Luís Filipe Torgal apresentou livro sobre história da Fundação Dona Maria Emília de Vasconcelos Cabral…
O auditório da Fundação Dona Maria Emília Vasconcelos Cabral, em Oliveira do Hospital, encheu, no dia 16 de Novembro, para a apresentação do livro O Conselheiro, o Fidalgo e a “Casa de Baixo”, uma obra que narra a história daquela importante fundação e da sua maior criação: a Casa-Museu. O livro, da autoria de Luís Filipe Torgal, traça também uma biografia de Francisco Manoel Cabral Metello, do seu pai, o Conselheiro Francisco Cabral Metello e procura dar a conhecer a origem do vasto património que permitiu criar e sustentar aquela instituição icónica de Oliveira do Hospital. A investigação do autor, que classifica a instituição como uma jóia, resultou num livro que ajuda a conhecer a história da cidade oliveirense, do seu concelho, das personagens e também da decadência da nobreza ao longo do século XX.
Luís Filipe Torgal confessou que não resistiu ao convite do Conselho de Administração da Fundação para realizar este trabalho, até porque tinha conhecimento do “espólio valiosíssimo desta casa [com um património que se estende Oliveira do Hospital ao Estoril]” e que considera “fundamental que a fundação seja dada a conhecer”. “Mário Alves [presidente do CA e ex-presidente da CM de Oliveira do Hospital] tem de continuar a trabalhar na divulgação da instituição, porque vai atrair muita gente a Oliveira do Hospital”, referiu o autor que é professor de história no Agrupamento de Escolas de Oliveira do Hospital, mestre em História Económica e Social e doutorado em Estudos Contemporâneos pela Universidade de Coimbra.
“Mário Alves deu-me total liberdade para escrever, de outra forma também não teria abraçado o projecto, e acesso a todos os documentos da instituição, alguns até bastante reservados. Recorri também a relatos, por exemplo, de quem ainda conviveu com o Fidalgo”, frisou Luís Filipe Torgal que deixou ainda um apelo para que a política não venha a impedir “uma nova vida para a instituição”. “Esta é uma jóia do concelho que nunca teve qualquer apoio público e não pode ser metida em quezílias políticas”, sublinhou.
Mário Alves quer dinamizar e revitalizar a Fundação
O presidente do Concelho de Administração da Fundação, Mário Alves, que assumiu funções “pro bono” em 2021, tendo desde essa data realizado um trabalho no sentido de revitalizar uma instituição que “se encontrava adormecida”, procurando condições para abrir o espaço ao público. E assegurou que está ali, juntamente com os colegas, simplesmente a “gerir aquilo que é de todos os oliveirenses”. E em resposta ao desafio deixado por Luís Filipe Torgal, o ex-presidente da Câmara Municipal, de resto, aproveitou para dizer ao presidente da autarquia, José Francisco Rolo, que se encontrava ao seu lado, que a sua equipa está a trabalhar no sentido de lhe apresentar um protocolo que irá ajudar a publicitar e a trazer mais pessoas à instituição. “Isso é muito importante, porque, isto é, património dos oliveirenses”, frisou.
Mário Alves explicou que este livro é fundamental para memória futura. “Hoje ainda há algumas pessoas vivas que podem contar a história e que conviveram com pessoas gente desta casa. E é importante recolher esses depoimentos. Havia elementos soltos, mas não havia nada documentado que relatasse a história desta família”, referiu, frisando que esse aspecto foi conseguido com este livro.
“Já passou por aqui muita gente, mas não ficou nada para que no futuro se saiba o que foi esta casa. Queríamos um livro feito com rigor histórico e o autor teria de ser uma pessoa ligada a essa área. Pensamos de imediato em Luís Filipe Torgal que nos dava essas garantias”, contou Mário Alves, garantindo que o autor (que confirmou) teve liberdade total para dizer quem foram, como foi a vida do fidalgo. “Foi um ‘Bon vivant’ a quem a mãe se habituou a suportar a sua vida faustosa”, disse.
Ainda assim a imensa fortuna sobreviveu e, pode-se ler na obra, “no dia 4 de Outubro de 1979, no solar da família Cabral Metello, também conhecida por Casa de Baixo”… os antigos presidentes de Câmara “prestaram homenagem ao falecido Francisco Manoel Cabral Metello e afiançaram proceder a todas as diligências necessárias para obter o reconhecimento legal da Fundação ‘Dona Maria Emília de Vasconcelos Cabral’, que aquele ambicionou criar”… “Esse reconhecimento chegaria a 20 de Maio de 1980”.
A Casa-Museu, recorde-se, encontra-se instalada no Solar Cabral Metello, datada do século XVIII. Tem uma exposição permanente com todo o património pertencente à família Vasconcelos Cabral: os objectos pessoais, mobiliário, porcelanas, pinturas e uma parte das pratas da família (em exposição temporária). Possui, ainda, uma secção de esculturas (gessos) nacionais e estrangeiras. Para além do rico património cultural e artístico da família, é possível apreciar uma interessante colecção de trajes. Este museu, explicam os responsáveis da instituição, reconstitui a monarquia romântica da sociedade burguesa anterior à implantação da República.