Correio da Beira Serra

EXCLUSIVO: CBS tem acesso a polémico documento sobre Caixa de Crédito de Oliveira do Hospital (actualizada)

 

Os “conflitos pessoais e profissionais” entre o presidente do conselho de administração da Caixa de Crédito Agrícola Mútuo (CCAM), Carlos Mendes, e o coordenador-geral daquela instituição bancária, Carlos Oliveira, estão a ser invocados como uma das principais razões que motivaram a intervenção da Caixa Central na CCAM de Oliveira do Hospital, e que recentemente culminou com a suspensão daqueles administradores do principal órgão de gestão do Crédito Agrícola de Oliveira do Hospital.

De acordo com o que tem vindo a ser noticiado por este diário digital, o pedido de intervenção – um processo que tem estado a gerar uma enorme polémica –, foi solicitado directamente à Caixa Central (CC), antes das eleições, pelos presidentes do conselho de administração e do conselho fiscal da instituição – Carlos Mendes e José Vitorino, respectivamente.

Mas agora, é a própria CC que vem afirmar, num documento enviado ao Banco de Portugal (BdP) em 25 de Fevereiro de 2010 a que o correiodabeiraserra.com teve acesso, que “foi solicitada a intervenção urgente da Caixa Central na gestão da CCAM atendendo a que os conflitos pessoais e profissionais entre o sr. Carlos Mendes e o sr. dr. Carlos Oliveira tinham motivado um clima de elevada crispação e desentendimento na direcção (que se mantinha só com dois elementos) e, consequentemente, a ingovernabilidade da CCAM”.

A CC alega também que Francisco Cruz – o terceiro administrador da CCAM, que substituiu José Carlos Alexandrino quando aquele director suspendeu o mandato para se candidatar à presidência da Câmara de Oliveira do Hospital, nas últimas eleições autárquicas – nunca foi “formal e legalmente” investido no cargo, pelo que a recomposição do órgão de direcção da CCAM nunca chegou a ser “formal e legalmente” efectuada.

No documento de várias páginas consultado por este diário digital, a CC argumenta perante o BdP que as divergências entre aqueles dois dirigentes do Crédito Agrícola já eram antigas, e também salienta ter sido José Carlos Alexandrino – tido como uma espécie de fiel da balança – “a lograr entendimento entre os dois elementos até aí desavindos”.

Mais adiante – e num relato pormenorizado dos factos – o conselho de administração executivo da CC também sustenta que no final de Outubro de 2009, foi o próprio Carlos Oliveira a reconhecer, num e-mail enviado aos órgãos sociais, a “existência de divergências entre os membros da direcção que, na sua opinião ‘são perturbadoras’ do bom funcionamento da CCAM”.

A situação “motivou o seu pedido de demissão, o qual, pese embora ter sido aceite pelo sr. presidente da direcção, não teve efeitos práticos”, esclarece a CC.

Nesta exposição, a “caixa-mãe” do Crédito Agrícola português acusa também o ex-coordenador-geral da instituição de ter provocado “um ligeiro revés” nas negociações que no final do ano estavam em curso para uma eventual fusão da CCAM com a Caixa de Crédito Agrícola da Beira Centro. Tudo porque Oliveira terá enviado uma “carta aberta” com uma “posição pessoal” aos funcionários da CCAM, e através da qual se opunha “ao modelo de gestão para a ‘nova’ CCAM”.

Foi – considera a Caixa Central – uma “situação que provocou apreensões e mau estar entre os funcionários, estado de coisas nada favorável à estabilidade, interna e externa que se exige aquando um processo desta natureza”.

Caixa Central de Crédito Agrícola diz que dois membros da Assembleia-Geral estão em “situação de inelegibilidade”

Referindo-se ao recente processo eleitoral em que Carlos Oliveira saiu vencedor contra a lista adversária de Carlos Mendes, a CC alude à conferência de imprensa que o candidato fez para promover a sua lista, e acusa o ex-coordenador geral da CCAM, recentemente suspenso de funções, de ter feito “críticas à condução dos negócios e ao processo de fusão, com possíveis reflexos na confiança do mercado na instituição”.

Mas na exposição de 11 páginas que o conselho de administração da CC fez ao BdP para explicar a fundamentação com vista à ampliação dos poderes de intervenção – ao abrigo do artº 77ª do Regimento Jurídico do Crédito Agrícola Mútuo (RJCAM) –, aquela entidade argumenta igualmente com alguns “incumprimentos” ao RJCAM.

A saber, por exemplo: a CCAM “não cumpre o rácio de eficiência e o de transformação”, e dois membros da Assembleia-Geral – o presidente, António Vaz Patto e o secretário, Rui Monteiro – encontram-se em “situação de inelegibilidade, não podendo continuar em funções nem concorrer a cargos sociais”.

De resto, a CC – agora com dois delegados a gerir o dia-a-dia da instituição – considera também não estar “assegurada a continuidade da credibilidade interna e externa” da Caixa de Crédito de Oliveira do Hospital e antevê que essa situação “poderá abalar a confiança do mercado”.

Em jeito de conclusão, no documento a que o CBS online teve acesso pode ainda ler-se que a intervenção surge “com vista a evitar a degradação da situação financeira da associada, para além da possibilidade de recuperação da mesma”.

CONSULTE AQUI O DOCUMENTO NA ÍNTEGRA »

 

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