Só pode ser assim! Bem, nós vamos vendo jogos de futebol pela televisão e as bolas de jogo continuam a parecer redondinhas. Todavia, também parece que, na realidade, as bolas andam a rolar mas quadradas. Não tanto pela falta de jeito dos jogadores em lidar bem com elas mas, mais, devido às muitas lesões que estão a afectar demasiados deles, desde logo nas principais equipas da nossa tribo do futebol. Sim, chutar bolas “quadradas”, que devem ter bicos, é, certamente, mais duro e “perigoso” para o físico do que chutar em bolas redondas…
De facto, está a ser impressionante, e também alarmante, a série contínua de lesões de jogadores da bola que até são profissionais desde muito cedo. Entretanto, de hoje em dia, os principais Clubes têm meios técnicos bastante especializados no acompanhamento do desempenho físico e mental dos seus atletas. Por outro lado, diga-se, jogadores lesionados não servem os interesses desportivos e financeiros dos mesmos Clubes…e dos empresários desses jogadores…
Então que estará a acontecer e que contribui objectivamente para uma tal razia de lesões em atletas que é suposto serem-no em alta competição e para isso devidamente preparados?
Creio que a principal causa da situação, verdadeiramente crítica, radica no muito elevado número de jogos, e de jogos competitivos, muito concentrados em várias competições e no tempo, sem espaços temporais necessários à recuperação física – tempos de descanso embora em recuperação activa – entre esses jogos. Aliás, são cargas e ritmos intensivos que começam a ser impostos desde os escalões da chamada “formação” (profissionalizante) e que apanham, e “esticam e enchem”, os (muito) jovens futebolistas em fase de crescimento e consolidação de tendões, cartilagens e músculos. Sim, são muito precoces e concentrados os grandes esforços físicos e mentais.
Acresce que também se acumula o nível de “stress” competitivo e mesmo o receio em sofrer lesões como os jogadores estão fartos de ver acontecer em colegas de profissão. Eis pois o “caldo de cultura” onde se prepara todo um contexto a levar ao que acontece com tanta lesão acumulada.
Sim, é o “negócio da bola”…é o “negócio da bola“…a ditar as suas (más) leis!
Claro que tais níveis de exigência contínua, ou ainda mais, também são exigidos aos Clubes de topo em Espanha, em Inglaterra, na Alemanha, para citarmos apenas estes. Não tenho conhecimento esclarecedor sobre a incidência de lesões nos jogadores mais usados por lá. Talvez que a rotatividade entre eles seja frequente o que alivia as cargas e os riscos. E qualquer dos grandes emblemas internacionais dispõe de um “banco” capaz de enfrentar, de igual para igual, o onze dito dos mais efectivos ou seja, estão à vontade para rodar e voltar a rodar os seus “activos”, os jogadores, mantendo níveis exibicionais de topo… Todavia, também creio que, nesta época, os baixos níveis competitivos de equipas como o Manchester United e o Manchester City também se ficam a dever ao excesso de cargas físicas e mentais a que os seus principais jogadores têm sido sujeitos que eles não deixaram de saber jogar de um ano para o outro, sendo que o City até mantém o mesmo grande treinador…
Acontece que, entretanto, o “aperto” está montado. Para fazer face às despesas brutais que as principais competições futebolísticas acarretam aos principais Clubes, estes têm que se abalançar aos fortes e acumulados ritmos dessas competições. Claro que as acrescidas (sobre)cargas de esforço intenso e de impactos muito físicos recaem sobre os jogadores, nomeadamente durante os desafios a ritmos de dois jogos em competição por semana e até mais, continuamente.
Porém, para os Clubes de topo poderem pagar os (altos) vencimentos que, em média, pagam aos seus futebolistas profissionais, então esses jogadores ficam sujeitos às muito grandes exigências físicas e mentais desta alta e intensiva competição.
Para obter receitas mais significativas, então tem que haver muitos jogos…a transmitir pelas televisões…para enquadrar as apostas desportivas…para aumentar as receitas nos estádios…para acumular tais receitas e reduzir défices até por causa do tal “fair-play” (jogo justo) financeiro – redução da diferença entre receitas e despesas – imposto pela UEFA, União das Associações Europeias de Futebol.
Ou seja, há que jogar…há que jogar…desafios, duas vezes por semana…nem que os futebolistas “rebentem” como está a acontecer. Esta intensidade exagerada está a selecionar não os melhores jogadores de futebol – os mais habilidosos – mas, sim, os super-atletas a envolver.
Enfim, Cristiano Ronaldo continua sendo dos melhores enquanto, aos 40 anos, se mantém um super atleta. Mas é excepção em ambas estas suas valências. É pena não jogar no Benfica que Di Maria é um dos melhores futebolistas mas não é já um super atleta como também já o não é o Otamendi, também ele um grande jogador. Vamos lá a ver como acaba isto…
Que o melhor do futebol são os jogadores da bola!
Autor: João Dinis, Jano