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“Isto é um convite para os poucos que por cá resistem também abandonem o território”

Fernando Tavares Pereira acusa carta de risco de incêndios de potenciar desertificação e critica silêncio dos deputados eleitos pela região

O empresário Fernando Tavares Pereira não esconde a sua revolta para com o silêncio dos deputados eleitos pelas regiões da interior face à carta de risco de incêndios que, no seu entender, vem ajudar à desertificação, colocando entraves a qualquer tipo de investimento e que pouco ou nada ajuda na prevenção dos incêndios. “Nem uma casa ou quinta se podem recuperar nesses espaços considerados de risco elevado ou muito elevado de incêndios. Não se pode investir na floresta. Não se pode fazer nada. Isto não é prevenir os fogos. Isto é um convite para os poucos que por cá resistem também abandonem o território”, acusa, defendendo apoios para uma reflorestação ordenada, mais resistente e resiliente.

Salientando que ao colocarem no mapa de risco de incêndios praticamente toda a área ardida em Outubro de 2017 fizeram uma aposta errada, Fernando Tavares Pereira defende que, com os dinheiros que vieram da Comunidade Europeia, devia-se ter apostado na reflorestação ordenada que prevenisse os incêndios e ao mesmo tempo permitisse a sua exploração económica, bem como no incentivo à agricultura nestes concelhos, em particular nos mais afectados pelos incêndios de 15 de Outubro de 2017. “Isso é que seria uma atitude responsável para com uma região que precisa de se desenvolver e de atrair população. Mas o Governo esqueceu-se, mais uma vez, que também somos Portugal e a política que está a praticar parece apostada em acabar com estas áreas onde a desertificação aumentou mais de 20 por cento nos últimos 20 anos que foram de completo abandono”, sublinha o empresário que nas últimas legislativas foi candidato nas listas do PSD por Coimbra. Lamenta ainda que tudo isto ocorra perante o silêncio dos deputados “que tinham obrigação de defender os interesses da população que os elegeu”.

“Com a transferência de competências, no máximo dentro de quatro anos, as autarquias não vão ter dinheiro para sustentar a máquina”

“Se eu tivesse sido eleito já me tinha feito ouvir contra esta vergonha. Os deputados do interior deviam unir-se para não se repetirem os do passado. Mas, infelizmente, como sempre, as pessoas depois de ocuparem os lugares, alguns julgando-se muito importantes, esquecem-se rapidamente dos problemas do interior. E temos este silêncio ensurdecedor”, insiste, acusando também os autarcas de inércia ao longo dos tempos face a este estado de coisas. “Também não fizeram nestes anos praticamente nada para que houvesse o máximo de cuidado e que fosse aplicada uma política que invertesse o abandono destas terras”, insiste. “Em vez de mais coesão, temos mais desertificação”.

O empresário considera ainda que “outra tormenta que se avizinha” para as populações dos territórios de baixa densidade prende-se com a transferência de competências do poder central para as autarquias. Fernando Tavares Pereira acredita que esta atitude vai potenciar “os empregos para os amigos”, aumentando de tal forma a máquina que, no máximo, em quatro anos as verbas deixaram de ser suficientes. “Depois desse período de tempo não vão conseguir manter a educação ou saúde que já tivemos há duas décadas. Esta vai ser uma forma de criarem lugares para amigos e não para apostar no desenvolvimento e com o tempo a verba que vem do Estado central será insuficiente para alimentar a máquina”, acusa. “O que é que o povo vai ganhar com isto?”, pergunta, para responder de imediato: “nada”.

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