O presidente da Nos garante que não tem mais de dois ou três clientes sem comunicações nas zonas afectadas pelos incêndios do ano passado, e aponta que os problemas existentes se devem a uma empresa associada à PT/Altice (o gigante das telecomunicações que recentemente terá pago o jantar solidário realizado em Oliveira do Hospital durante a Feira do Queijo, evento ao qual se terá associado). “Há uma fraude com a qual os governos e a Anacom têm pactuado”, acusa Miguel Almeida em entrevista ao semanário Expresso.
O gestor especifica que há “fraude” e problemas de concorrência na Fibroglobal, empresa dona de redes rurais no centro do país, onde deflagraram os fogos de 2017. Esta companhia foi comprada por uma empresa alegadamente associada à Altice. Uma “fraude” com a qual as sucessivas administrações da Autoridade Nacional das Comunicações (Anacom) e governos “têm pactuado, com o seu silêncio e inação”, diz Miguel Almeida.
“É preciso perceber porque é que estes clientes continuam sem serviço. Porque grande parte destes locais é servida pela rede da Fibroglobal, que foi paga com dinheiro públicos e que está a ser usada de forma privada. O que constitui uma fraude”, denuncia Miguel Almeida, em declarações ao Expresso.
“São essencialmente clientes cujos serviços estavam assentes na rede de cobre do incumbente [PT, controlada pela Altice]. O que o incumbente faz é propor-lhes a migração para serviços de fibra, com serviços adicionais. Não é já só voz fixa, tentam também vender televisão”, conta o presidente da Nos.
“Podem dar-se ao luxo de o fazer porque não há concorrência. Usam uma rede que foi paga por dinheiros públicos [fundos europeus de 30 milhões de euros] em seu benefício próprio, o que é uma fraude com a qual sucessivos governos, não apenas o actual, e sucessivas administrações da Anacom, não apenas a actual, têm pactuado com o seu silêncio e a sua inacção”, lamenta Miguel Almeida, que acusa ainda a Anacom de “desinformação”.
Altice considera “irresponsável e preocupante” este “ataque grave e gratuito”
“Trata-se de uma entrevista do CEO da Nos sobre a Altice, que indicia a necessidade de ‘fazer prova de vida’. Não conhecendo a nossa empresa é natural que o conteúdo tenha pouca consistência”, reagiu fonte oficial da Altice Portugal em nota enviada aos jornais e da qual dá conta o Jornal de Negócios. A mesma fonte critica ainda Miguel Almeida por “não” abordar “os temas com que a Nos se debate, como a estrutura accionista, transparecendo claramente não estar à vontade com o que pode suceder no futuro”, refere, recusando-se a comentar esta acusação de fraude, embora a considere “irresponsável e preocupante o ataque grave e gratuito feito ao Governo português e ao próprio regulador”. “Quando der uma entrevista sobre a Nos talvez possa dizer o que pensa”, refere, sublinhando ainda que é estranho “que recebendo do Estado e, portanto, dos contribuintes, quase dez milhões de euros pelo contrato de serviço universal, apenas tenha responsabilidade por dois ou três clientes”, conclui.