Fátima, que já tinha trabalhado com Mendes no órgão executivo da EBI da Cordinha, ambientou-se bem nos corredores dos Paços do Concelho e assessorou o antigo compagnon-de-route de Mário Alves até 2005, ano em que José Carlos Mendes bate com a porta e – depois de algumas ameaças de demissão do executivo, graças a algumas incompatibilidades com o presidente – decide não se recandidatar às autárquicas desse ano. Alves ainda insistiu para que o seu antigo vice-presidente voltasse a ocupar o segundo lugar da lista do PSD, mas Mendes manteve-se firme e afastou-se.
Vendo-se com algumas dificuldades na elaboração da lista candidata às autárquicas de 2005, Alves socorreu-se então de Fátima Antunes, que não rejeitou o convite para integrar o terceiro lugar da lista. Hoje, tem sob a sua alçada os pelouros do Ambiente e Qualidade de Vida, Cultura e Educação.
Em 2006, ano em que António Duarte – pessoa com quem Fátima Antunes mantém uma relação conjugal – é demitido de chefe de gabinete de Mário Alves, a vereadora da Educação esteve à beira de um verdadeiro ataque de nervos e terá chegado a temer o seu futuro político. Porém, tal não aconteceu e Fátima manteve-se de pedra e cal no executivo, até porque também dispunha de um grande trunfo: Se Mário Alves ousasse retirar-lhe os pelouros, Fátima poderia transformar-se numa espécie de fiel da balança e contribuir para que o executivo do PSD perdesse a maioria e começasse a balançar ao sabor do seu voto. Mas não foi isso que aconteceu e nem sequer se adivinha que possa vir a acontecer. Fátima Antunes, parecendo ter-se abstraído das quezílias que vêm envolvendo o presidente e o seu companheiro, optou por privilegiar a preservação do lugar de vereadora, criando assim um novo ditado popular: “Entre a política e a mulher, não metas a colher”! Aparentemente, assim tem acontecido: Fátima divide o seu tempo com Mário Alves e um dos principais inimigos políticos do presidente, António Duarte. Não será difícil de imaginar a insónia que tal facto provocará ao chefe do executivo, que ainda por cima se debaterá com questões de eventual quebra de sigilo autárquico.
Mas como o importante é levar o barco até terra e, de preferência, sem mais náufragos, Mário Alves até vai elogiando a capacidade de trabalho da sua vereadora e, ainda recentemente, a comparou a uma formiguinha que fura os caminhos todos. Fátima sorri, mas só Deus sabe o abismo que irá dentro da sua pessoa.
E o futuro? O futuro de Fátima Antunes, uma vereadora que, de forma simpática, declina sempre qualquer contacto formal com o Correio da Beira Serra, deverá estar sempre ligado ao desfecho das eleições internas do PSD – um partido onde nunca militou.
Henrique Barreto