A indústria de confecções que, durante várias décadas, foi responsável pela criação e manutenção de largas centenas de postos de trabalho, está em final de ciclo. É a lei da vida, pois como dizia o poeta “nada é eterno, tudo é efémero”…
Num futuro próximo – nesta matéria temos que ser muito realistas, pois já passámos demasiado tempo a enterrar a cabeça na areia –, é muito previsível que o sector continue a entrar em colapso e a lançar muito mais gente no desemprego.
O problema é que estamos a falar de uma geração de desempregados que, a curto prazo, não é fácil de reconverter por razões que se prendem com aspectos ligados a um tipo de mão-de-obra muito pouco qualificada e com poucas aptidões profissionais.
Na alvorada dos anos 90 – já lá vão 20 anos, praticamente –, o antigo presidente da Câmara, César Oliveira, ‘deu-me’ uma entrevista onde esmiuçámos vários problemas relacionados com o futuro de Oliveira do Hospital. César era um homem muito preocupado com as questões ligadas ao desenvolvimento e, como homem inteligente, tinha a particularidade de antever o futuro. Então, a resposta foi a que passo a transcrever: “Se um dia há crise nas confecções, há crise em todo o concelho”. Infelizmente o prognóstico está a confirmar-se, mas também ninguém tentou travar a evolução da doença, chamemos-lhe assim. Apesar do diagnóstico precoce, a doença progrediu…
Também numa entrevista que Álvaro Cunhal nos concedeu, em Setembro de 1991, o antigo líder do PCP não hesitou em afirmar que o “made in China” era uma “praga” que podia “destruir a frágil indústria têxtil em Oliveira do Hospital”. Infelizmente, a sua perspectiva estava certa. E mais do que o “made in China”, hoje temos o “made in Tunísia” ou o “made in Marrocos”. É tudo uma questão de mão-de-obra barata, que dificilmente poupa a indústria cujo tecido produtivo assenta na mão-de-obra intensiva.
E Agora?
Agora, o que importa é fazer o que a dirigente sindical Fátima Carvalho sugere precisamente nesta página, quando afirma que não podemos ficar a olhar para a desgraça sem fazer nada, e é preciso trazer Oliveira do Hospital para o centro das preocupações no sentido de – com um trabalho contínuo – se encontrarem soluções.
P.S: Tenho lido nos fóruns de discussão da edição digital deste jornal alguns comentadores a criticarem o facto de a Câmara Municipal não ter hasteado – conforme lhe competia – a bandeira de Portugal no feriado de 1 de Dezembro, dia da restauração da independência. Foi um facto que nos escapou, mas ao qual coerentemente nos associamos nas críticas. Recorde-se que semelhante “gaffe”, no dia 25 de Abril de 2006, gerou um enorme burburinho na classe política local.
Deixo, no entanto, uma sugestão ao presidente da Câmara: À semelhança do que fazem os espanhóis e muitos municípios portugueses, o melhor é mandar içar as bandeiras em todos os edifícios públicos do concelho e durante todo o ano. Resolvem-se este tipo de problemas!