Correio da Beira Serra

O dedo na ferida…

Se fosse em horário escolar, ninguém sabe ao certo quais teriam sido as consequências de tão insólito acontecimento. Poderíamos – inclusivamente – estar aqui a lamentar uma tragédia.

Primeira pergunta sobre este facto: alguém já tratou de apurar responsabilidades, ou a culpa vai morrer solteira? Inclino-me, desde já, para a segunda hipótese.

Mas este episódio de Galizes, é um caso exemplar quanto à forma como a câmara municipal vem lidando ao nível das suas prioridades de investimento.

Dito de outro modo: como é que é possível um executivo municipal gastar uma “pipa de massa” num parque de estacionamento, onde cada um dos 74 lugares custa ao erário público cerca de 10 mil euros, e ter um parque escolar com as deficiências que se conhecem?

Será que 74 automóveis têm mais importância que 35 crianças que frequentam uma escola sem o mínimo de condições, e cuja construção remonta ao Estado Novo?

Claro que tudo isto é uma estupidez… Esventrar a mais emblemática zona da cidade para fazer uma “garagem” subterrânea, que ainda por cima jamais resolverá os problemas de estacionamento da cidade, não passa, efectivamente, de um acto de má gestão de dinheiros públicos.

Não tenho dúvidas nenhumas em afirmar – conheço a realidade – que, actualmente, têm melhores condições de ensino, sob o ponto de vista das infra-estruturas, as crianças da pequena aldeia de S. Martinho da Cortiça, no concelho de Arganil, do que os alunos que frequentam a Escola Básica da cidade de Oliveira do Hospital. Quem tiver dúvidas, desfaça-as no local.

Numa altura em que o Quadro de Referência Estratégico Nacional (QREN) tanto dinheiro disponibilizou para a construção de centros escolares, Oliveira do Hospital foi dos poucos municípios da região que menosprezaram a oportunidade. Enquanto os nossos vizinhos estão a construir modernos e bem equipados centros educativos, nós estamos a fazer uma espécie de “implante” na principal escola da cidade.

Basta fazer uma incursão pelos municípios de Seia e Arganil – não é preciso muito combustível – para se perceber quais vão ser, já nos próximos anos lectivos – na área da Educação –, as nossas assimetrias com os concelhos vizinhos.

São prioridades. E cada município tem as suas!

henriquebarreto@correiodabeiraserra.com

 

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