Antiga vice-presidente da distrital e único deputado municipal desfiliaram-se do partido. Alegam falta de respeito pelos militantes e criticam liderança de Paulo Seco, um responsável que alegadamente terá incentivado ameaças de agressão em Oliveira do Hospital, num caso que está em tribunal.
O deputado municipal Fernando Duque e a antiga vice-presidente da distrital do Chega em Coimbra, Sónia Almeida, desfiliaram-se do partido em protesto contra o presidente da distrital, Paulo Seco, que acusam de criar um “ambiente intimidatório”. A informação foi avançada pelos próprios à agência Lusa.
Segundo os dois ex-dirigentes, a decisão foi tomada após sucessivos episódios de alegada desvalorização dos militantes e de imposição de decisões sem debate interno. Afirmam ainda que cerca de 150 militantes do distrito já manifestaram o seu descontentamento à Direcção Nacional do Chega através de um documento.
Contactado pela Lusa, o presidente da distrital de Coimbra, Paulo Seco, rejeita as acusações. “São pessoas só com vontade de aparecer para criticar”, afirmou, garantindo que nunca teve comportamentos incorrectos, embora seja também acusado de alegadamente ter incentivado ameaças em Oliveira do Hospital a um antigo filiado no partido.
Fernando Duque, que era o único deputado municipal do Chega em Coimbra, passa agora a independente. Em declarações à Lusa, afirmou que “isto tem sido um caminho para uma desilusão” e que “a distrital tem elementos que não cumprem a sua função, não respeitam os militantes e não têm qualquer credibilidade”. Acrescentou que Paulo Seco “não tem características pessoais ou políticas para o lugar”, acusando-o de oportunismo.
O ex-dirigente nega que a saída esteja relacionada com lugares nas listas para as legislativas ou autárquicas. “Nunca pedi nada nem quero”, afirmou.
Sónia Almeida, que formalizou a sua saída do partido na quarta-feira, acusou o presidente da distrital de criar um ambiente “de gritos e murros na mesa”, referindo que foi alvo de ofensas verbais e impedida de exercer funções. “Só ele é que mandava”, disse.
Paulo Seco, que encabeça a lista do Chega pelo círculo eleitoral de Coimbra nas legislativas de 18 de Maio, considera as críticas “ridículas” e assegura que não existem processos contra si no conselho de jurisdição do partido nem em tribunal. Recusa que as saídas estejam relacionadas com a sua liderança e considera normal haver “discordância de opiniões” em momentos de definição de listas eleitorais.
O presidente da distrital admitiu que quatro dos nove elementos inicialmente eleitos para a comissão política distrital já abandonaram o órgão. Sobre o eventual documento de protesto assinado por militantes, disse desconhecer a sua existência, acrescentando que “ter 100 membros críticos enriquece um partido com mais de 1.400 militantes no distrito”.
A agência Lusa tentou obter uma reacção da Direcção Nacional do Chega, mas até ao momento não obteve resposta.