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O comandante dos Bombeiros Voluntários de Santa Comba Dão, Diogo Correia, apresentou a demissão na passada sexta-feira, alegando a existência de problemas “graves e inaceitáveis” na corporação. No entanto, a autarquia garantiu esta segunda-feira que estão asseguradas “todas as condições para a execução das missões de protecção e socorro”.
Numa carta enviada à corporação, a que a agência Lusa teve acesso e que é citada no site Noticias ao Mminuto, Diogo Correia justificou a sua saída, com efeitos imediatos, apontando diversas falhas estruturais e operacionais. Entre os problemas referidos, destacou a existência de “veículos operacionais com inspecção periódica caducada há mais de um ano e que continuavam a prestar serviço como se estivesse tudo legal”, bem como a falta de efectivos e de equipamentos adequados.
O agora ex-comandante sublinhou que, além da saída sucessiva de elementos ao longo dos anos, sem que fossem analisadas as razões para tal, “mais de metade dos bombeiros que permaneceram na corporação não tem formação válida” e, nos últimos dois anos, “nem avaliação teve, o que impede o normal acesso à progressão na carreira”.
Na carta, apontou ainda “problemas organizacionais” como operacionais que julgavam estar no quadro de honra, mas que afinal estavam no activo, e casos de bombeiros penalizados disciplinarmente por não cumprirem o ciclo operacional, enquanto outros, estando no activo, “nem sequer eram escalados e continuavam a estar aptos para o serviço”.
Diogo Correia referiu também a existência de “homens e mulheres altamente desmotivados, sem equipamentos adequados e com fardamento desgastado”, revelando que chegou a ceder o seu próprio material para garantir a segurança dos elementos da corporação. “Pedi inclusive botas emprestadas ao corpo de bombeiros vizinho para que um elemento da Equipa de Intervenção Permanente pudesse ter segurança na sua intervenção”, afirmou.
Em comunicado divulgado esta segunda-feira, o presidente da Câmara Municipal de Santa Comba Dão e responsável máximo da Protecção Civil Municipal, Leonel Gouveia, assegurou que “os equipamentos encontram-se em perfeito estado de prontidão” e tranquilizou os munícipes, garantindo que “os Bombeiros Voluntários de Santa Comba Dão estão em perfeitas condições de executar todas as missões de protecção e socorro no sentido de proteger pessoas e bens”.
Na mesma carta, Diogo Correia lamentou a falta de confiança da população na corporação, considerando que os bombeiros não têm dado a resposta necessária, não só em situações de emergência, mas também no apoio social e na ajuda aos mais vulneráveis.
“Sempre que tentei interagir com a população ou com algumas instituições e empresas, o que mais ouvi foi que tinha de ter um discurso de reconciliação, porque, por um motivo ou outro, as pessoas estavam descontentes e não se sentiam acarinhadas e acolhidas pelo seu corpo de bombeiros”, referiu. Contudo, disse ter sido “enxovalhado e humilhado” internamente por tentar melhorar essa relação.
“Apesar dos meus esforços para que tudo se começasse a endireitar, o que é certo é que, interna e externamente, continuam a colocar pedras num caminho que só por si já é extremamente complicado, sendo humilhado diariamente na praça pública”, acrescentou.
Já o presidente da direcção dos Bombeiros Voluntários de Santa Comba Dão, Pedro Gonçalves, remeteu para mais tarde um comentário sobre o pedido de demissão e as questões levantadas pelo ex-comandante.
