O município de Oliveira do Hospital irá homenagear no Feriado de 7 de Outubro três cidadãos e duas entidades. Trata-se de António da Costa, Jorge Manuel da Silva Mogo, Manuel Francisco da Costa e duas entidades (o Café Portugal e a Quinta de Jugais). Os nomes foram aprovados ontem na Assembleia Municipal oliveirense num processo polémico depois da rejeição da discussão e inclusão dos nomes apresentados pela Coligação PSD/CDS-PP (Amadeu Gonçalves Cura e António Luís de Brito) para a lista de homenageados por parte do executivo liderado por José Francisco Rolo e do abandono dos vereadores da oposição da reunião de Câmara em que se deveriam discutir os nomes a homenagear.
Os empresários, beneméritos e antigos autarcas do PSD Amadeu Gonçalves Cura, de Lagares da Beira, e António Luís de Brito, de Penalva de Alva, foram dois dos nomes que a Coligação PSD/CDS-PP apresentou em reunião de Câmara de Oliveira do Hospital para serem homenageados, a título póstumo, no próximo Feriado municipal, que decorre no dia 7 de Outubro, apurou o CBS junto de fonte próxima do processo. Nenhum dos nomes foi aceite pelo executivo socialista liderado por José Francisco Rolo, o que levou os elementos da Coligação PSD/CDS-PP a abandonar o encontro como forma de protesto. Ao que o CBS apurou junto da mesma fonte, sobre a nome de Amadeu Gonçalves Cura havia a promessa do actual presidente da CM de que seria incluído na lista de homenageados neste feriado.
“Daí a indignação dos elementos da oposição que foram confrontados com uma lista já encerrada e que não estava aberta a discussão. O abandono da reunião foi uma forma de protesto”, revelou a mesma fonte. Ontem durante a Assembleia Municipal, João Brito, líder do PSD oliveirense, referiu que os seus colegas vereadores foram confrontados com uma reunião de informação e não de auscultação, contrariando a tradição deste momento em que se procura um consenso alargado. “Foi informar os partidos sobre os nomes que iam ser homenageados, quando o que deveria acontecer era um encontro para se discutirem os nomes”, disse, frisando que o PSD é favorável a todos os nomes indicados pelos socialistas. “Mas eles não mereciam que a sua homenagem fosse beliscada pela forma como foi conduzido o processo”. O presidente da Junta de Freguesia de Meruge, João Abreu, também acusou o executivo de não ter levado em conta qualquer nome que não fossem aqueles que se encontravam já numa lista fechada. “Não volto a outra reunião destas, porque tenho propostas e nenhuma é levada em linha de conta. Não volto”, referiu o autarca eleito pela CDU.
Os nomes apresentados pelo PSD são conhecidos no concelho. Amadeu Gonçalves Cura, falecido a 29 de Julho de 2021, foi um grande empresário da construção civil que esteve muito ligado às instituições de Lagares da Beira. Foi dele a liderança da corporação dos bombeiros locais, aquando da aquisição do terreno para o novo quartel dos bombeiros, tendo presidido à intuição e exercendo posteriormente o cargo de presidente da Assembleia Geral. Foi também dele a responsabilidade da construção do novo quartel. Na condição de presidente da Junta, eleito nas listas do PSD, foi o promotor de obras como o campo de ténis, sede de Junta de Freguesia e extensão de saúde, arranjo urbanístico do largo dr. Agostinho Antunes e adaptação da antiga escola primária em biblioteca e ludoteca, casa mortuária e muitas outras obras de abastecimento de água, electrificação e pavimentação de arruamentos. “Foi também uma pessoa que ajudou muito diversas instituições daquela freguesia e teve uma empresa que empregou, oferecendo boas condições dezenas de oliveirenses”, refere a mesma fonte, sublinhando que a sua empresa já tinha sido distinguida pela autarquia e que na altura da sua morte a bandeira foi colocada a meia haste nos paços do Concelho.
António Luís de Brito, por seu lado, ex-autarca do PSD, foi um empresário que trabalhou fundamentalmente na zona Sul, principalmente nos concelhos de Almada, Vila do Bispo e Seixal. Regressou à localidade de Formarigo, Freguesia de Penalva de Alva, no final da década de 90. Distinguiu-se por subsidiar os estudos de alguns aos jovens universitários mais carenciados. Criou ainda uma associação, tendo construído a sede da mesma, na localidade de Formarigo, sem qualquer financiamento público. Ainda na sua localidade, e tendo em conta que muitas pessoas não tinham casas de banho, adquiriu um terreno e construiu umas casas de banho públicas, com zonas de duche, oferendo condições de higiene àqueles que não as tinham. Ajudou também as associações da sua freguesia e foi eleito pelo PSD como presidente da Junta de Freguesia de Penalva.
