Home - Opinião - O Pinheiro “executado” a motosserra em Vila Franca da Beira. Autor: João Dinis

O Pinheiro “executado” a motosserra em Vila Franca da Beira. Autor: João Dinis

Não estava seco – brotava resina de troncos e ramadas – o Pinheiro centenário, condenado à morte e executado a motosserra, a mando de Câmara Municipal de Oliveira do Hospital e de Junta de Freguesia da União de Freguesias de Ervedal e Vila Franca da Beira, em espécie de parceria com a E – REDES todo-poderosa.

Um abuso de poder e um desrespeito pela Natureza, por Vila Franca da Beira e pelos Vilafranquenses.

 “- Já Pinheiro não sou –

– Ao fogo meu corpo vai parar

desfeito  em chamas, em fumo,

– em cinzas e nada!

Aqui me despeço de Vós,

Vilafranquenses de hoje e Vossos Avós !”

Pois, pois, fora eu um Bocage e já teria feito vários poemas em homenagem ao Pinheiro  “assassinado” a 3 e 4 de Junho de 2024.   E a denunciar o abate, sem hipótese de apelo, de um símbolo da Povoação !   E a “malhar”, com muitos adjectivos, nos mandadores desta violação praticada sobre uns 200 anos de vida!

Já se disse e se reafirma que foi com desagradável surpresa que demos conta da “Informação” – com data de 27 de Maio – proveniente da Junta de Freguesia e segundo a qual o Pinheiro (manso), um símbolo (ex-libris) de Vila Franca da Beira, ia ser abatido a 3 e 4 de Junho.  O pretexto era a alegada secura da Árvore e as alegadas más consequências que daí podiam advir.

De imediato, solicitámos a Câmara Municipal e a Junta de Freguesia que suspendessem o abate do Pinheiro pelo menos até que os Vilafranquenses fossem ouvidos sobre o assunto, o que as Entidades envolvidas poderiam ter feito, e facilmente, caso assim o quisessem.   Até porque, também referimos, não era assim tão óbvio o estado degradado da Árvore onde “apenas” uma grossa pernada de facto estava seca mas que poderia ser removida.

Porém, a única resposta foi o abate puro e duro tal como tinham decretado em prazo tão curto !   Afinal porquê tanta pressa e tanta precipitação ?!…

Até porque para fazerem aquilo que mais lhes compete fazer, as mais das vezes,  Câmara e Junta tardam e retardam em agir no terreno !  Mas neste lamentável caso foram até rápidas demais.  Repete-se, porquê afinal ?

Sim, neste caso do abate do Pinheiro, os mandantes agiram dentro daquele pensamento estilo:- “Tenho ali na minha quinta, um pinheiro a secar e vou lá cortá-lo pra lenha”…  Não !   Saibam que Vila Franca da Beira não é “quinta” de quem quer que seja, e ainda menos é da E-REDES !

O apelo e o alerta foram feitos por nós e ainda a tempo !

Entretanto, o apelo e o alerta foram feitos, embora sem obterem a correspondente resposta no sentido de ser suspenso o abate.  Assim, Câmara e Junta de Freguesia não quiseram respeitar os Vilafranquenses e os seus legítimos e mais democráticos direitos bem como este seu Património Natural de facto !

E a 3 e 4 de Junho, os troncos do Pinheiro retraçados a motosserra, brotaram resina como sangue grosso e esbranquiçado. Mostraram claramente o “cerne” que continuavam a ter.  Nós fomos lá vê-los antes de os “esconderem” de nós… E agora guardamos o registo também sensorial da imagem daquela  Árvore que tão altaneira fora e o cheiro forte da sua resina  sangrada dos seus troncos súbito estraçalhados !

Não, agora, já não há remédio !  É lamentável !

Por tudo isso, chora a nossa Alma de Vilafranquenses! E connosco choram também algumas gerações de Vilafranquenses que nos antecederam !  E também estamos indignados !   Mas a vida e a luta continuam !

 

 

João Dinis, Jano

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