Home - Opinião - «Eu não quero voltar à Câmara Municipal! Só se for obrigado…» Autor: Carlos Martelo

«Eu não quero voltar à Câmara Municipal! Só se for obrigado…» Autor: Carlos Martelo

Deste tipo de «juras», destas «águas não beberei», temos nós muitos exemplos a desdizê-las.

Também agora e por cá, há quem produza «juras» sobre um eventual afastamento voluntário como (candidato a) Presidente da Câmara em especial.

Consegue mesmo ser cândido, quase a ponto de nos comover, ao professar outras tantas «juras» acerca do seu inefável apoio político e pessoal a uma recandidatura, a novo mandato, do atual Presidente da Câmara e também dirigente local do PS e militante de outra(s) entidade(s).

Para fechar a cena, só falta mesmo vir agora este último manifestar o seu apoio político e pessoal à recandidatura, a novo mandato na função, do atual Presidente da Assembleia Municipal.  Pois que «amor com amor se paga» …

O horror ao esquecimento ainda por cima de quem se diz «um ganhador»

Convém reconhecer que, pese embora outros tantos atrasos muito comprometedores para a Câmara Municipal e para as maiorias PS que a comandam, o facto é que foi o ex-Presidente da Câmara e agora Presidente da Assembleia Municipal a presidir ao lançamento das principais obras municipais que, agora e finalmente, se aproximam das respetivas inaugurações pelo atual Presidente da Câmara e muito provável recandidato.  Portanto, até há uma certa legitimidade histórica em termos de trabalho autárquico efetivo caso o atual Presidente da Assembleia Municipal acabe por se recandidatar, mas a Presidente da Câmara e ainda que apareça (por exemplo) em lista dita de «independentes».

E depois, mas não em último lugar, também há, e a não descartar, certas caraterísticas do foro muito pessoal.  Então, para quem conhece, é sabido que o ex-Presidente da Câmara e agora Presidente da Assembleia Municipal dá por ter uma espécie de «horror ao esquecimento» quer dizer tem «horror» a ser «esquecido» pelas pessoas ao cruzar-se com elas na rua ou ao constatar que elas vão procurar o Presidente da Câmara efetivo em vez de o procurarem a ele como faziam antes.   Talvez por isso mesmo, faz ele questão em girar um pouco por todo o Município a mostrar-se, e em intervir publicamente de forma até despropositada.  Esta ansiedade, este frenesim, só poderão ser esbatidos através de nova candidatura para regresso à Presidência da Câmara.  Não, isto não se trata com pílulas…

E lá no seu íntimo, mesmo quando faz as «juras» de apoio a outro, lá no fundo julga-se mais do que capaz de vencer umas quaisquer eleições tendo como adversário direto o atual Presidente da Câmara, presunção que mais lhe agita o ego.   Mas atenção que não serão «favas contadas» …

E o actual Presidente da Câmara? Como é ou como vai ser??

Eu sou daqueles que ainda que a uma distância muito grande do personagem, não o subestimo. Por norma, um autarca quando termina o seu primeiro mandato quer voltar a ser candidato e no caso é para a Presidência da Câmara.

Tenha-se em conta que jogando na equipa do PS, o atual Presidente da Câmara joga em casa e tem nisso uma vantagem sobre um eventual outro candidato.  Aliás, ele é mesmo um dirigente local do PS, em Oliveira do Hospital pelo menos, e vários dos dirigentes locais do PS dependem, em termos do trabalho que têm na Autarquia Municipal e pelo qual auferem os seus ordenados, eles dependem, dizia, de um candidato que julguem «forte» pelo PS para poderem continuar a exercer funções autárquicas onde têm andado confortavelmente…

Eis aqui um importante campo de manobra para serem cativados ao nível de cumplicidades eminentemente partidárias. Mas o atual Presidente da Câmara também tem mais vantagens no âmbito de uma certa entidade exterior e de outro tipo a qual, é sabido, exerce uma grande influência nos principais dirigentes do PS e nas suas decisões, por exemplo em termos de listas dos principais candidatos PS a eleições várias.

Digamos ser nosso entendimento que o atual Presidente da Câmara pode reunir mais apoios partidários e «colaterais» do que o atual Presidente da Assembleia Municipal.  Assim, o primeiro pode ser levado às «cavalitas partidárias» o que será mesmo uma grande vantagem. O segundo tem aquele seu jeito para ser um populista nato, mas, numa situação que se confirme no terreno, isso também o pode levar a voluntarismos escorregadios. Enfim, entendamo-nos, não avançando ele com a finalidade de ser candidato à Presidência da Câmara, ficará por provar nas urnas a sua fragilidade comparativa e de facto.  Vai servir-lhe para escudar o ego…  Veremos.

 

 

Autor: Carlos Martelo

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