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COVID-19, dia 10 de Abril (no reason to worry about). Autor: Carlos Antunes

Certamente, todos hoje se questionam sobre o número de casos confirmados e sobre se passámos efectivamente o pico da curva epidémica de casos novos. Pois, em princípio, não é motivo para alarme ou preocupação. Claro que isso não invalida nem significa que possamos baixar a guarda. Temos de continuar firmes e determinados nas medidas de emergência, nas medidas de supressão do contágio.

Ora vejamos, tal como referi no post de 5 de Abril, baseado nos casos de outros países, a dada altura, quando a rede de diagóstico é reestruturada e readaptada para esta realidade de quantidade elevadíssima de testes RT-PCR, passamos a ter maior capacidade de diagnóstico de testes Covid-19, maior capacidade de realizar mais testes, e muito dos casos que estavam à espera de resultados saem todos de uma só vez. Certamente se lembrarão da celebre expressão do CR7 “golos são como o Ketchup”, de um momento para o outro saem todos de uma vez.

Então, vamos admitir que até dia 9, com reporte de hoje, foram confirmados 15472 casos e que os casos novos foram devidamente atribuídos (distribuídos) pelos dias em que foi feita a colheita da amostra com a zaragatoa. Por hipótese, se fizermos essa redistribuição dos casos iremos ter uma série (diferente da que é reportada oficialmente) sem grandes oscilações diárias, mais uniformemente contínua, mas sem alterar o número total de casos infectados acumulados. Ora essa série de casos dá-nos a curva epidemiológica corrigida dos atraso na realização dos testes (3º gráfico). Se analisarmos essa curva constatamos que o pico permanece definido entre 31 de Março e 6 de Abril, tal como a série não corrigida e cheia de oscilações diárias.

Em termos epidemiológicos, os modelos matemáticos trabalham com a série de casos à data dos sintomas e corrigida dos atrasos das notificações. Ou seja, um doente infectado que sentiu sintomas no dia 1 de Abril, que fez a recolha da sua amostra de saliva e/ou mucosa nasal no dia 2, e só foi notificado do resultado positivo do teste a 9 de Abril, irá figurar como um caso de 1 de Abril e não de 9 de Abril e publicado a 10 de Abril do Relatório de Situação da DGS. Como o grande público só tem acesso a estes dados do Relatório diário da DGS, e esses dados não são corrigidos dos atrasos, aparece-nos uma curva de novos casos cheios de variações anómalas. Por isso, quando se faz (como muita gente tem feito e continua a fazer) um ajuste de um qualquer modelo empírico ou mesmo um modelo epidemiológico do tipo SIR, obtém um modelo que não dá bons resultados de projecção, não representa a realidade, não representa a verdadeira distribuição de casos epidémicos. Ele tem que se ir reajustando aos dados para ir melhorando as projecções. Como os estatísticos costumam dizer, “a good fit is not a good predict”.

O 2º e 3º gráfico representam a mesma curva de ajuste a duas séries diferentes, a do 2º com os dados públicos, o 3º com essa série com dados redistribuídos mas sem alterar o nº final de casos confirmados. O 1º gráfico mostra as duas curvas epidémicas de novos casos diários, uma relativa à data de sintomas corrigidas do atraso da notificação, e a outra à data da publicação da notificação (dados públicos). Como se pode observar na curva azul, à data dos sintomas, tem menos oscilações e apresenta um adiantamento temporal relativamente ao da publicação da notificação. Modelando esses dados à data do sintoma obtemos melhores projecções da curva epidemiológica. Muito embora, essa curva azul tém um atraso de 4 dias e está incompleta para os últimos dias de dados. Se fizermos a mesma análise (4º gráfico), através desta metodologia de ajuste de uma Empirical Density Function (EDF) aos dados diários obtemos a mesma conclusão sobre a ocorrência do pico, muito embora, devido ao desfasamento destas séries (sintoma versus notificação), o pico efectivamente ocorreu entre 26 de Março e 2 de Abril. Facto esse que gerou alguma celeuma entre críticos, por alguns especialista terem afirmado que o pico (da curva de novos casos) terá ocorrido nos finais de Março.

No último gráfico (a 5ª figura) estão as duas curvas de casos acumulados, de infectados à data dos sintomas corrigida do atraso e de infectados à data da publicação da notificação. Pode-se observar, não só um delay médio, mas também uma divergência no limite máximo das curvas. E isso deve-se provavelmente a algum atraso de testes de notificações dos últimos dias.

Apesar desta avaliação, continuamos na necessidade de manter a prudência e não pensar que com isto a epidemia está controlada. NÃO, é necessário manter o confinamento, o isolamento social e o distanciamento social em locais públicos. E, essencialmente, é necessário proteger e manter bem isolados os grupos de riscos e os mais idosos.

MANTENHAM-SE EM CASA!

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Autor: Carlos Antunes

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