A 21 de Setembro está convencionado pela ONU assinalar-se o “Dia Internacional da Paz” sendo que, em Janeiro, há uma outra efeméride designada por “Dia Mundial da Paz”. Enfim, em tempo de guerras em vários pontos do nosso Mundo, até não nos falta dias consignados à Paz ainda que em miragem. Todavia, vale sempre a pena reflectirmos sobre a Paz como desiderato global enquanto ausência total de guerras e não “apenas” como intervalos entre estas, embora até “só” isto já valha a pena.
Perante tanta destruição, tragédia, sofrimento e morte causados pelas guerras – em que as maiores vítimas são sempre os inocentes – é tempo de se não admitir mais a “teoria” segundo a qual é legítimo fazer-se a guerra para fazer a paz. Aliás, esta “teoria” é uma espécie de “arma política e ideológica” que hoje fornece uma espécie de “apólice de seguro” do negócio para os donos da indústria e do comércio dos armamentos, os “traficantes da morte”, ao mesmo tempo que também pretende que se admita ser de todo conveniente pagarmos cada vez mais impostos para “pagar” guerras e morte onde os “senhores da guerra” e seus “mercenários” políticos e ideológicos (como também já lhes ouvi chamar) fazem explodir bombas cada vez mais destruidoras.
Cabe aqui lembrar o caso escandaloso do “negócio”, pelos vistos ao pior dos estilos mafiosos, da compra, em 2006, por mais de 42 milhões de euros e a uma empresa privada russa – então, afinal quem são os de facto “amigos do Putin” ? – dos seis helicópteros “Kamov” supostamente para combater os Incêndios Florestais no nosso País. Foi um “negócio” também mais do que ruinoso para o erário público nacional, celebrado durante a vigência do primeiro governo do PS, de José Sócrates. Esses helicópteros foram entretanto arrumados e sem qualquer serventia mas com os custos totais com manutenção, e etc, a atingirem mais de 300 milhões de euros (ver artigo específico em o Público, pág. 3, de 21 de Setembro, 2024). Então, em 2022, o governo PS de António Costa decide “doá-los” à Ucrânia onde se encontrarão agora não se sabendo de adaptados a fins militares ou militarizados o que é o mais certo ter acontecido. A questão que muito nos dói é que não há dinheiro para a Saúde, para a Habitação, para aumentar Salários, etc, mas não falta dinheiro para estas negociatas e também ninguém vai para à prisão no meio desta escandaleira “incendária”…mesmo depois das sucessivas tragédias provocadas pelos Incêndios Florestais como agora voltou a acontecer,
Numa guerra, qualquer que ela seja e onde se desenrolar, o agressor, o invasor de outros povos e regiões, tem como principal objectivo roubar recursos, roubar os territórios e até a dignidade dos povos que agride.
Mesmo o primeiro troglodita à face da Terra a atirar a primeira pedra à cabeça de um semelhante, fê-lo com a intenção de se apoderar à força de algo que o agredido tinha consigo. Actualmente, tudo é muito mais sofisticado, mais lucrativo, mais mortífero, mas mantém-se a essência da motivação para o acto de agressão: – o roubo !
Guerra é terror elevado ao seu expoente máximo ! Mas o pior dos terrorismos continua sendo o terrorismo de Estado.
Toda a guerra é sórdida. Entretanto, também não é minimamente admissível praticar terrorismo para atingir fins políticos ou sociais. Aliás, terrorismo “só” vem “justificar” ainda mais e maior terrorismo em retaliação.
A guerra que acontece agora em Gaza e também já no Líbano e na Cisjordânia, tem mostrado várias formas práticas – trágicas – de terrorismo dentro do contexto de uma guerra “moderna” mas já com décadas, entre o sionismo de Israel e o legitimismo Palestiniano. Israel instalou-se “à força” dentro da Palestina mas não quer lá um Estado Palestiniano livre e autónomo. Assim, o sionismo fundamentalista coloca o Estado de Israel fora da lei e do mais elementar humanismo. Mas como “quem semeia ventos colhe tempestades”, o resultado ficou tragicamente à vista a 7 de Outubro do ano passado com os ataques de facto terroristas do Hamas em território do Estado de Israel.
E, agora mesmo, o Estado de Israel, sujeito ao domínio político e militar dos sionistas mais fanáticos, virou-se para um ataque, de alto e refinado terror terrorista, para matar e estropiar militantes e simpatizantes e quem estivesse por perto, agora do movimento Hezbollah (base no Líbano) com este acto terrorista da explosão programada e simultânea de alguns milhares de aparelhos “bip´s” (“pagers”) que as vítimas utilizavam e, pensavam elas, para sua segurança contra atentados!…
Sim é o terrorismo de Estado puro e duro ! Fim ao terrorismo !
E agora ? Como irá (como “irão” ?…) retaliar desde o outro lado ? Que poderá acontecer na Região ? Que poderá acontecer à Humanidade ?
Recomenda-se a mensagem do Secretário-Geral da ONU – António Guterres – para este “Dia Internacional da Paz”.
Por mim, termino recordando uma estrofe do “Imagine”, esse belo Hino à Paz e ao Sonho, da autoria do John Lennon e da Yôko Ôno :
– “Imaginem toda a Gente — A viver em paz. – Podes dizer que eu sou um sonhador — Mas não sou o único “.
E continuo eu :- Sim, imaginemos, sonhemos, um Mundo sem guerras ! Antes que a guerra também mate o próprio sonho !
Sim só a Paz faz sentido ! Só a Paz garante o Futuro !
Guerra não ! Paz sim !
Viva o “Dia Internacional da Paz !”
Autor: João Dinis, Jano