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A Comissão de Melhoramentos de Meda de Mouros, concelho de Tábua, homenageou, no passado dia 17 de Setembro, dois baluartes do seu progresso (Salvador Pereira Nunes da Costa e Luís Martins Castanheira), da altura em que as colectividades regionalistas tinham o papel de substituir as autarquias locais, com a abertura de caminhos e a sua pavimentação, o abastecimento de água, electrificação, a criação de casas do povo, tendo também a cultura um papel primordial, como aconteceu com Meda de Mouros, com a criação de um Rancho Folclórico. E para que estas benesses acontecessem era graças à realização de piqueniques e outras festas locais, cujos resultados financeiros revertiam para fazer fase a esses melhoramentos.
Não esquecendo o grande bairrista José Borges de Carvalho, cujo nome está ligado à maior parte dos melhoramentos citados, bem como a Cooperativa dos Olivicultores de Meda de Mouros e outros medademourenses que se distinguiram ao longos dos anos, cujos nomes fazem parte da toponímia da localidade, e dentro deste prisma, foram reconhecidas agora mais duas figuras notáveis da povoação: Juiz-Conselheiro Jubilado Dr. Salvador Pereira Nunes da Costa, felizmente ainda entre nós e Luís Martins Castanheira, infelizmente já não fazendo parte da nossa comunidade.
Foi uma festa de reconhecimento bastante saliente, tendo como palco a memória da comunidade, que é o Museu Etnogrático, fundado e mantido pela Comissão de Melhoramentos, cujos impulsionadores foram José Gouveia, cujo espaço tem o seu nome e posteriormente do então presidente da Comissão de Melhoramentos Guilherme Preta, ainda entre nós.
As palavras do homenageado Dr. Salvador Pereira da Costa, que até há pouco pertenceu aos corpos sociais da Comissão de Melhoramentos, salientou essa força que sempre alimentou os medademourenses a fazer de Meda de Mouros a povoação mais progressista do concelho de Tábua e da região e agradeceu o gesto ali patenteado.
Também Luís Martins Castanheira, foi um defensor da sua terra, não só com o seu trabalho, mas também com os escritos que publicava na imprensa arganilense, particularmente no «Jornal de Arganil», todos eles alertando o que no seu tempo era necessário mais algum melhoramento. Não falando na sua veia de versejar, cujas quadras tinham sempre como final o apego que dedicava à sua terra e as palavras deixadas pelo seu neto João Manuel, reflectem bem o amor que o seu avô dedicava à terra do seu coração.
Esta festa de reconhecimento, que foi enriquecida com o grupo de fados de Coimbra, «Os Pardalitos do Mondego», foi culminada com um almoço de convívio, onde participaram mais de 150 pessoas, sendo grato ver também entre os convivas o quase centenário Elísio da Costa Moura, o presidente da Junta de Freguesia e seus pares, João Moura, bem como o vereador camarário David Pinto, que em nome do presidente Ricardo Cruz, que, entretanto, tivera de se ausentar, reconheceu que aquele era um momento de grande sentimento de uma comunidade para com os seus filhos, que tanto lutaram e lutam ainda pelo progresso de Meda de Mouros, “sendo reflexo a memória que fica à mostra de toda a gente, através do Museu”.
Também a presidente da direcção da Comissão, Vera Lúcia Martins Oliveira, uma jovem que com outras jovens fazem parte da direcção, também reconheceu a importância do Museu que honra a sua terra, agradecendo ao antigo correspondente do «Jornal de Arganil, Manel da Quinta, com o título «Fagulhas de Meda de Mouros», que desde as décadas de 80 e 90, particularmente, muito escreveu sobre o que se passava na nossa terra e por isso agradeceu a sua oferta desses escritos ao Museu, os quais também enriquecerão a comunidade.
Recorde-se que a Comissão de Melhoramentos foi fundada em 1947 e em 1986 foi considerada Instituição de Utilidade Pública.
JOSÉ TRAVASSOS DE VASCONCELOS