As cinco personalidades e entidades que vão ser homenageadas no Feriado Municipal de Oliveira do Hospital
O município de Oliveira irá homenagear este ano três cidadãos e duas entidades: António da Costa, Jorge Manuel da Silva Mogo, Manuel Francisco da Costa e duas entidades e o Café Portugal e Quinta de Jugais.
António da Costa: “Figura carismática muito conhecida dos oliveirenses, António da Costa, natural de Nogueira do Cravo, onde nasceu a 30 de Abril de 1942, frequentou a escola primária de Gramaços, mas aos 14 anos partiu para Lisboa, como o próprio diz, à procura de uma vida melhor. Na capital, onde começou a trabalhar numa pastelaria com fabrico próprio, enfrentou várias dificuldades. Mas sempre que a mãe lhe pedia para voltar à terra dizia que só regressaria a Oliveira do Hospital com uns sapatos novos.
Aos 21 anos entrou, entretanto, para a vida militar e depois de passar por vários quartéis, acabou por ser mobilizado para a guerra do Ultramar em Moçambique, país africano onde uns anos mais tarde se estabeleceu
Após o 25 de Abril, mas só em 1976, regressa a Portugal com muitas dificuldades, mas dado o seu espírito empreendedor, consegue nesse mesmo ano estabelecer-se em Lisboa no ramo da restauração, onde se manteve até à idade da reforma. Trabalhou no Sporting Clube de Portugal e no seu restaurante – o Grã-Via – ajudou a alimentar muitos jovens atletas que chegavam às escolas de formação do clube.
Nunca perdeu as ligações a Oliveira do Hospital, tendo sido um dos fundadores do Núcleo do Sporting. É publicamente conhecido o facto de ter sido o principal impulsionador da ida do conhecido jogador Carlos Martins para as escolas de formação do Sporting, tendo-o acolhido na sua própria casa de Lisboa.
Há cerca de 12 anos, regressou definitivamente a Oliveira do Hospital, interessando-se e dando o seu melhor pela causa associativa.
Integra a direcção da ARCIAL e o Grupo de Voluntariado Comunitário de Oliveira do Hospital da Liga Portuguesa Contra o Cancro, onde desenvolve um trabalho de voluntariado verdadeiramente notável.
É um autêntico cuidador informal e antes da Covid-19 visitava diariamente os utentes acamados do Hospital e do Lar da Fundação Aurélio Amaro Diniz, levando-lhes presentes e carinho.
Hoje, com 81 anos, mantém as mesmas rotinas e não desiste de ajudar as pessoas. Gosta de fazer o bem e conta, com alguma ironia, que no hospital tanto passa por médico como por padre, dada a forma afável e carinhosa como trata os doentes”.
Jorge Manuel da Silva Mogo: “Natural de São Paio de Gramaços, onde nasceu em 24 de Março de 1955 e fez a instrução primária, Jorge Manuel da Silva Mogo é o conhecido empresário dos ‘Tecidos de Coimbra’.
Entrou neste ramo com 27 anos na porta a porta pelas lojas de todo o país.
Em 1984 abre a sua primeira loja, mas é em 1986 que funda, na baixa de Coimbra, a empresa ‘Tecidos de Coimbra’.
Com várias décadas de actividade de venda a retalho, é hoje uma das principais empresas do género no país.
Filho de uma família numerosa com oito filhos, o empreendedorismo de Jorge Mogo cedo o catapultou para a ribalta do mundo dos negócios. Mas o empresário, nunca esqueceu a terra que lhe serviu de berço.
Tem sido um grande benemérito de várias associações de São Paio de Gramaços, especialmente do ‘Sampaense Basket’, que disputa a Proliga do basquetebol nacional. Gosta de ajudar a terra que o viu nascer e, ainda recentemente, deu um importante contributo para dignificar e dar um novo impulso à tradicional romaria das Festas Nossa Senhora dos Milagres, de São Paio de Gramaços.”
