Diz o Povo na sua sabedoria de experiência feita que “mais vale prevenir que remediar”. E diz também que “depois de casa roubada, trancas à porta”.
Direi eu que as más políticas agrícolas e florestais definidas e aplicadas, há já algumas décadas, aos territórios por sucessivos governos e governantes e pela União Europeia (antes CEE), tais políticas, verdadeiramente “incendiárias”, estão na base mais profunda do tremendo flagelo que periodicamente nos assusta, nos assalta e tanto nos prejudica a vida.
O êxodo demográfico, forçado por essas más políticas agro-rurais, atira com as Pessoas para fora das nossas Aldeias, Vilas e Cidades rurais. Ora, sem Pessoas, não há o elemento humano presente no terreno, a cuidar da agricultura familiar e das parcelas florestadas. Eis o contexto geral que potencia a violência e a extensão dos Incêndios Florestais/Rurais onde também tem pesadas responsabilidades a continuada baixa dos preços da Madeira na produção. Sim, tem sido uma baixa de preços imposta pela grande indústria de derivados florestais e que, assim, retira interesse económico para a exploração florestal por parte dos pequenos e médios Proprietários e Produtores Florestais.
E o pesadelo salta, assopra e queima…
Agora, não atingiu as proporções e a violência do Fogo Grande de 2017
Mas instalou medo, provocou prejuízos e também matou.
E como se volta a ver agora, aí temos as Populações em aflição dia e noite, aí temos os perigos que os Bombeiros correm, aí temos o drama e a tragédia a caírem-nos em cima. As televisões “sopram” o espectáculo a toda a hora e assim também avivam o pesadelo…
Os mais sentidos pêsames endereçados a Familiares e Amigos das maiores vítimas destes Incêndios de agora. Solidariedade também para com a Corporação de Bombeiros de Vila Nova de Oliveirinha. É agora necessário algum reconforto para a dor provocada, e também que o Governo defina e atribua apoios significativos às Famílias afectadas, à própria Corporação de Bombeiros e às Populações prejudicadas.
Não se previne a frequência e a extensão destes Incêndios aumentando os níveis legais de repressão sobre os incendiários confirmados.
O aumento da repressão não virá, por si só, reduzir significativamente a frequência, a violência e a extensão deste tipo de Fogos Florestais / Rurais.
Mas voltam a surgir as vozes dos “cabeças quentes” do costume a falarem nisso como sendo a chave do sucesso ao combate ao flagelo. Não, não será por aí…
A prioridade deve centrar-se no combate às raízes mais profundas da situação e que radicam nos aspectos estruturantes acima descritos.
Ao mesmo tempo, os sucessivos governantes devem deixar-se, e de uma vez por todas, de se concentrarem em iniciativas de pura propaganda política e partidária, e passarem à aplicação de medidas eficazes que cheguem, de facto, ao terreno e às Pessoas, e que potenciem as políticas de prevenção efectiva. Creio mesmo que se pode começar cá por perto, por exemplo, a nível da “Comissão Municipal de Defesa da Floresta contra Incêndios”, com a particularidade de o nosso Concelho de Oliveira do Hospital precisar mais ainda de uma correcta política pública de reflorestação e de efectiva manutenção da rede dos caminhos agro-florestais.
A nível nacional, e pese embora a seriedade deste problema, dá para se dizer que se defina e aplique um quadro legal/penal mas para penalizar as tais “políticas incendiárias” já aqui citadas. Já agora, os Eleitores, de cada vez que há Eleições, têm na ponta da esferográfica a possibilidade de “penalizar” os principais responsáveis por tais políticas… Assim seja.
Setembro de 2024
Autor: João Dinis, Jano