Se bem que nestas passadas três décadas Portugal sofreu uma transformação substancial, certo é também que, em determinados aspectos, algumas mentalidades mais obtusas continuam salazarentas e completamente alheadas da realidade do novo Portugal. Está subjacente ao conceito de “Democracia e Liberdade” o facto de a maneira de ser e de agir de qualquer cidadão ter que ser tolerada e respeitada, tendo sempre em conta o respeito pelo nosso semelhante.
Têm no entanto decorrido alguns acontecimentos que em nada abonam o conceito de tolerância e respeito pelo ponto de vista dos outros a que me referi anteriormente. Na Assembleia de Freguesia de Oliveira do Hospital realizada no passado dia 22 de Abril, ocorreram alguns factos ilustrativos da falta de tolerância e respeito institucional pelos que a maioria PSD teve para com os elementos democraticamente eleitos nas listas do PS para a Assembleia de Freguesia.
É certo que a nossa conduta neste órgão autárquico tem sido incómoda para quem – e não querendo de modo algum desmerecer o anterior grupo do PS nessa Assembleia, que realizou o trabalho possível – estaria habituado a gerir a freguesia sem ser questionado nem confrontado com aspectos menos claros da sua gestão. É de facto redutor que o grupo que sustenta a maioria na Assembleia (PSD), na generalidade “entre mudo e saia calado”, não apresentando propostas, reivindicações ou sugestões, apenas participando nas votações que o grupo do PS promove.
Certamente que serão abordados, como nós, por cidadãos que lhes colocam problemas que gostariam de ver resolvidos. O seguidismo leva a que todas as propostas perfeitamente exequíveis que os elementos do PS apresentam sejam liminarmente rejeitadas pela maioria. Aliás, uma grande parte das questões que colocamos ao Sr, Presidente da Junta de Freguesia não nos merecem qualquer resposta de sua parte. Obviamente que não nos revemos nesta forma de estar na política!
Caso paradigmático, foi uma proposta que levámos a apreciação e votação, relativamente a um voto de congratulação referente ao início das obras do novo edifício da ARCIAL, financiado maioritariamente pelo Estado Português e Câmara Municipal, contando ainda com a legítima influência do Sr. Engº António Campos junto de instâncias superiores. Pois, pasme-se, essa nossa proposta foi rejeitada, com os votos contra dos elementos do PSD. Por ordem de quem? Será uma estratégia pré-concebida? Salvaguardando as devidas proporções, tal procedimento faz lembrar o famigerado “lápis azul” de outrora, na tentativa de eliminar tudo o que não interessava ser divulgado pelo regime.
Por exigência dos elementos do PS, e de acordo com a lei em vigor, as Actas das Assembleias terão que ser disponibilizadas “on-line”, pelo que os munícipes poderão constatar dos desenvolvimentos das Assembleias, mesmo que estas Actas sejam frequentemente feridas de incorrecções, facto por nós prontamente assinalado, mas quase nunca atendido.
Para terminar, pretendo apenas e só, que o espírito de Abril seja cumprido, que todos contribuamos para o desenvolvimento do nosso Concelho, e Freguesia em particular. Não poderemos nunca pugnar pelo desenvolvimento de costas voltadas e não aceitando contributos de quem quer única e simplesmente contribuir de alguma forma para o colmatar de algumas lacunas e deficiências na gestão autárquica. Os Oliveirenses poderão sempre contar connosco. Viva a Liberdade, viva o 25 de Abril!
António José A. Faria da Cunha (Eleito pelo PS à Assembleia de Freguesia de Oliveira do Hospital) antoniofariadacunha@gmail.com