Empresário anunciou em Midões que não se vai recandidatar nas próximas eleições por motivos de saúde. Vítor Melo explicou a sua saída da concelhia: “dou prioridade à família e aos meus bombeiros depois da tragédia do incêndio”
Foi com a emoção espelhada no rosto, que Fernando Tavares Pereira anunciou domingo passado, num encontro de militantes do PSD em Midões que reuniu mais de uma centena de pessoas, que não se recandidata nas próximas eleições autárquicas por motivos de saúde que o têm afectado nos últimos tempos. ”Custa-me dizer isto”, referiu o empresário, garantindo que vai apoiar incondicionalmente o partido, agora liderado por Tânia Bernardete Pereira, revelando que fará um investimento entre 2 a 3 milhões de euros no concelho de Tábua na área da saúde caso os social- democratas vençam as eleições.
“Será um investimento a executar até ao final do mandato, pois, há muita gente que sofre e não tem meios para se curar”, referiu, acentuando que irá fazer tudo para que “Tábua tenha a mudança necessária, para que haja uma boa governação, para que as pessoas saibam onde se gasta o dinheiro, qual é o endividamento do Município, o que as Juntas de Freguesia têm feito em prol de todos nós”.
“Nós dizemos a verdade e perdemos, quando mais se mente mais se ganha e eles passam o tempo a mentir a todos nós”, disse Fernando Tavares Pereira, sublinhando que “quem assumir a Câmara tem de saber gerir, lutar para que as aldeias e freguesias não continuam abandonadas”.
E recordou os tempos da governação de Cavaco Silva, “em que havia escolas, centros de saúde, hoje o nosso país estagnou”, citando os casos em que há muitos sectores fundamentais na vida dos cidadãos que têm fechado. “Tem sido uma farsa, porque o poder está em Lisboa e aqui há uma desertificação total, com perseguição a quem ouse fazer denúncias deste estado de coisas”.
”Eu estou à frente de uma empresa que é uma das mais perseguidas do país”, citando o caso recente em que ganhou cerca de 26 milhões num processo que o opôs ao fisco, “uma importância que me queriam roubar e, se eu não tivesse dinheiro, estava falido”, vincando que “os empresários têm de ser tratados com dignidade e respeito”.
E ainda sobre as perseguições e mentiras que foi alvo, o empresário lembrou que, por ocasião dos incêndios, foi alvo de denúncias e acusado por um responsável autárquico numa reunião de Câmara em Ázere de ter facturado com os produtos que vendia para a MAAVIM e que facturava e encaixava, “acusando-me daquilo que eu não sou”. “Esse responsável ofendeu-me e, por isso, está a decorrer em tribunal um processo contra ele em defesa da minha honra e dignidade!”
E acrescentou: “Esse alto responsável chegou a dizer que, assim, também eu era grande mas sem caixa. Eu respondi que se tivesse conhecimentos de contabilidade, saberia que tinha sido tudo feito com recibos e donativos meus de todos esses produtos para a associação e tudo ficara registado e comprovado. Mais tarde, depois de investigar e arquivar o caso, a PJ escreveu no relatório que ainda bem que havia pessoas como o Sr. Fernando Tavares Pereira que conseguiu fazer chegar a quem necessitasse os bens de primeira necessidade.”
E dirigindo-se aos elementos da concelhia do PSD de Tábua que tomaram posse nesse dia, fez um apelo para que “não tenham medo, que dêem a cara, eu cá estarei para os ajudar”.
Usaram ainda da palavra, a nova dirigente do PSD de Tábua, Tânia Pereira, que reforçou a necessidade de apoiar as freguesias do concelho, Paulo Leitão, o líder da Distrital do PSD de Coimbra que garantiu que o governo iria avançar como IC 6, expressando a sua convicção que o partido iria ter um bom resultado em Tábua.
De destacar ainda a intervenção de Vítor Melo, actual vereador e que deixou o lugar de vice-presidente da concelhia, explicando os motivos por que deixou o cargo: “Devido à tragédia que ocorreu nos Bombeiros de V. N. Oliveirinha, é meu dever apoiar a minha família. Têm sido tempos muito difíceis de muita dor, são feridas que levam muito tempo a sarar e eu quero estar presente para ajudar.
Tenho na minha educação e formação a família como pilar principal da vida, é sempre prioritária nas minhas decisões.
Paralelamente a minha família parental estão os bombeiros a minha outra família onde estou integrado quase desde que nasci. Jamais os abandonaria num momento tão delicado e difícil como o actual quero estar presente para ajudar e apoiar os meus homens e mulheres os nossos heróis.
Por outro lado, o aconselhamento médico que me obriga a evitar momentos de stress, tensão e conflitos para o bem da minha saúde”, afirmou Vítor Melo, acrescentando:
“Como qualquer cidadão, tenho as minhas ambições os meus projectos e objectivos, mas para mim não vale tudo para atingi-los. O que sou hoje, é reflexo das decisões do passado que criou a minha personalidade e carácter. E disso não abdicarei. Esta decisão não é sinónimo de um abandono definido da política é um até já”.
Texto e fotos: José Leite