Vamos à fase final do Europeu em que a Selecção Nacional anda envolvida.
E já lá vão dois jogos com duas vitórias da Selecção e passagem assegurada aos oitavos de final da competição. Motivos de satisfação mas…sem euforias.
Desde logo porque as probabilidades matemáticas a nosso favor estão mais do que esgotadas naquilo que diz respeito às ofertas clamorosas de golos e a auto-golos por parte das equipas adversárias. Contra a Chéquia, foram duas ofertas flagrantes, uma delas um auto-golo. Contra a Turquia, foi aquele auto-golo “espectacular” feito pela colaboração “fraticida” entre o guarda-redes e o defesa turcos. Foram “bons rapazes”… Obrigado !
Os recordes inconvenientes.
O primeiro deles é o dos 41 anos do Pepe e o segundo é o dos 39 anos do Cristiano Ronaldo.
Estamos no final da época competitiva e numa competição intensiva. Com esforço redobrado – físico e mental – e pouco espaço para recuperação entre os jogos.
Pepe e Cristiano são excepcionais nesse capítulo mas são seres humanos. Entretanto, estão a ser sujeitos, por opção de (des)treinador, a jogarem dois jogos seguidos todo o tempo, com Pepe a jogar apenas um pouco menos contra a Turquia. É um exagero sem grande justificação quanto a mim. E nem sequer é um bom sinal para dentro e para fora da Selecção em que os jogadores jovens é que ficam sentados no banco a “descansar”…dos treinos. Sim, por que especial razão Ronaldo esteve todo o tempo em campo no Portugal 3 – Turquia 0 ?
Cristiano Ronaldo é golos e ainda não marcou.
E ainda não marcou, quanto a nós porque a Selecção Nacional está a jogar sem se adaptar ao actual Cristiano que é quem é. Não, não se pode “entalar” o actual Ronaldo como ponta de lança, tipo um nº 9 clássico, no meio de dois ou três centrais adversários. Isso é tarefa para Gonçalo Ramos, mesmo para Diogo Jota, que se movem rápidos de um lado para o outro. Então, caso Cristiano jogasse mais recuado, a movimentar-se vindo de trás para a frente, ele teria outro “ambiente” em campo e outro galo, ou golo, cantaria. Com o Rafael Leão a romper pelo lado esquerdo… E numa emergência, com recurso a Francisco Conceição (no lado direito), o tal “espalha brasas”, aquele jogador muito “chato” de enfrentar e a quem a dada altura só apetece “dar chutos” para o varrer… Então, seria um conjunto a bombar a toda a potência. E veríamos a “máquina de fazer golos”, Ronaldo, a agitar com a bola o fundo das redes das balizas adversárias. Aí está !
Há jogadores que precisam de descansar.
E até nem me parece que seja o caso do Cristiano. Este precisa é de ter o corpo a reagir ainda próximo àquela sua “explosão” de até há uns anitos atrás. Actualmente, menos “explosivo”, ele defende-se mais (pudera!) das entradas “físicas” dos adversários e por isso também precisa de apoios próximos a ajudar a abrir-lhe espaços. Ou seja, não deve competir a Cristiano a tarefa de abrir, ele, espaços para os seus companheiros penetrarem na área, por aí. Penso mesmo que esta opção táctica em como posicionar/utilizar este Cristiano será a principal opção a fazer nesta Selecção.
Bruno Fernandes e Bernardo Silva estão cansados. Vêm de equipas de topo do futebol inglês. É “sempre a dar-lhe” a época toda e agora estamos a jogar intensivamente e com temperaturas “quentes”… É duro ! Eles não sabem jogar mal mas não está fácil. As “coisas” não lhes entram como deve ser, a um e a outro. Então, no caso do Bruno Fernandes “até dói” ver “falhanços” em lances em que ele é exímio, tipo “onde põe os olhos, põe a bola”. Pois na próxima Quarta-Feira, dia 26 de Junho, contra a Geórgia, é jogo para ficarem ambos no hotel a seguir o jogo pela televisão. Recarreguem as pilhas. Descansem longe da barulheira e da agitação do estádio. Depois, também não devem jogar juntos e ao mesmo tempo, o Bruno, o Bernardo e o Vitinha. Outra importante opção táctica a fazer.
Recordo que durante a fase final do campeonato do mundo de 1966, em Inglaterra, o próprio Eusébio, em grandíssima forma, esteve dispensado de treinar em vários treinos. Maradona e Ronaldinho Gaúcho – olha que dois ! – treinavam verdadeiramente a divertir-se com a bola. Afinal, não é durante uma fase final deste tipo que estes jogadores vão “aprender” a jogar à bola. Precisam muito de descansar/recuperar entre os jogos. Precisam de descontrair, de sentir a cabeça limpa e o corpo a “tinir” como dizem os Brasileiros. Eis o grande objectivo específico de uma (boa) equipa técnica.
Autor: João Dinis, Jano
(Treinador de sofá)