A “Velha Tileira”, situada junto à igreja paroquial de Oliveira do Hospital, e considerada uma árvore de interesse público do concelho oliveirense não resistiu ao mau tempo e acabou por cair ontem. A árvore, cuja idade se perde no tempo, era a maior tília do país e inspirou mesmo um poema do poeta local Adelino da Costa Gonçalves.
“Era uma árvore centenária, classificada pelo ICNF, uma árvore de interesse público e também considerada como a maior tília do país. Era um símbolo de Oliveira do Hospital”, referiu ontem o presidente da Câmara Municipal em declarações à rádio Boa Nova. José Francisco Rolo salientou ainda o facto de a queda da árvore não ter causado qualquer dano material ou provocado ferimentos em alguém “dado que este é um local de passagem e tem gente que vem à igreja ou à catequese”. “Podia ter sido muito grave”.
José Francisco Rolo referiu que a árvore foi alvo há 15 dias de uma vistoria do ICNF que concluiu que não era necessário abater e que se poderia realizar uma intervenção no muro ao lado da árvore. “Nada fazia prever isto. “Agora resta-nos fazer uma reorganização paisagística que poderá passar pela transladação de uma árvore”, sublinhou, enfatizando que a “Velha Tileira” era um símbolo da paisagem e da literatura de Oliveira do Hospital.
Poema:
(…)
Aquela velha Tileira
Que em chegando o Outono,
Se despe ingenuamente
E fica nua, fica triste,
Dando o corpo ao seu dono.
A sua bela folhagem,
Tudo que tem de melhor,
Que seria até vaidade.
E continua despida
Quando o inverno aparece,
Resistindo à investida
Dum tempo que não merece,
Mas logo que o tempo passe
E a Primavera aproxima,
Sua carícia de sol,
Ela, a nobre Tileira,
Farta de estar inativa,
Dá de vez sua primeira
Sensação de reanimar.
Quer voltar a ser menina,
Quer voltar a casar,
Que a sua flor pequenina
Tem arte até de curar.
Aquela velha Tileira
(…)
(Adelino da Costa Gonçalves)