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Para todos nós a degradação da saúde não é novidade… Autor: Fernando Tavares Pereira

A degradação dos serviços de saúde não é novidade, mas no interior do país a situação assume contornos mais dramáticos. Nos últimos anos, alguns centenas centros de saúde viram desaparecer serviços essenciais contínuos, incluindo urgências que tanto trabalho deram a implementar a outros políticos, como Cavaco Silva, que passaram pelo poder. A falta destas estruturas leva a uma ausência de triagem e à sobrelotação das urgências dos hospitais centrais. O próprio INEM ressente-se da falta do serviço de urgências próximo das populações. O que levou a esta erosão? Falta de recursos? Más opções políticas? Ou, mais grave ainda, a apatia de quem deveria zelar pelo bem-estar das populações?

Os concelhos de Oliveira do Hospital e Tábua são, como outros do interior, exemplos paradigmáticos. A perda do serviço de urgências foi aceite com um silêncio desconcertante por parte dos responsáveis autárquicos. Quer pelos anteriores, quer pelos actuais. Não houve capacidade, nem vontade para lutar por aquilo que deveria ser um direito garantido. As populações, essas, foram esquecidas.

Vejamos, se ocorrer um acidente grave nestes concelhos, para onde devem dirigir-se as vítimas? Ao Centro de Saúde de Oliveira do Hospital? É duvidoso. Há cerca de três meses, um paciente em estado urgente viu-lhe ser sugerido durante a manhã que regressasse à tarde. Quando voltou, infelizmente foi-lhe dito que já não havia vaga para atendimento. Este é um problema que se regista há alguns anos a esta parte. Infelizmente. Parece absurdo, mas é a realidade.

Curiosamente, perante estes casos, os autarcas socialistas de Oliveira do Hospital e Tábua só se fizeram ouvir quando o Governo mudou de cor. Durante os anos de António Costa, permaneceram num silêncio cúmplice, incapazes de exigir respostas. Agora, multiplicam-se as reivindicações. Oliveira do Hospital conseguiu recentemente uma aparente solução através de um novo acordo coma Fundação Aurélio Amaro Dinis, uma entidade privada, isto precisamente no momento em que se investem milhões de euros do PRR nas instalações do Centro de Saúde. Para quê? Para depois voltar a encerrar quando houver um novo Governo socialista? É que na região com a liderança socialista não só encerraram valências na saúde, mas também na justiça e na educação, entre outros serviços públicos.

A verdade é que, em casos urgentes, os doentes destes concelhos são obrigados a deslocar-se para Seia ou Arganil. O problema não nasceu agora, mas foi agravado pelo imobilismo dos últimos anos. Os autarcas calaram-se e o anterior governo não ligou aos problemas de saúde das pessoas destes concelhos.

Com eleições autárquicas no horizonte, não será esta a altura para os munícipes pedirem responsabilidades? Para questionarem o estado a que chegou a saúde nos seus concelhos? Para perceberem até que ponto os seus representantes se preocupam com o que realmente importa ou, talvez, porque não preocuparam com as necessidades urgentes de tudo quanto se tem perdido numa região onde os serviços já são escassos?

Uma solução possível para mitigar este problema da saúde poderia passar pela união de esforços entre Tábua e Oliveira do Hospital, garantindo pelo menos um serviço de urgências a funcionar alternadamente um mês em cada concelho. Mas será que há vontade para isso?

Fica a questão.

 

 

Autor: Fernando Tavares Pereira

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