmara Municipal trocar cerca de 3500 luminárias tradicionais, das sete mil existentes no concelho (no total consomem 440 mil euros anuais de electricidade), por unidades de iluminação tipo LED, permitindo obter mais de 70 por cento de poupança de energia eléctrica. Com esta nova tecnologia, a factura anual paga pelo município nas luminárias intervencionadas passará de 220 mil euros para 66 mil euros, com o subsídio de meio milhão de euros a ser reembolsado com 70 por cento da poupança conseguida anualmente em energia. E a previsão aponta para um reembolso total ao fim de quatro anos e seis meses.
Neste período, apenas 30 por cento daquilo que resulta em economia fica no município. Assim, após a devolução obrigatória anual da parte do financiamento e contabilizando os cinco por cento de capital próprio que a autarquia tem de colocar no projecto, logo no primeiro ano, a Câmara ficará em caixa com 27200 euros de “lucro”. Este valor aumentará para mais de 46 mil no ano seguinte, passando para 84 mil no quinto. A partir do sexto ano, já com a totalidade do investimento pago, o município passa a ter anualmente menos 154 mil euros de factura energética. Este, dizem, é o caminho a seguir por uma autarquia endividada em 16 milhões de euros, com um orçamento de dez milhões e que aguarda a aprovação do plano de saneamento financeiro.
A tecnologia LED tem sido uma das apostas de vários municípios. Os estudos apontam várias vantagens na troca pela iluminação convencional. Uma delas é a poupança. Se compararmos um projecto feito com 200 lâmpadas de vapor de mercúrio e outro por luminárias de LED, verifica-se que pode gerar uma economia de, aproximadamente, 30 megawatts anuais. Isto representa um grande benefício para qualquer município que pode utilizar a verba para suprir outras necessidades da população.
Uma instalação de LED em qualquer ambiente requer também muito menos manutenção, já que sua vida útil é muito maior que a das lâmpadas de vapor de mercúrio. Os LEDs na iluminação pública, referem os estudos, geram mais conforto visual, contribuindo para que os indivíduos possam ter um melhor desempenho visual do que acontece no ambiente. Outro ponto de destaque é que esse tipo de tecnologia pode obter altos índices de reprodução de cor (IRC), ou seja, mesmo de noite a iluminação é muito mais completa. Em ruas e avenidas, principalmente em horas de pouco movimento, esse factor pode ser decisivo para que se evitem atropelamentos ou outros acidentes nas vias públicas.