Correio da Beira Serra

Desfibrilhador dos bombeiros só foi usado uma vez

Imagem vazia padrãoOs sucessivos casos de paragens cardíacas em casa, locais de trabalho, públicos e desportivos têm suscitado algumas considerações em torno do uso dos desfibrilhadores, aparelho considerado indispensável para a estabilização do ritmo cardíaco. A mais recente discussão aconteceu esta semana pela voz de Fernando Vilaça da Liga de Bombeiros Portugueses ao denunciar que os bombeiros portugueses não estão a usar os mais de 100 desfibrilhadores automáticos externos (DAE) integrados nas ambulâncias por falta de formação. Note-se que os aparelhos só podem ser usados por médicos e equipas do INEM.

No caso concreto do concelho de Oliveira do Hospital, apenas a corporação da cidade está apetrechada com um DAE, mas também vê a sua utilização limitada ao pessoal médico. Ou seja – como explica o comandante Emídio Camacho – “só se usa se houver um técnico credenciado para o efeito, isto é, um médico”. Até ao momento, a corporação que comanda ainda não se viu confrontada com a necessidade de usar, sem que ao pé não estivesse um médico, porque se acontecesse “os bombeiros não poderiam usar o desfibrilhador”. Na única vez que o desfibrilhador da corporação foi utilizado, o manuseamento foi assegurado pela equipa da VMER que também acorreu ao local.

Camacho é, por isso, crítico relativamente à limitação do uso do desfibrilhador ao pessoal médico, porque “o aparelho faz todos os procedimentos automaticamente”. Tem noção de que é necessário que se tomem alguns cuidados – não estar em contacto com o corpo da vítima e impedir que o mesmo esteja em contacto com o metal, são alguns exemplos apontados – mas que poderiam ser salvaguardados através de formação adequada. “Os bombeiros é que fazem a intervenção imediata junto da vítima e em situação de paragem cardíaca ou se actua de imediato ou deixa-se morrer”, sublinhou Emídio Camacho, notando que “é tudo uma questão de mentalidades” porque “em outros países da Europa, os desfibrilhadores estão espalhados pelos espaços públicos e podem ser usados por qualquer pessoa”.

Para além do desfibrilhador, a AHBVOH dispõe de três monitores de sinais vitais, essenciais para a leitura do estado em que se encontra a vítima. O Rotary Clube de Oliveira do Hospital tem também em marcha uma campanha de angariação de fundos para dotar a corporação de mais um aparelho semelhante. Quanto ao facto de a corporação apenas dispor de um desfibrilhador, Camacho confessa-se satisfeito, tendo em conta que “antigamente os bombeiros não tinham nada”.

Exit mobile version