Os «sintomas» já vêm de trás mas agora passam de sintomas a autêntica doença de tipo funcional e interdependente entre o PS e a Autarquia Municipal de Oliveira do Hospital que este partido domina.
Vamos esclarecer que a situação não nos surge no quadro das ilegalidades ou da corrupção material. Não é disso que se trata neste escrito. Trata-se da «confusão» – hesitámos em chamar-lhe de «promiscuidade» – entre a maioria dos membros da atual concelhia do PS e eleitos e/ou «funcionários» ao serviço da Câmara.
Na recente eleição para a Concelhia do PS em Oliveira do Hospital, foram eleitos «funcionários» camarários – um deles é mesmo o novo Presidente da Concelhia – que estão a trabalhar na Câmara por terem a «confiança política» do Presidente da Câmara. Acontece que, muito provavelmente (se estivermos enganados desmintam-nos com números…), auferem um salário «municipal» bem superior ao que aufeririam no exercício das respetivas profissões. Quer dizer, a «confiança política» é bem recompensada monetariamente e por essa via também gera «cumplicidades» partidárias e mesmo individuais…ou não?… E o mesmo acontece com alguns dos eleitos pelo PS a «tempo inteiro» na Câmara (Presidente e Vereadores) …ou não?…
Está, entretanto, montada uma situação contraditória em si mesma:
Os «funcionários» municipais em causa – que agora também são dos principais dirigentes do PS em Oliveira do Hospital – dependem, na Câmara, da «confiança política» do Presidente mais dos Vereadores eleitos pelo PS. Ora, em caso de conflito partidário, o PS e seus principais dirigentes podem retirar a «confiança política» no Presidente da Câmara ou em qualquer dos Vereadores eleitos pelo PS. Quer dizer, cada um deles – eleitos pelo PS – pode vir a ser contestado por outro elemento – dirigente do PS – e vice-versa nas mesmas pessoas. De facto, na respetiva composição política e partidária, a Câmara Municipal «confunde-se» com a composição da Concelhia do PS em Oliveira do Hospital e assim entrecruza as suas interdependências funcionais…
É a tal «confusão» funcional (que outros chamariam de «promiscuidade» …)
«Elas cá se fazem…cá se pagam!» – e já por cá assim aconteceu…
Esta «confusão bi-polar» – entre o aparelho partidário do PS e Câmara Municipal – contém em si própria os genes da sua própria decomposição. Em caso de conflito, os problemas internos da maioria partidária PS na Câmara, entram todinhos dentro da direção local do PS – e vice-versa – através dos seus principais dirigentes locais e, ao mesmo tempo, «dirigentes» municipais por eleição ou por confiança política e partidária…
As repercussões serão inevitavelmente prejudiciais também ao Município e à sua População.
Diz o ditado que «elas cá se fazem…cá se pagam» o que nem sempre acontece, mas acontece muitas vezes. Aliás, aconteceu ao principal adversário partidário do PS em Oliveira do Hospital, o PSD, sobretudo entre 2005 e 2009.
De facto, a violenta querela interna na direção concelhia do PSD à época – que «rachou» a meio esse partido em Oliveira do Hospital em duas candidaturas autárquicas concorrentes – acabou por abrir a porta à «curta» vitória eleitoral autárquica do PS em 2009, a qual vitória abriu caminho a posteriores e bem maiores vitórias eleitorais deste partido.
É também claro que sobretudo nesse mandato autárquico do PSD – de 2005 a 2009 – o Município e o prestígio da democracia saíram bastante prejudicados em consequência dessa tal violenta querela partidária e também pessoal.
Portanto, pode perfeitamente acontecer que, no futuro já próximo, venhamos a assistir a algo de parecido com o PS local. E se assim for, temos pena, mas, entretanto, fizeram por o merecer… salve-se o nosso Município e nós também!
Autor: Carlos Martelo