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Fornotelheiro eleva requeijão a protagonista de Festival e chama atenção para escassez da produção

A procura pelo Festival do Requeijão no Fornotelheiro começou dias antes do evento, com as 300 vagas para a caminhada da Rota do Requeijão a esgotarem rapidamente. No domingo, 6 de Abril, o largo da igreja da localidade encheu-se de visitantes, vindos de vários pontos, para participar na 9.ª edição do festival. E, em pouco tempo, os mais de 300 requeijões, adquiridos pela Junta de Freguesia aos quatro produtores locais, desapareceram da banca, confirmando o crescente interesse por este produto tradicional.

O evento incluiu ainda uma mostra gastronómica, onde o requeijão foi protagonista em versões reinventadas. Entre as iguarias apresentadas, destacaram-se uma bola de Berlim recheada com requeijão e um pastel de nata com o mesmo ingrediente, propostas que surpreenderam e conquistaram os visitantes.

Apesar do entusiasmo, o festival voltou a evidenciar um desafio já sentido em edições anteriores: a escassez do produto. Pouco depois da abertura oficial, às 15h30, já restavam poucos exemplares para venda. O presidente da Junta de Freguesia do Fornotelheiro, Bruno Almeida, reconheceu a necessidade de encontrar uma solução. “Para a próxima edição, temos de aumentar o stock, mas o problema é como. Só temos quatro produtores na freguesia e o requeijão que apresentamos é fresco, para manter todas as suas propriedades intactas”, afirmou, admitindo que o desafio será encontrar um equilíbrio entre a produção e a crescente procura.

A valorização do requeijão tem sido notória nos últimos anos. Se antes era visto como um produto secundário, hoje é cada vez mais procurado, tanto por habitantes locais como por turistas. “Se tivéssemos mil, vendíamos mil. Se tivéssemos dois mil, vendíamos dois mil”, reforçou Bruno Almeida, sublinhando a importância do festival na dinamização do território.

O evento começou logo pela manhã, com a caminhada da Rota do Requeijão, um percurso de 13 quilómetros que atravessou pastagens e incluiu uma visita a uma queijaria. Zé Aires, produtor local, recebeu os participantes na Quinta da Moita, onde puderam provar requeijão, doce de abóbora e queijo Serra da Estrela. Mais tarde, no seu stand instalado no festival, o balanço das vendas era revelador do sucesso da iniciativa. “Já tive de ir buscar mais 50 queijos. Requeijão não, esse foi todo vendido à Junta, que ficou com exclusividade do ‘rei’ da festa”, explicou.

Com uma experiência de anos na produção de queijo e requeijão, Zé Aires recorda que este era, noutros tempos, um alimento simples, de consumo local, tal como o soro. “Ainda me lembro de quando era considerado comida para os mais humildes. Agora é muito procurado e passou a fazer parte das iguarias dos doutores”, comentou, elogiando este tipo de eventos, que promovem os produtos regionais e dão visibilidade às aldeias. Na sua exploração, todos os dias são produzidos 20 requeijões e dez queijos, a partir do leite de mais de 300 ovelhas. Mas este ano, a produção enfrentou desafios. “Houve muita erva, e isso fez com que a produção de leite diminuísse. Mas a qualidade manteve-se muito elevada”, explicou.

O festival não se limitou ao requeijão. Houve também espaço para outros produtos locais, como mel, pão e doçaria tradicional. No meio da animação, alunos da Escola Superior de Hotelaria de Seia apresentaram a bola de Berlim com requeijão, que rapidamente se tornou uma das atrações da tarde. “Muito bom”, comentou uma visitante, satisfeita com a inovação. “No meu tempo, tínhamos requeijão de qualidade, mas não lhe davam esta utilização”, acrescentou, elogiando a criatividade dos jovens chefs.

A animação prosseguiu com a atuação da cantora Rosinha, que juntou dezenas de espectadores em frente ao palco. Entre música e trocadilhos, aqueceu o ambiente para o Concurso de Bolos, onde os participantes foram desafiados a incorporar requeijão nas suas receitas. O júri, que incluiu o presidente da Câmara Municipal de Celorico da Beira, Carlos Ascensão, elegeu como vencedor um pastel de nata com requeijão, confeccionado por Catarina Caetano. “Mais uma prova de que este é um ingrediente versátil”, destacou o júri.

No final do evento, Carlos Ascensão sublinhou a importância do festival na promoção dos produtos regionais e no desenvolvimento das aldeias do concelho. “O requeijão tem uma qualidade excepcional, tradição no concelho e este evento afirma o Fornotelheiro como centro de promoção deste produto, tal como existem iniciativas para divulgar o queijo Serra da Estrela e o borrego”, afirmou.

Já o presidente da Junta de Freguesia do Fornotelheiro, Bruno Almeida, fez um balanço positivo do festival e deixou uma promessa. “Mais uma boa razão para nos visitarem. A 10.ª edição será ainda mais marcante”, garantiu.

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