Francisco José Viegas apresentou o primeiro volume da obra na Casa Vergílio Ferreira, num tributo ao legado do escritor de Melo.
A Casa Vergílio Ferreira – Para Sempre, em Gouveia, acolheu na sexta-feira a sessão de lançamento da reedição do primeiro volume da obra Conta-Corrente, de Vergílio Ferreira. A nova edição, da responsabilidade da Quetzal, recupera um dos registos literários e documentais mais relevantes da segunda metade do século XX português.
A sessão contou com a presença do director editorial da Quetzal, Francisco José Viegas, que sublinhou a importância de resgatar o património literário nacional: “Publicar livros é lutar contra o esquecimento, pois o esquecimento é um deserto terrível, e não seremos suficientes para combater esse exército invisível. Temos o dever de combater esse esquecimento”, afirmou o editor.
A obra Conta-Corrente, agora reeditada em três volumes, reúne reflexões, confissões e observações de Vergílio Ferreira entre 1969 e 1992, oferecendo uma leitura transversal à literatura, à política e à sociedade portuguesas da época. Pela acuidade das suas opiniões e pelo retrato intimista que oferece do meio literário nacional, o diário assume-se como fonte essencial para a compreensão da vida intelectual portuguesa desse período.
A cerimónia foi conduzida pelo vice-presidente da Câmara Municipal de Gouveia, Jorge Ferreira, que reforçou o compromisso da autarquia com a valorização da figura do escritor natural da freguesia de Melo. “É com orgulho que o Município reconhece Vergílio Ferreira como nosso maior intelectual. A homenagem ao escritor não se trata apenas de uma obrigação institucional, mas sim de um dever ético de quem respeita a sua história e a sua cultura”, declarou.
Estiveram ainda presentes Pedro Kasprzykowski, familiar de Vergílio Ferreira, e Rafael Gallo, escritor brasileiro que se encontra em residência literária em Gouveia durante o mês de Abril, no âmbito do programa da Casa Vergílio Ferreira – Para Sempre.
A reedição de Conta-Corrente insere-se no trabalho de preservação e promoção da obra do autor, cuja casa-museu é hoje um espaço de reflexão e criação literária.