Correio da Beira Serra

Presidente da câmara quer pôr ponto final na polémica da localização da ETAR de Alvoco das Várzeas

 

O presidente da Câmara Municipal de Oliveira do Hospital (CMOH) enviou recentemente uma carta à Assembleia de Freguesia de Alvoco das Várzeas onde explica que a deslocalização da ETAR para a zona da Regada – os trabalhos encontram-se suspensos desde setembro deste ano – não tem viabilidade.

A informação foi prestada por José Carlos Alexandrino, sexta-feira, na Assembleia Municipal, e surgiu em consequência de uma intervenção do deputado municipal dos independentes, José Vasco de Campos, que se referiu à existência de “um estudo – “encomendado” pelo movimento de cidadãos intitulado “Salvem Alvoco das Várzeas” – onde se comprova que é possível deslocalizar” aquele equipamento “sem custos adicionais”.

“O projeto não é exequível e a hipótese da Regada é uma hipótese afastada”, garantiu no entanto o presidente da CMOH, sublinhando ter sido essa a informação que lhe foi comunicada pelo próprio presidente do conselho de administração da empresa Águas do Zêzere e Coa (AdZC), Miguel Ferreira, e adiantando ainda que aquela solução representaria um acréscimo de custos na ordem dos 450 mil euros.

Frisando que a câmara municipal “não é a dona da obra”, Alexandrino disse ter feito tudo o que estava ao seu alcance para encontrar “uma solução de consenso”, mas explicou que “a melhor solução de todas”, que passava por transferir a ETAR para junto do talude da estrada nacional, minimizando assim o impacto visual da obra na paisagem, não é exequível em virtude de o proprietário não querer alienar o terreno.

“Não posso continuar a ter esta decisão suspensa”, referiu o presidente da câmara, observando que apesar do “grande respeito” que nutre pelo movimento que se tem vindo a insurgir contra a localização da ETAR na “sala de visitas” de Alvôco das Várzeas, também sublinha que a assembleia e a junta de freguesia locais, que vêm protestando contra a suspensão dos trabalhos, “foram eleitos pela população”.

Recordando que “quando o movimento alerta para a situação, a obra já estava a ser realizada”, uma vez que o processo foi desencadeado pelo anterior executivo, Alexandrino disse que a solução poderia ter sido outra caso “o problema tivesse sido levantado inicialmente”.

O autarca recuou ainda ao tempo em que andou em campanha eleitoral por Alvôco das Várzeas – nas autárquicas de 2009 –, e disse ter sido o agora deputado municipal dos independentes, José Vasco de Campos, a alertá-lo para o problema dos “esgotos a céu aberto” (ver imagem) na margem do rio Alvôco. Na altura, “ninguém” lhe levantou o problema da construção da ETAR nas várzeas do rio, argumentou.

Insistindo na tecla de que a transferência da ETAR para a Regada é “uma questão de bom senso”, José Vasco – um dos principais rostos do movimento que ganhou força no Facebook – não aceita, porém, a argumentação do presidente de câmara e defende a tese de que o estudo encomendado comprova a inexistência de “custos adicionais”.

Aquele eleito do movimento de independentes “Oliveira do Hospital, Sempre”, sustenta ainda que a construção daquela polémica estação de tratamento de águas residuais, na Regada, não necessita de uma estação elevatória porque – conforme refere – existe a possibilidade de os efluentes serem “transportados por gravidade”.

“Apelo ao bom senso do senhor presidente da câmara porque, se estivesse no nosso lugar, também estaria a fazer o mesmo”, afirmou ainda aquele deputado municipal, que para além de vincar que está em causa “um grave atentado à paisagem”, sugeriu ainda que o estudo fosse realizado por “uma entidade independente”

Reagindo àquelas declarações, o presidente da junta de freguesia de Alvoco das Várzeas chegou a afirmar que nunca encontrou “bom senso” no grupo de cidadãos que se opõe à localização daquela infraestrutura. “A deslocação da ETAR para a Regada atravessa três linhas de água… a regada também é uma várzea e também há um impacto paisagístico”, disse Agostinho Marques na assembleia municipal.

O autarca do PS considerou ainda que no local onde começou a ser construída a estação de tratamento daquela aldeia ribeirinha “já foram feitas construções que são uma autêntica aberração” e lembrou que em Alvoco das Várzeas “andamos há 15 anos para fazer uma ETAR”.

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