O jogo de futebol evoluiu ao longo dos tempos e, como é sabido, está transformado numa indústria envolvente à escala mundial, com os milhares de milhões de euros e dólares a circular…e com os “empresários” a intermediar. Pelo meio, fervem as paixões clubistas que os fãs jorram, apaixonadamente, e quer faça sol quer faça chuva. Os futebolistas são o melhor que há no Futebol.
Uns toques na opinião-bola levam a recuar no tempo e no modo de se jogar. Desde os primórdios que ficaram para a estória da Bola muitos e muitos dos seus mais notáveis pontapeadores e cabeceadores, com feitos de relevo.
Se, em Portugal, formos até à década de 1920/30, ficou até hoje a fama do Pepe de Belém, de seu nome José Manuel Soares, um irrequieto avançado de pequena estatura mas de enorme habilidade e que.morreu muito cedo. Pepe de Belém que jogou nos Os Belenenses e numa Selecção Nacional que até participou nos Jogos Olímpicos em Amesterdão (1928).
Passando para a década de 1940 vamos encontrar um formidável goleador pelo Sporting, o Fernando Peyroteo, o goleador que ainda hoje detém o recorde mundial da mais alta média de golos – 1,7 golos – por jogo oficial disputado | Por outro lado, é ele o maior marcador de golos em jogos entre o Sporting e o Benfica (mauzão…).
Tivemos depois o Eusébio que “reinou” em Portugal, na Europa e no Mundo, como um dos melhores rematadores de bola de sempre! É o meu maior ídolo da bola!
Vamos evocar Travassos, Matateu, Mário Coluna, Vitor Damas, Futre, Figo e até o “matador-excêntrico” Vitor Baptista, todos eles e de entre outros mais, formidáveis “craques” a quem a Bola obedecia ainda que, muitas vezes, de forma que até parecia caprichosa. Eram autênticos artistas da Bola.
Ainda hoje corre e chuta como poucos o Cristiano Ronaldo que fez e faz golos – muitos – de todas as formas e feitios. É uma “máquina de fazer golos” que detém quase todos os recordes nesse mister !
Fora de Portugal, houve e há muitas dezenas de extraordinários futebolistas que só uma enciclopédia especializada poderia enumerar. Destes, considero Pelé o mais completo futebolista de sempre, Maradona o mais “dramático” dentro e fora dos relvados e Ronaldinho Gaúcho o mais irreverente. Geniais todos eles !
Estilos de jogo. Intensidades e Dinâmicas. Futebol-dinâmica e Futebol-arte.
Viv´á Bola ! Viv´ó Espectáculo ! Viv´ós Futebolistas !
Neste título, já enumerámos alguns dos vectores que interferem num desafio de futebol e de outros jogos colectivos e neles “geram” o resultado final.
Por exemplo, nas décadas de 1970, de 1980, reinava entre nós a “teoria” segundo a qual nós tínhamos uma “técnica” do caraças enquanto que, por exemplo, os Ingleses não tinham esse nível de “técnica e, dizia-se até que chegavam a ser “toscos”. Porém, perdíamos quase sempre com eles, porquê ? Principalmente porque eles jogavam com grande e intensa dinâmica, com a bola a ser trocada ao primeiro toque e a grande velocidade também. Ora, experimentem jogar assim e verão que é de facto necessário ter muita técnica para isso embora, claro, uma técnica adapatada à velocidade de execução individual e de progressão colectiva no terreno. Entretanto, acho que ainda assim sempre haverá diferença entre estilos e processos de jogo em que os colectivos admitem mais ou admitem menos, o brilho dos “génios individuais”. Aquela equipa “brutal” do Barcelona de há uns bons anos atrás, jogava bem com tudo, para trás, para o lado e para a frente, com os adversários a “cheirar” a bola e o Messi a fazer os seus solos de artista de classe extra no meio de outros grandes artistas. “Batiam” em toda a gente !
Examine-se também aquela jogada da Selecção Brasileira que dá o 4ª golo do Brasil na final com Itália, do Mundial de 1970. É, para mim, a jogada mais exemplificativa do que pode sair do casamento da capacidade individual com, a capacidade colectiva que resulta não da soma das capacidades individuais mas da forma como elas interagem em campo, e interagem com o adversário. Nessa jogada, 10 jogadores Brasileiros tocam na bola com os Italianos a correr atrás deles até ao golo, a “jacto”, de Carlos Alberto. Entretanto, poderemos destacar, nessa jogada, a intervenção – “à parte” – que nela tiveram Clodoaldo, Jairzinho e Pelé – três artistas de primeiríssima linha. Ou seja, essa jogada é um exemplo-exemplar do futebol-arte – individual e colectivo – ao serviço de uma equipa e da sua vitória final. A deixar-nos espantados com tamanha capacidade.
Saltemos quase 50 anos e, em comparação embora sem pretender estabelecer alguma hierarquia entre elas, destaco uma jogada do Arsenal em desafio da “Premier League” contra o Leicester, em 2018. Numa só jogada, o Arsenal consegue dar 12 toques na bola seguidos, envolvendo 10 jogadores, guarda-redes incluído, até fazer gologolo e com os adversários a correr atrás.. Todavia, não nos ficam na retina uma jogada intermédia e qualquer jogador do Arsenal em especial embora todos eles tenham sido mais do que competentes e eficazes. Ou seja, esta jogada é um exemplo-exemplar da dinâmica e da intensidade no jogo, ao serviço do colectivo e sem outras interferências de predominância individual. É futebol-espectáculo e também nos faz abrir a boca de admiração. Mas há diferenças individuais, óbvias, entre uma e a outra jogadas.
Para concluir, afirmo que o Futebol no Feminino está a evoluir muito e a ficar bastante competitivo e agradável de ser visto sem que, pelo menos para já, sobressaia aquela coisa da “agressividade” tão excessivamente prezada por muita gente masculina.
Dezembro de 2024
Autor: João Dinis, Jano
(Treinador de sofá)