Home - Opinião - Não há bela… Autor: Fernando Roldão

Não há bela… Autor: Fernando Roldão

Não há bela sem senão, diz o povo na sua empírica sabedoria, adquirida ao longo da vida.

Experiencias vividas, observação dos fenómenos, análise dos mesmos, mas sem teorias ou métodos científicos, que consubstanciem esta frase ou ditado.

No seu substrato podemos concluir que a perfeição não existe, ao contrário do que afirmam certos comentadores, influenciadores ou idiotas, julgando-se sábios, pois para eles e pelas suas opiniões, esta existe e se dissermos o contrário das suas tiradas intelectuais, somos catalogados na secção dos ignorantes ou afins.

As coisas ou pessoas bonitas, têm sempre algo que não lhes permitem serem isso.

Vou dar um exemplo que já se tornou diário e omnipresente; as tampas das garrafas de água, refrigerantes e similares, bonitas, vistosas, mas com a tampa agarrada, nada prática, ou seja o tal senão que prova o sentido da frase.

Quantos de nós já circulámos atrás de uma mulher cheia de curvas, com roupa a condizer, andar sensual, mas quando passamos por ela e a olhamos de frente, soltamos um ora bolas!

Obviamente que aqui,  o “ora bolas”, não é nem mais nem menos do que o tal “senão”.

A volta a Espanha em bicicleta, pela segunda vez na sua existência, se iniciou em Portugal, para satisfação de milhares de portugueses, acrescido do facto de fazerem parte do pelotão, bons atletas portugueses, o que mobiliza muito mais pessoas para os “palcos” das estradas.

Dizem os organizadores deste evento que é para dinamizar o turismo em Portugal, dado que as transmissões foram efectuadas para mais de 160 países, dando a conhecer, ainda que fugazmente, o nosso país, a zona centro e algumas bermas com ervas bem crescidas.

Todo o aparato, porque não dizê-lo, virou um circo e aqui voltamos â bela sem senão, passando pela falta de granito para o TGV, que tem que ser “importado” de Espanha?!

Ao olharmos o desfile das forças policiais, muitas dezenas de motos e viaturas, chegámos à conclusão que estamos num país rico que preserva a segurança dos seus cidadãos.

Qualquer um de nós que viu passar os ciclistas, chegará à conclusão de que com metade dos efectivos, o trabalho final seria idêntico, com menos custos, mas menos vistoso.

Há uma imediata relação entre o facto de falta de pessoal e a super produção a que todos nós assistimos, pois, por vezes precisamos da ajuda e a resposta chega, invariavelmente com a justificação de que não temos pessoal disponível.

A culpa não é dos militares, que executam, mas sim de quem planeia, por isso, pede-se a maior contenção nos custos em tempos de vacas muito magras.

Dizem os organizadores que o fizeram em nome da promoção do turismo e da divulgação do nosso país no exterior.

Impõe-se fazer uma pergunta; então os milhões que se gastaram no passado para o mesmo efeito, foram gastos inúteis para precisarmos assim tanto e logo agora, de promover o país?

Foram muitos milhões gastos nesta promoção, denominada “La Vuelta”, que todos estamos a pagar, directa ou indirectamente e que, afinal, irão beneficiar quem?

Em condições normais de estabilidade financeira, nada a objectar, mais a mais, num período em que o país anda de mão estendida por essa Europa fora, com uma divida descomunal, acho que não faz muito sentido.

A tal mulher, muito vistosa, com roupas emprestadas, verniz nas unhas, a condizer com a indumentária, com a finalidade de esconder o lixo das mesmas?

O homem nu, segundo alguma imprensa, que corria na frente do pelotão e que provocou uma queda com algum aparato, deu uma imagem real do país, onde parece não haver dinheiro que chegue para comprar roupa e onde a segurança não funcionou?

Dizem que se gastaram dois milhões numa caravana com mais de três mil pessoas, se juntarmos os quatro milhões da visita papal, mais quatro milhões nas gémeas brasileiras, eu faço uma pergunta; de onde vêm estes milhões todos?

Os reformados que foram ver passar as forças policiais, os carros publicitários e os ciclistas, pensaram, mas não o disseram; ali vai a minha reforma!

Claro que há muitos outros milhões por aí a voar, que ninguém consegue localizar por falta de GPS, localizador ou então demasiado vento que os fez esvoaçar.

Sou a favor do apoio ao desporto e à cultura, mas sem tanto aparato esbanjador, o que só me faz concluir, que realmente não há beleza sem senão.

 

Autor: Fernando Roldão

Artigo escrito pelo antigo acordo ortográfico

 

LEIA TAMBÉM

Vacinação sazonal: a sua melhor proteção. Autora: Jéssica Silva

A Campanha de Vacinação Sazonal de 2024-2025 arrancou no dia 20 de setembro. É a …

Incêndios florestais / Rurais voltam a atacar. Mais prevenção de facto e menos propaganda, é preciso! Autor: João Dinis

Diz o Povo na sua sabedoria de experiência feita que “mais vale prevenir que remediar”.  …