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PENSO, LOGO DESISTO

Para garantir um futuro melhor, muitos portugueses apostaram, nos últimos 10 anos, numa formação académica de nível superior. A realidade é que, ao analisarmos o número de diplomados no ensino superior, verificamos que, em Portugal, ao longo desse período de tempo, este valor sofreu um aumento de 45%, o que significa que, só em 2010, 78.609 pessoas terminaram uma licenciatura, mestrado ou doutoramento.

Aludindo ao tema das capacidades humanas no contexto profissional, Gary Hamel, especialista em gestão, criou uma pirâmide, com seis patamares, que explicam o valor de um funcionário dentro de uma organização. No nível mais baixo de todos, encontra-se a obediência que consiste no funcionário cumprir as ordens e fazer o que lhe é pedido. Depois, segue-se a diligência que se resume em fazer uma tarefa unicamente cumprindo os prazos exigidos. Ainda nos patamares mais baixos da pirâmide, encontramos a inteligência técnica que consiste em ter conhecimentos teórico-práticos suficientes para executar o seu trabalho. Neste ponto, importa salientar que estes três primeiros patamares são considerados o básico e que, apenas possuindo estas três características, a qualquer momento, um funcionário poderá ser facilmente substituído, uma vez que este não possui nenhum factor de diferenciação. Por fim, seguem-se mais três níveis, estes sim fundamentais: iniciativa, criatividade e paixão. A iniciativa, tal como o próprio nome nos sugere, consiste em sermos nós próprios a iniciar uma tarefa sem estarmos à espera que alguém nos mande fazer seja o que for. No penúltimo patamar, encontramos a criatividade que se pode resumir a encontrarmos soluções alternativas e diferentes formas de resolver os problemas da organização. Por fim, a cereja no topo do bolo, consiste em sermos apaixonados pelo trabalho que fazemos dando sempre o melhor de nós próprios.

Considerando a relevância desta pirâmide, a verdade é que a grande maioria dos estudantes apenas se preocupam em trabalhar ao longo da sua formação os três primeiros patamares esquecendo-se de trabalhar as suas capacidades ao nível da iniciativa, criatividade e paixão. Talvez seja esse um problema a ser trabalhado pelas escolas e universidades que muitas vezes apenas se preocupam em injectar conhecimentos teóricos sem despertar paixões.

A verdade é que nos deparamos diariamente com uma geração de diplomados onde o facilitismo e o gosto por não fazer nada impera…. Estamos, sem dúvida alguma, perante uma geração que, mesmo sendo diplomada, não deixa de ser muitas vezes uma geração rasca e à rasca. Quantos conseguem colocar no seu curriculum vitae algo que vá para além do seu diploma ou quantos conseguem num primeiro emprego provar que vão realmente para além dos patamares básicos definidos por Gary Hamel? Por mais que queira responder a esta pergunta, muitas vezes penso, penso, penso, mas logo… desisto!

Cristela Bairrada
sugestao.fordoc@gmail.com
Associação Nacional de Jovens Formadores e Docentes (FORDOC)

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