Começa este mês a temporada das feiras do queijo. O protagonista, como sempre, é o queijo e quem o produz. Os pastores, as pastoras, os queijeiros, as queijeiras e todos os agricultores, no geral, são agora lembrados. Como se fosse o momento de os recordar, para depois os esquecer.
Todos os anos acontece o mesmo.
Há cada vez menos pastores, menos ovelhas das raças da Serra da Estrela e, por consequência, menos leite. Ainda assim, continua a surgir muito queijo proveniente da região. De onde vem esse leite?
Será isto justo?
Porque é que os pastores e as queijeiras se queixam constantemente? Se os apoios aumentam, porque não chegam a quem faz o trabalho mais duro?
É tempo de pôr fim à burocracia que sufoca quem quer produzir bem e receber um preço justo. Só assim a qualidade melhora e a quantidade pode crescer.
A própria organização das feiras deve ser regulamentada, evitando que coincidam e garantindo a distinção entre o verdadeiro queijo Serra da Estrela e os restantes. Estes últimos não deixam de ser produtos de qualidade, mas devem ser claramente diferenciados.
Os pagamentos diretos aos produtores devem ser constantes ao longo do ano, tal como o acesso gratuito às certificações.
Para haver queijo hoje, houve trabalho todo o ano.
Os pastores e as queijeiras têm de ser lembrados sempre, e não apenas exibidos nas feiras, como troféus.
Autor: Nuno Pereira