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A leitura da obra ”Pais Desumanos”, de Maria Alice Gouveia, é feita num fôlego; mas se o tempo for de menos, pode fazer uma pausa no capítulo seguinte - não se perde o “fio à meada” porque o “guião do filme” é corrido e apelativo. Em tempo de Natal, se há dúvida na prenda, o livro é excelente alternativa.

Figuras: Maria Alice Gouveia

Imagem vazia padrãoA estória é real e a Concha, figura principal do romance, existe. O enredo é fruto da imaginação da autora, que não se assume como escritora, porque “tem muito que se lhe diga” a assunção da arte de escrever. Também não se considera pintora, embora existam telas com a sua assinatura.
Voltemos a “Pais Desumanos”.

Leio na contracapa: “Depois de ter sido molestada pelo pai, aos cinco anos de idade, Concha foi violada aos oito pelo padrasto…” .As palavras são duras! – é a partir de um facto, conhecido em determinada cidade americana, que Maria Alice decide passar para o papel as ideias alinhavadas, daí que o título, à partida, deixe antever a leitura de retratos violentos durante os vinte episódios da obra.

A violência existe, não importa o tipo nem o género, mas também se fala de amor na forma mais sublime; é pela força desse sentimento superior, consubstanciado pelo casamento entre Concha e Tyree, que o livro atinge o happy ending que se deseja numa estória de paixão.

Editado pela “Papiro Editora”, reconhece-se nesta aposta editorial o desejo de apresentar ao público leitor uma escritora que se imagina debutante no estilo, o que não é verdade. Ainda na América, onde residiu vários anos, fez publicar a sua primeira obra literária “ The Donatos”, onde conta algumas das peripécias vividas em New Jersey, como doméstica, em casa da família dos Donatos.

Maria Alice nasceu no Lobito, Angola. Quis o destino que o pai tenha decidido vir de férias a Portugal antes da Revolução de Abril de1974.Por cá ficaram, de certo modo ao sabor dos acontecimentos, até 1982.Já casada, decide emigrar para os Estados Unidos da América , onde já estava o marido. Como não tinha autorização de residência, foi a “ salto”, via Montreal, no Canadá, e as aventuras começaram nessa altura, ainda no aeroporto. Resolvido o “inquérito” a que se viu sujeita, com alguma artimanha e diplomacia, o “passador” levou-a ao encontro do “Novo Mundo”, do outro lado da fronteira.

Começou por cuidar a casa de outros, mas logo que foi possível a legalização, ingressou numa instituição bancária, passou pelo negócio da restauração, teve tempo para fazer aprendizagem específica no campo da decoração de interiores, abriu o seu próprio negócio, estudou pintura com uma professora polaca, com a intenção de aproveitar as horas de ócio e “descansar o espírito”, e continuou um nunca mais acabar de experiências que lhe permitem afiançar que, para si, a felicidade passa por “realizar várias coisas ao mesmo tempo…”

Diz-se pessoa realizada pelo que tem dado de si à família e à sociedade.
– Faço o que gosto, não sei se as pessoas gostam daquilo que faço!
Em 2003 regressou à terra natal, Aldeia Formosa. A par das suas obrigações familiares ocupa o tempo escrevendo noite dentro, na expectativa de ver publicado outro dos seus romances a breve trecho.

Por ora, “Pais Desumanos” pode ser encontrado em exclusividade em duas livrarias de Oliveira do Hospital (Coelho Marques e Anita Papelaria).

Um dia destes, pode ser que a pintura ande de braço dado com a escrita…

Carlos Alberto

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