O caso que tem estado na berlinda é o do Estrela da Amadora, onde se diz que há familiares de jogadores a passar fome.
2. Mas este caso é mais mediático porque esta equipa pertence à Superliga e tem as televisões sempre em cima. Tal como o Vitória de Setúbal, o Boavista… e há outras da 2ª e 3ª Divisões nacionais, que não têm direito a notícias de primeira página, onde os jogadores fizeram contratos para receberem mensalmente à volta de quinhentos euros e que até agora não viram a cor do dinheiro.
3. Alguns casos são mesmo dramáticos e muitos destes jogadores tentam trabalhar, só que não encontram empregos, pois não têm nenhum tipo de qualificação. Esta é uma realidade dura que poucos conhecem mas que existe. É preciso que os directores dos clubes sejam responsabilizados, não por serem directores mas por venderem ilusões a jovens que sonham em serem craques.
4. Cada vez mais estes jovens devem ser preparados para que tenham uma carreira profissional e que a prática do desporto seja complementar. Dizia o Professor Orlando Duarte, seleccionador de futsal da Selecção nacional, que “em cada mil praticantes é aproveitado um para a alta competição”. É significativo.
5. Conheço muitos jovens que sonham em ser futebolistas profissionais, mas a quem eu sempre digo: estuda e se te preparares bem talvez um dia possas ter uma oportunidade, desde que tenhas espírito de sacrifício e que saibas sofrer para alcançares esse objectivo. Ter jeito não é suficiente. Mas a sociedade de hoje não ensina o jovem a sacrificar-se para alcançar algo que ele quer atingir.
6. Desviei-me da rota, já que hoje escrevo sobre a relação da crise no futebol e a mim parece-me que a redução do poder de compra dos portugueses, influencia a ida aos jogos. Ainda no domingo o jogo Académica de Coimbra/ Estrela da Amadora teve 998 espectadores.
7. Depois o elevado preço dos bilhetes também é causa das pessoas se retraírem de irem ao futebol. O dinheiro não chega para tudo e tem que se cortar naquilo que é supérfluo. Vejam-se as assistências do União de Leiria e Beira-mar, que têm menos pessoas que muitos jogos do Distrital.
8. Por isso eu julgo que nesta fase difícil é preciso realismo e que por isso é melhor andar na Distrital do que nos Campeonatos Nacionais, onde o investimento é diferente. Depois de uma crise, existe sempre uma força que brota dela e que nos faz ter esperança no futuro. É preciso é que não se morra durante o tempo que ela dura.
9. A maioria dos clubes gasta aquilo que não tem e por isso o futebol português está à beira da falência. Se todas as Câmaras deixassem de dar subsídios, todos sabem o que acontecia. Nunca gostei de ser sócio do Marítimo….