Longe vão os tempos em que o marketing era apenas visto como algo a que as empresas recorriam para vender os seus produtos e/ou serviços. A verdade é que, com o passar do tempo, a área do marketing passou a intervir sobre infinitas realidades como a saúde, o ambiente, a solidariedade, a promoção de uma causa, ideia ou comportamento social… deixando assim de ser visto apenas como um meio para vender perfumes, automóveis, sapatilhas ou chocolates.
Colocando de lado a ideia da obsessão do lucro ao nível empresarial, surge assim uma nova área de actuação denominada de Marketing Social. Aqui deixam-se de lado os objectivos tradicionais de venda de produtos para começarem a ser abordadas, nas estratégias, muitas outras temáticas como é o caso do tabaco, alcoolismo, prevenção rodoviária, luta contra a droga, poupança de água e energia, preservação de florestas, racismo e violência familiar.
Nestes casos, o principal objectivo passa a ser a mudança de comportamentos. Fruto desta nova realidade, a definição tradicional de marketing teve necessidade de ser alargada passando o marketing a ser visto como “o conjunto dos meios de que uma organização dispõe para promover, nos públicos pelos quais se interessa, os comportamentos favoráveis à realização dos seus próprios objectivos”.
Facilmente se conclui que esta nova definição substituiu a figura de empresas por organizações, clientes por públicos e lucro por objectivos, passando assim a área de actuação do marketing a ser claramente mais abrangente. A meio do caminho fica a combinação destas duas realidades, ou seja, empresas cujo principal objectivo é a venda de produtos com rendibilidade, mas que, igualmente, se preocupam em atingir objectivos ligados a questões sociais e, felizmente, os exemplos começam a ser numerosos.
A título de exemplo, vale a pena destacar as acções da água serra da estrela que, por cada garrafa, fazia nascer uma árvore ou a Delta que, por cada embalagem de Café Delta Timor produzida, enviava 0,25 euros para Timor, revertendo esta quantia para a construção de infra-estruturas de apoio à população, construção de escolas e fornecimento de equipamentos e materiais escolares.
Por fim e não menos importante, importa referenciar a marca Swatch que, com edições especiais como o “Swatch Mundo Perfeito”, “Swatch Ursinhos / Casa do Gil”, “Swatch Fraldinhas”, “Swatch a Escola” entre outros, ajuda outras instituições não lucrativas a construir casas e centros de acolhimento para crianças carenciadas.
No entanto, esta estratégia tem vindo, por vezes, a ser alvo de crítica, pelo facto de algumas empresas poderem não agir em consciência, mas com o único propósito da venda e da redução fiscal proporcionada pela Lei do Mecenato. Apesar dos benefícios que estas acções possam proporcionar às empresas, pelo facto de se ajudar as pessoas carenciadas, será uma estratégia de louvar pela sua consciência social com princípios, meios e fins!
Cristela Bairrada sugestao.fordoc@gmail.com
Associação Nacional de Jovens Formadores e Docentes (FORDOC)