Manuel Francisco Da Costa: “Natural de Felgueira velha, Freguesia de Seixo da Beira, aldeia onde nasceu a 15 de Junho de 1936, Manuel Francisco da Costa, Regente Agrícola, tem um longo percurso de vida ligado à agricultura e ao desenvolvimento rural.
Com vários livros e artigos publicados sobre o sector, foi nomeado, após o 25 de Abril, Director Regional do Instituto de Reorganização Agrária em Coimbra, presidindo à Comissão Distrital de Dinamização Agrícola.
Antigo resistente e combatente da ditadura – foi preso na PIDE – interrompe em 1975 a actividade profissional, por compromissos políticos, e vem a ser eleito, pelo Partido Socialista, deputado à Assembleia Constituinte e depois à Assembleia da República pelo distrito de Coimbra.
Em 1976 é nomeado Governador Civil do Distrito de Évora e depois, por aquele círculo eleitoral, eleito duas vezes deputado à Assembleia da República.
Antigo jogador, treinador e dirigente da secção de râguebi da Associação Académica de Coimbra, é uma uma figura marcante da história do râguebi português.
Foi um dos fundadores do Comité Regional de Rugby do Centro, em 1972. Em 1986, sagra-se campeão nacional de ‘rugby’ pela Associação Académica de Coimbra e, em 1995, publicou ‘As simbologias do Rugby’ nos quarenta anos da Académica (Editorial Moura Pinto).
Na actividade política local, foi candidato, nas eleições autárquicas de 2001, pelo Partido Socialista, à Câmara Municipal de Oliveira do Hospital”.
Quinta de Jugais: “Em 2001 os irmãos António e Pedro Martins, com 19 e 21 anos na época, criaram em Oliveira do Hospital a sua primeira empresa – a Quinta de Jugais. Começaram com uma ideia inovadora: Cabazes de Natal. Apostaram em produtos regionais, num “design” e “packaging” diferenciador e lançaram-se no mercado. Hoje em dia, a Quinta de Jugais produz mais de 400 mil cabazes por ano e exporta a sua variada gama de produtos para mais de 40 países em todo o mundo.
A partir de Oliveira do Hospital, os dois irmãos criaram uma série de empresas e marcas para serem vendidas no mundo inteiro. Em 2007, a empresa criou a sua própria linha de doces tradicionais e marmeladas e actualmente, para além da presença em quase todas as superfícies comerciais nacionais, exporta para vários países do mundo.
Com 22 anos de história, a Quinta de Jugais nasceu a partir de uma paixão bem simples: a riqueza dos sabores da Serra da Estrela
Com 110 colaboradores em Portugal, a que se somam 200 colaboradores em trabalho temporário, a Quinta de Jugais tem ainda 330 colaboradores em Angola e 30 em Moçambique.
Esta empresa de grande sucesso, que aposta nos sabores tradicionais portugueses e que quer continuar a crescer e a expandir-se, está num grupo empresarial que em 2022 registou uma facturação anual de 65 milhões de euros”.
Café Portugal: “Fundado no início da década de 40, o emblemático Café Portugal é o mais antigo da cidade de Oliveira do Hospital.
Tem uma longa tradição de café tertúlia e de ponto de encontro de muitas personalidades da vida cultural e política da cidade.
Pelo Café Portugal, passaram muitas figuras de relevo da sociedade oliveirense e do próprio país. Integra a ‘Rota dos Cafés com História’ de Portugal.
A sua longa história de 83 anos, conta com vários protagonistas. O seu fundador foi Júlio Seixas Pereira que, anos mais tarde, entregou a exploração daquele icónico café a José Alcântara Dias.
Entretanto, na década de 50, o Café Portugal trocou novamente de mãos. Desta vez, para o conhecido empresário oliveirense, José Marques de Assunção, que o manteve durante vários anos através de uma sociedade – a ‘Assunção & Tavares’ –, formada com um outro empresário de Lagares da Beira – Antenor Mendes Tavares.
Já depois do 25 de Abril, em 1977, Albertino dos Santos Ferrão e a esposa Alice Garcia Passinho adquirem o histórico estabelecimento, mantendo-o durante mais de 40 anos.
A história do ‘Portugal’ está assim indissociavelmente ligada a esta família, que curiosamente o trespassou, em 2019, à filha e ao genro –– Micaela Pereira e André Silva – do mais antigo funcionário da casa – Carlos Artur dos Santos Pereira – que ainda hoje continua a trabalhar, agora com a família, ‘por detrás do balcão’. Desde 1978!”.