Home - Outros Destaques - “O título [de campeão nacional Sub-23] foi uma surpresa e é um enorme motivo de orgulho para esta cidade e para região do interior”

“O título [de campeão nacional Sub-23] foi uma surpresa e é um enorme motivo de orgulho para esta cidade e para região do interior”

Jorge Gouveia foi campeão nacional de Enduro em 2003 e 3010, mas, como a paixão dos filhos foi para o hóquei em patins, acabou por ser arrastado para a presidência do OH Sports, uma colectividade que nasceu para acolher a patinagem proveniente do FC Oliveira do Hospital. O clube no primeiro ano superou as expectativas: sagrou-se campeão nacional de Sub-23 e ficou muito perto de conseguir a subida à II Divisão, algo que não conseguiu alegadamente “devido a coisas estranhas”. Jorge Gouveia assegura que se contasse apenas a qualidade apresentada no rectângulo de jogo, o OH Sports tinha sido promovido. “Somos novos nisto e há coisas que se fazem nos bastidores que não controlamos e sofremos”, conta, adiantando que o número de praticantes está a crescer e o pavilhão municipal começa a ser curto. E sobre o título de campeões nacionais Sub-23 diz que “foi um trabalho árduo, mas notável”.

CBS – Qual o balanço que faz desta primeira temporada competitiva do OH Sports?

Jorge Gouveia – É um balanço positivo. Conseguimos quase todos os objectivos que estavam traçados. Mas existe também um sentimento agridoce.  Se por um lado fomos campeões em Sub-23, por outro não conseguimos subir à II Divisão em seniores. E esse era outro dos nossos objectivos. E não foi por falta de capacidade.

Foi por culpa das arbitragens e da relação de forças que existe na modalidade?

Se a subida dependesse apenas da qualidade apresentada dentro das quatro linhas o OH Sports seria promovido. O problema é que nem tudo se decide no rectângulo de jogo. Somos novos nisto e há coisas que se fazem nos bastidores que não controlamos e sofremos as consequências. Em 26 jornadas perdemos dois jogos, empatámos cinco e ganhámos os restantes. Somos a única equipa de todos os campeonatos nacionais de Portugal, Espanha e Itália que conseguiu uma diferença de 100 golos entre os marcados e sofridos. É incrível. Isto quer dizer alguma coisa. E ficámos a três pontos da promoção.

Mas o que se passou concretamente?

Não posso dizer tudo o que me vai na mente. Para isso é preciso ter certezas e provas. Mas há coisas que foram visíveis. Houve arbitragens que não estiveram bem e que nos condicionaram. Só por isso é que o projecto do OH Sports não foi mais vencedor. Aparentemente, há três ou quatro clubes que mandam nisto tudo. Às vezes até mandam mais que a própria federação.

O OH Sports está a pagar o preço de ser uma equipa do interior que obriga os adversários a viagens cansativas e pouco agradáveis?

Estamos a pagar isso, claro. E de várias formas. As equipas queixam-se que têm de vir aqui. Dizem que é demasiado longe e dispendioso. Mas eles fazem isso uma vez por ano, nós temos de fazer isso de 15 em 15 dias. A verdade é que há clubes que, se pudessem, vetariam de imediato o OH Sports. Mas o facto de sermos do interior também leva a que tenhamos menos patrocínios. O trabalho que estamos a desenvolver só é possível devido ao apoio do município que é o nosso maior patrocinador. Sem esse apoio não poderíamos desenvolver este trabalho. Mas não lhe podemos pedir mais e o que temos é pouco, porque queremos ir mais longe. É importante que as empresas e os nossos parceiros percebam que tudo isto é um investimento no futuro. As empresas da região devem sentir orgulho e apoiar um clube que se sagrou campeão nacional. Todos queriam esse título. Mas não foram as equipas do litoral e dos grandes centros que o conseguiram. Fomos nós. O interior também tem campeões. Também tem gente competente.

Ficou surpreendido com o título nacional dos Sub-23?

Sim. Esse escalão surgiu porque tínhamos uma equipa muito jovem de seniores, com uma média de idades de 21 anos, e que nos permitia absorver os jogadores sub-19, um escalão para o qual não tínhamos jogadores suficientes para construir uma equipa. Ser campeão nacional foi uma surpresa e motivo de orgulho para esta cidade e região. Para todo o interior. Estamos a falar de alguns jogadores que jogavam duas vezes por jornada: nos seniores e nos Sub-23. Com viagens sempre de centenas de quilómetros. Foi um trabalho árduo, mas notável.

Como vai ser o futuro?

Estamos a preparar a época. Mas vamos manter o projecto que foi traçado. Teremos uma equipa sénior que vai apostar na subida à II Divisão e uma formação de Sub-23 que vai defender o título, servindo de suporte à equipa sénior e, ao mesmo tempo, absorvendo jogadores dos escalões Sub-17 e Sub-19. Por outro lado, esperamos que outros clubes não venham aqui recrutar os nossos jogadores, porque estes resultados acabaram por chamar a atenção e de os tornar alvos apetecíveis. Foram a primeira equipa dos campeonatos nacionais a sagrar-se campeã nacional. A duas jornadas do fim. Mas acreditamos que este foi apenas o primeiro de muitos títulos nacionais. Este ano sentimos no pavilhão o apoio dos adeptos. Muitos jovens a assistir aos jogos. Foi uma onda que foi crescendo e que vai continuar.

Tendo a formação como o foco principal?

Sim. Apostamos muito e estamos a ter resultados. Os Sub-17 estão a disputar a Taça de Encerramento da Associação de Patinagem de Aveiro e estão a dois pontos do segundo lugar. Os Sub-13 estão a disputar também essa Taça e seguem em primeiro lugar no grupo. Os Sub-11 estão a disputar um campeonato que não é pontuável com equipas do Centro Norte e em oito jornadas temos uma derrota e sete vitórias. São indicadores de que temos aqui capacidade de assegurar equipas competitivas do OH Sports no futuro. Depois ainda temos os escalões Sub-7 e Sub-9, dois escalões que criámos este ano na formação. Tudo isto implica um elevado investimento, até porque fornecemos o material para as crianças praticarem.

Esta conquista do título ajudará a atrair mais jovens para a modalidade?

Penso que mais jovens vão querer praticar hóquei em patins, o que vai de encontro a uma das nossas preocupações que é trazer crianças para as nossas escolinhas. O projecto sempre incidiu sobre a formação e mantemos em curso o projecto “Crescer sobre rodas” em que vamos às escolas e aos jardins de infância com os nossos jogadores e técnicos, levando os patins aos mais novos. Em Junho e Julho, como não há campeonatos, vamos intensificar esse trabalho nos jardins de infância. Mas já temos 40 meninos e meninas nas escolinhas.

Mas também têm a patinagem artística…

Nessa vertente ainda há poucos dias saiu um grupo de nove meninas directamente das escolinhas nove meninas directamente para a patinagem artística, que é a outra vertente da modalidade. A patinagem artística tem agora 49 raparigas.

O pavilhão municipal não é curto para tantos praticantes?

Temos cerca de 140 atletas. Esse é outro problema. O pavilhão não é nosso. É municipal e é ocupado por outras modalidades. Já não conseguimos ter os horários que desejávamos. Vamos fazendo aqui uma gestão rigorosa. A patinagem está a fazer treinos no pavilhão do Agrupamento de Escolas. A formação também vai lá treinar a componente da patinagem uma hora por semana. Mas para o hóquei só pode ser aqui, porque é o único pavilhão do concelho que tem tabelas. Vamos trabalhando com todas as dificuldades que temos e vamos vencendo.

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