Um comboio de alta velocidade, com mais de 200 passageiros que fazia o trajeto entre Madrid e Ferrol, em Espanha, descarrilou na quarta-feira à noite, causando a morte a pelo menos 78 pessoas. O acidente ocorreu muito próximo de Santiago de Compostela, numa curva apertada. Suspeita-se de excesso de velocidade. Portugal ofereceu ajuda às autoridades espanholas.
“O número de mortos não será inferior a 35”, dizia o presidente do governo regional da Galiza, Alberto Nuñez Feijoo, à rádio Cadena Ser a meio da noite. Mas o balanço continuou a subir ao longo da madrugada enquanto decorriam as operações de socorro. Às 5h10, estavam confirmados 78 mortos e 143 feridos, 15 dos quais ainda por identificar. Quatro das vítimas mortais morreram já no hospital.
O comboio de alta velocidade, que fazia a ligação Madrid-Ferrol com 218 passageiros mais tripulação (247 pessoas segundo o conselheiro regional Agustín Hernández Fernández de Rojas), descarrilou à entrada da estação de Santiago de Compostela, na Galiza, cerca das 20h45 locais (19h45 horas em Portugal continental).
Portugal ofereceu ajuda às autoridades espanholas, perante aquele que é o terceiro acidente ferroviário mais grave em Espanha.
O comboio ficou partido em dois. Treze vagões foram afetados, ficando tombados na linha e amontoados. Um dos vagões voou pelo ar e passou a vedação da linha férrea, com cinco metros de altura, caindo muito perto de umas casas.
As causas do descarrilamento são ainda desconhecidas – suspeita-se de excesso de velocidade, tendo em conta que o acidente aconteceu num local onde a linha férrea faz uma curva apertada. Há indicação de que o comboio circulava com cinco minutos de atraso, a 190 quilómetros por hora numa zona limitada a 80 quilómetros por hora. Os maquinistas escaparam ilesos.
Um dos maquinistas foi encontrado a deambular entre os corpos e os destroços, dizendo: “Descarrilei, que hei de fazer, que hei de fazer?”
“Em nenhum momento pensei num atentado. Quando o comboio entrou na curva, tive a sensação de que ia demasiado rápido e descarrilou”, descreveu Sérgio, um dos passageiros feridos. O Ministério do Interior também descartou a hipótese de atentado.
O comboio descarrilou em Angrois, um bairro a quatro quilómetros da estação de Santiago. Nesta região decorria uma festividade, que entretanto foi cancelada.
Para o local foram mobilizadas várias ambulâncias, bombeiros, agentes da polícia local e nacional. Moradores na zona também colaboraram com os meios de socorro, nomeadamente, cedendo mantas e lençóis para tapar as vítimas mortais. Alguns transportaram feridos ao hospital nos seus veículos particulares.
As autoridades fizeram um apelo à doação de sangue, de forma a responder às necessidades das dezenas de feridos. A população galega respondeu em massa, registando-se longas filas no centros de recolha de dádivas.
jn.pt