Todavia tentam um “ponta de lança” mais experiente.
Esclareça-se à partida que jovens são eles, de quem vamos falar, turcos de nacionalidade é que não. São jovens portugueses que vivem entre nós e já são conhecidos também. Servimo-nos da citada expressão por analogia, ainda que longínqua, com os jovens (militares) Turcos revoltosos na Turquia no final do século XIX e inícios do século XX, perante o aproximar do fim do “império otomano”. Quer dizer, esses foram jovens que se revoltaram contra os chefes já idosos da Turquia de então e os apearam do poder.
E então que se passa agora por aqui?
Acontece que um grupinho de jovens age em torno do objetivo de criar uma força alternativa aos detentores “seniores” do poder autárquico em Oliveira do Hospital. Assumem querer uma pretensa alternativa política e eleitoral sobretudo, claro, em relação ao PS, ao PSD e até ao CDS-PP concelhios que, alegam, já deram tudo o que tinham a dar pelo que são “passado”…
Enfim, eles presumem que seja assim mas também podem estar a confundir desejos com a realidade. A questão é que não lhes basta sonhar. Para o efeito é necessário transformar o sonho em realidade. E este é um grande problema para todas as jovens gerações. Em geral, muitos deles, no início apresentam-se contestatários, arrojados, desafiadores. O tempo passa entretanto e a vida encontra obstáculos difíceis de transpor. Então, muitos desses contestatários agarram os “tachos” – dirão eles depois “as oportunidades” – que o sistema que contestaram lhes apresentar e lá se lhes esvai o juvenil entusiasmo pelo que depressa se transformam em grandes conservadores e inclusive nos maiores defensores do tal sistema que antes contestavam. É dos livros…
Em si própria, a juventude merece outra dignidade, mais fiel a causas do que a conveniências egoístas.
Provavelmente, vamos ouvir falar deles com alguma frequência até porque eles também vão falar mais sobre eles próprios dentro de uma linha estilo «sem nós isto é o pântano… mas connosco será o éden».
Mas e a experiência jovens, e a experiência ??…
A sabedoria, enquanto categoria da vida humana bem acima da especialização sectorial, só se pode alcançar com a experiência e esta não é automaticamente adquirida, demora tempo, exige sínteses próprias entre a experiência individual e a colectiva. É um processo dinâmico e interligado em que é necessário agir e reflectir, reflectir e agir, relacionando sempre contextos e âmbitos de compreensão e intervenção.
Talvez por isso mesmo, estes “jovens turcos” talvez nem sejam fundamentalistas geracionais. Ao que já se sabe, têm até procurado um ou outro companheiro mais velho do que eles, por sinal já com experiência autárquica em Oliveira do Hospital e ao mais alto nível local. E até nem têm escondido essas tendências pois já se têm encontrado publicamente com um desses outros, aliás em ambiente, vamos dizer, de cúmplice ostentação. Em suma, querem mesmo ser vistos juntos…
Ora, o protagonista menos jovem embora experiente, é sabido, corre agorinha sérios riscos de vir a ser ingloriamente preterido, nas listas de candidatos às próximas eleições para a Câmara Municipal de Oliveira do Hospital, nos finais de Setembro deste ano, preterido em favor de alguém bem colocado na hierarquia do Partido da maioria autárquica local.
Claro que essa possibilidade não encaixa no “perfil” do agora destacado autarca que se sentirá empurrado, por favor partidário, para lugar de menor destaque eleitoral a indiciar outras “despromoções” depois, na hierarquia do actual Executivo da Câmara Municipal em que, note-se, é Vice-Presidente. É a vida…
Então, juntam-se, duas situações que se contradizem. Por um lado, o menos jovem, ao qual é atribuído um bom peso eleitoral, quererá fazer subir a sua “cotação” junto do Partido maioritário por forma a que este o valorize e não o “despromova” nas próximas eleições autárquicas. Por outro lado, os “jovens turcos” pretendem fazer aumentar o seu peso político relativo rumo a futuros actos eleitorais, também consoante a evolução do que construam no presente. Ou seja, um deles pelas suas motivações mais pessoais, outros pelas suas próprias, ensaiam todos umas “cenas” autárquicas… A ver vamos se acertam o passo. Porém, a nós não nos comovem. É que já temos vasta experiência destas vidas…
Autor: João Dinis, Jano