…a primeira, levada a efeito no dia 23 de Janeiro, organizada pelo Núcleo de Desenvolvimento Empresarial do Interior e Beiras (NDEIB) e dirigida a empresários de confecção do Concelho e a outra, realizada pela ANIVEC/APIV-Associação Nacional das Indústrias de Vestuário e Confecção, no pasado dia 26 de Janeiro, dirigida aos industriais das Confecções do centro do País.
Numa delas, um nosso colega afirmava que as confeccões têm um futuro curto – talvez 5 ou 10 anos. Uma “verdade de La Palice”! Tudo o que nasce, morre… Mas, porque não tentar dilatar-se esse período para 50 anos??! Quem não pensa viver o maior número de anos possível? Quem não faz tudo o que esteja ao seu alcance para que esse fim seja o mais longínquo possivel? Quem não altera os seus hábitos alimentares, os seus hábitos de rotina para melhorar a sua saúde e qualidade de vida e atrasar a sua morte?
Somente os suicidas encurtam a vida e, às vezes, por razões que até podemos compreender. Então, eu pergunto: Porque não adoptar a mesma atitude e empreender o mesmo esforço nas nossas empresas? Porque não prolongar a Vida ao invés de procurar o suicídio?
Quando, há cerca de quatro anos, saí da gestão da empresa que fundei, numa altura em que a empresa se encontrava numa situação financeira muito difícil, assumi uma atitude: Protelar a Morte da Empresa. Desde então, nunca mais entrei na empresa, confiante em ter tomado a melhor decisão para a Empresa e seus trabalhadores. E de tal maneira isso assim foi que a situacão hoje, volvidos estes anos, apresenta racios e índices mais favoráveis que no passado.
Com um crescimento médio anual das vendas da ordem dos 30% nos últimos anos e uma previsão para 2009 da mesma ordem de grandeza, a crise ainda não se faz sentir na Davion.
Parafraseando Martin Luther King: I have a dream!
Tenho o sonho de ver o polo de confeccões de Oliveira do Hospital ser o último a findar em Portugal. E porquê? Porque acredito na capacidade e qualidade dos fundadores das fábricas de confecções. Não estou a falar de mim, já que eu tive as condições materiais e culturais propícias para o fazer, mas daqueles que, em condições adversas, ousaram levar avante o seu empreendorismo e construiram uma obra melhor e merecedora do meu respeito e admiração.
Nao posso deixar de lembrar aqui quão despropositado foi, e tem sido, o comportamento dos nossos políticos, desde o Dr. Álvaro Cunhal que afirmava, num comício na Bobadela, já lá vão quase 20 anos, que as confecções na nossa terra estavam condenadas a curto prazo, passando por César de Oliveira que, numa entrevista ao CBS, alertava para o perigo da elevada concentração no sector têxtil do emprego do Concelho e terminando no actual Presidente de Câmara que também nada contribuiu para a valorização dos empreendedores e trabalhadores das nossas Confeccções, que vão já, alguns, na terceira geração.
Que ensino técnico foi instalado para este sector? Que apoios solidários foram prestados às empresas nas dificuldades vividas? Que apoios políticos disponibilizaram para reforçarem o seu desenvolvimento? Que preocupacões manifestaram aquando do encerramento de fábricas e consequente desemprego? Todos se enganaram e ainda se enganam os que, teimosamente, não reconhecem a capacidade de trabalho, criativa e inovadora dos nossos empresários, e a sua enorme importância, na actual conjuntura de crise, como garantia de emprego e estabilidade social.
Quais os sectores do País ou do mundo que não estão em crise? Que sector garante, actualmente, no nosso concelho, um emprego mais estável e duradoiro que as Confecções?
I have a dream de ver as nossas confecções a ultrapassarem a crise e a afirmarem-se no nosso Concelho.
I have a dream de ver novas gerações de quadros e trabalhadores ligados ao sector das Confecções.
I have a dream de ver as nossas empresas de Confecções produzindo por muitos e largos anos…
I have a dream de ver meus netos dando seguimento ao sonho do bisavô.
I have a dream de não ver o desemprego e a insegurança social atingirem o nosso Concelho.
O exemplo da Davion deve ser referido sem complexos ou falsas modéstias, porque entendo que poderá indicar algumas vias para a renovação e consolidação das empresas de confecções no nosso Concelho. Essa transformação compreende duas vertentes: – A renovação das chefias – Parcerias com outras fábricas.
Desde há algum tempo que a empresa Davion estabeleceu uma parceria produtiva com a empresa Mundivest o que garantiu, a ambas, uma melhor capacidade para aguentar a “crise”. Ambas beneficiaram e beneficiam deste acordo e a morte ficou mais distante. Mas, as parcerias das nossas empresas não se podem ficar apenas por este tipo de relação produtiva. Exige-se outro tipo de parcerias entre as nossas empresas, como muito bem focou o Sr. Presidente do NDEIB, no passado dia 23: – Parcerias nos transportes, Parcerias nas compras, Parcerias nas negociações bancárias, de seguros etc.
Tudo isto, obviamente, sem que nenhuma empresa perca a sua própria identidade. Os nossos empreendedores têm de lutar, nao apenas pela subsistência mas pela continuidade das suas confecções em Oliveira do Hospital. Os nossos emprendedores devem não só proteger os seus sonhos, os seus activos, mas também contribuir para a estabilidade social do nosso concelho e para a preservação dos índices de seguranca e de qualidade de vida dos Oliveirenses que, com o desemprego, não será mais possível manter.
Eu tenho o sonho de o último reduto de Confecções em Portugal ficar localizado em Oliveira do Hospital. Para terminar, continuando a parafrasear um americano, ao sonho acrescentaria a firme convicção de que YES, WE CAN! E, num próximo artigo justificarei porque PODEMOS!
Carlos Brito